Campeonato brasileiro chega na hora da verdade

É só no Brasil. Apesar dos “formulismos” e da desorganização, o campeonato brasileiro chega a sua última rodada da última fase repleto de emoções e com disputas pela classificação e pelo não rebaixamento. Numa competição mais equilibrada que de costume (nivelada por baixo, dizem muitos), cinco times já estão classificados, oito tentam as três vagas restantes e seis equipes lutam para não acompanhar o Gama na segunda divisão do ano que vem.

O sucesso do campeonato é alardeado por técnicos e dirigentes da CBF, que começam a abrir espaço para a manutenção desta fórmula ano que vem – somando-se um segundo turno antes do play-off. A mudança iria contra o que já foi anunciado pelo presidente Ricardo Teixeira, que garantiu que o sistema de pontos corridos seria usado de 2003 em diante. “Esse Brasileiro prova que o nosso futebol está nivelado por cima”, afirma Hélio dos Anjos, técnico do Paysandu.

Essa seria apenas uma disfunção que pode ocorrer ao final do campeonato – a mais perigosa é a ?virada de mesa?. Com o risco que Internacional, Botafogo e Palmeiras correm, muitos acreditam ser inevitável uma mudança de rota ano que vem, com um campeonato brasileiro formado pelas ?grandes? equipes. Contra isso está o desejo da TV Globo (mantenedora da competição) e de dirigentes de várias equipes. “Nós estamos adquirindo os direitos de transmissão da segunda divisão justamente porque temos interesse em uma competição forte”, garante o diretor da Globo Esportes Marcello Campos Pinto. “A partir de agora, o Botafogo vai respeitar os resultados do campo. Se cairmos, vamos disputar a segunda divisão”, avisa o presidente eleito do clube carioca Bebeto de Freitas.

Os jogos

A rodada é tão eletrizante que, a rigor, apenas um jogo não tem interesse para classificação ou rebaixamento -Flamengo x Guarani. Pela ordem de ?importância?, segue a partida entre Corinthians e Vasco – os cariocas já escaparam do rebaixamento, enquanto os paulistas precisam de um empate para garantir a terceira posição. Vencendo, o time de Carlos Alberto Parreira pode ainda terminar a fase em segundo lugar.

Dois jogos reúnem adversários diretos por classificação e rebaixamento. Em Belo Horizonte, Cruzeiro e Goiás se enfrentam e lutam por uma vitória que não é suficiente para conseguir a vaga – eles precisam ainda torcer por tropeços de quem está na frente. E Portuguesa e Bahia jogam em Mogi-Mirim (a Lusa perdeu o mando de campo) para escapar da Segundona. Esse jogo ganha contornos dramáticos porque rumores em Salvador deram conta que o Vitória ?entregaria? o jogo para o Palmeiras para derrubar o maior rival (salvando os paulistas). “Isso não existe. Somos profissionais”, diz o atacante colombiano Aristizábal.

Outros desesperados são os gaúchos. O Internacional está em Belém (onde enfrenta o tranqüilo Paysandu) desde quinta à tarde para escapar da pressão que sofre. A derrota para o Cruzeiro desencadeou um nervosismo jamais visto no futebol de Porto Alegre. Em contrapartida, o Grêmio decepcionou a sua torcida no empate com o Paraná e agora precisa vencer o já garantido Atlético-MG para carimbar seu passaporte para as quartas-de-final.

Esse também é o desejo de Ponte Preta e Fluminense -o time de Campinas ainda pode se classificar, dependendo de uma improvável combinação de resultados, enquanto o time de Romário só depende de suas forças. A situação é a mesma do Santos, que vai enfrentar o São Caetano no ABC. Para o Azulão, basta um empate para garantir o time na segunda colocação da primeira fase, atrás apenas do São Paulo.

O melhor time do campeonato é o ?castigo? para o Botafogo, que terá que vencer e ainda torcer por outros resultados. Disso não necessita o Juventude, que pode administrar uma posição entre os quatro melhores no jogo contra o Atlético, na Baixada. Já Coritiba e Paraná enfrentam Gama e Figueirense e precisam vencer, para garantir o futebol paranaense na segunda fase, na primeira divisão do ano que vem e na Copa Panamericana de 2003. Com tantos ingredientes, é uma tarde que pode se tornar inesquecível -em todos os sentidos.

As chances de Coritiba e Paraná

Irapitan Costa

Os dez jogos decisivos desta tarde definirão as seis últimas vagas em disputa: três para a próxima fase e três para a temporada 2003. Enquanto oito clubes ainda alimentam o sonho de se manter na luta pelo título, outros seis correm contra o risco de rebaixamento. Disputa que ganhou projeção ainda maior pela presença de quatro ex-campeões brasileiros que estão ameaçados de seguir para a segundona. O futebol paranaense briga também nos dois extremos da tabela. De um lado o Coritiba, que não depende apenas de si para chegar à próxima etapa. Do outro, o Paraná, que com uma vitória exorciza de vez o risco de “degola”.

O Coritiba de Paulo Bonamigo decepcionou ao perder em casa para o Figueirense. Agora, precisa vencer o Gama, no Distrito Federal, e ainda torcer por pelo menos um resultado entre três alternativas. Os coxas “secam” Santos, Grêmio e Fluminense. Com mais três pontos computados frente ao rebaixado representante brasiliense, o Alviverde se garante caso o Santos perca para o São Caetano, ou o Grêmio não vença o Atlético Mineiro, ou ainda o Fluminense não passe pela Ponte Preta. Até com um empate o Cori pode chegar lá, mas daí as chances são bem reduzidas.

Já o Paraná Clube de Caio Júnior depende apenas de si. Com uma vitória simples sobre o Figueirense, garante presença na Série A do ano que vem. Com o empate, ficará na dependência de pelo menos um resultado entre três alternativas. A torcida é por um empate no jogo Portuguesa x Bahia, ou para que o Inter não supere o Paysandu, ou ainda que o Palmeiras não vença o Vitória. Vale lembrar que o Paysandu só cumpre tabela e o Vitória tem chances muito reduzidas de classificação. Os seis clubes que entram nesta rodada para vencer ou morrer são Paraná, Bahia, Portuguesa, Palmeiras, Inter e Botafogo.

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