Se nos campeonatos profissionais e de juniores, realizados no Paraná, existe a preocupação dos clubes de atender as exigências da lei e ter ambulância e desfibrilador; nos campeonatos amadores a realidade é bem diferente. A exigência e cuidados são deixados quase de lado e ficam à mercê da sorte, bem parecido com o caso do último domingo em Sorocaba (SP) (V. página 23).
O Trieste, de Santa Felicidade, é um dos poucos, senão o único, a manter em seus jogos, no estádio Francisco Muraro, uma equipe médica com ambulância e demais equipamentos de atendimento com socorristas.
?Essa é uma preocupação constante. Principalmente em relação a contusões de jogo, mais graves?, diz Sérgio Caporasso, presidente do Trieste. Segundo o dirigente, o mesmo cuidado não acontece nos demais estádios e competições que o time de Santa Felicidade participa.
E o ?descuido? teria uma razão: ?falta de recursos para atender a exigência?. ?Não temos apoio das autoridades esportivas, seja do município ou do Estado. Da Federação nem se fala. A única coisa que nos dão são os troféus, bolos e árbitros. O futebol amador ficou muito caro, e está fadado a desaparecer?, prevê Caporasso.
Sobre o atendimento médico em jogos amadores, o dirigente faz uma ressalva. ?Temos que elogiar o trabalho e atuação do Corpo de Bombeiros e do Siate, que sempre que chamados em casos mais graves nos atendem com eficiência?, afirma o presidente do Trieste.
Quase tragédia no juniores
Numa das partidas entre os juniores dos times amadores do Vila Hauer e Trieste, no Estádio Donato Gulin, em junho de 2006, um dos jogadores passou mal e caiu no gramado. O atleta do Vila Hauer acabou sendo reanimado pelos massagistas das duas equipes, e depois encaminhando para atendimento médico em um hospital da capital. Não havia, naquele jogo, ambulância ou desfribilador para atendimento dos atletas.
Para o presidente do Trieste ?os clubes precisam ter mais cuidado com os seus jogadores?. E cita como exemplo a sua própria equipe que realiza periodicamente exames médicos com todas as categorias. Mas Sérgio Caporasso admite também que ?é quase inviável para os demais clubes terem esse tipo de cuidado?. ?Falta dinheiro para quase tudo. E a Federação não nos auxilia nisso também?, diz o dirigente.
Na próxima quinta-feira será a abertura do 20.º Campeonato Sul-Brasileiro de Futebol Amador, reunindo quatro times de quatro estados. Além do Trieste, representando o Paraná, participam ainda o Guarani, de Santa Catarina; o Americano, do Rio Grande do Sul; e Parque das Nações de São Paulo. ?Nós é que estamos bancando todos os custos da competição – algo em torno dos R$ 25 mil?, completa Sérgio Caporasso.
Federação reconhece falhas
A atual administração da FPF reconhece as falhas, e se defende. ?O regulamento-geral das competições promovidas pela Federação exige que se tenham ambulâncias e desfibriladores à disposição em todos os jogos?, diz Aluízio Ferreira, presidente da FPF, que promete mais empenho por parte da entidade para atender as exigências legais. Por falta de pagamento na gestão de Onaireves Moura, o convênio que fazia o atendimento com ambulâncias foi rompido. ?Estamos reativando essa prestação de serviços, mas o contrato pode ser melhorado?, diz Ferreira. Hoje a empresa só atende quando acionada.
Grama – Ontem a Federação iniciou conversas com uma empresa que trabalha com gramas para estádios de futebol. ?Vamos levar essa preocupação também para os clubes amadores. Podemos melhorar o nível dos nossos gramados. Mas é preciso que os clubes colaborem, não-realizando seis jogos por final de semana em seus estádios. Não há piso que agüente?, completa Aluízio Ferreira.
