Se depender do passado, o Brasil tem grandes chances de comemorar o hexacampeonato mundial. Ontem, os campões mundiais Carlos Alberto Torres, Clodoaldo e Cafu estiveram em Curitiba para lançar a exposição “Brasil um país do Mundo” e foram unânimes em relação à confiança no título da seleção na Copa do Mundo este ano.
Capitão do tri, em 1970, Carlos Alberto esteve com a delegação do Brasil nos amistosos contra Honduras e Chile, em novembro, e gostou do que viu. “Nós temos um grupo de jogadores onde a maioria são muito jovens, mas com um comportamento muito bom e exemplar. Isso mostra a responsabilidade com que estão encarando a seleção. Temos condições de ao menos chegar à final. Ali, quem for melhor vai ganhar”, disse ele.
No entanto, o passado também pode pesar contra a equipe atual. Isto porque a cobrança em cima dos jogadores é muito grande, uma vez que a competição será em casa e também pela derrota para o Uruguai, em 1950. “Eu sou otimista, mas sou realista também. Acho que a seleção está no caminho certo, mas Copa do Mundo é diferente. Tem também o fator psicológico. Todo brasileiro remete muito a 1950. Em 1970, contra o Uruguai, ficaram preocupados e nos pressionaram. Aquilo mexeu com a gente. Imagine ficar lembrando agora de 1950 de novo. Isto pode prejudicar a seleção”, ressaltou.
Além disso, o eterno “capita” quer evitar o clima de “já ganhou”, que tomou conta dos brasileiros após a conquista da Copa das Confederações. “Não podemos entrar no clima de já ganhou. Temos a vantagem de jogar ao lado da torcida, mas temos que deixar de lado essa de já ganhamos. Temos um grande time, mas temos que ter seriedade e determinação”, afirmou ele.
Até por isso, reserva em 1994, e capitão do penta, em 2002, Cafu acredita que o título apagaria de vez a derrota para o Uruguai, 64 anos atrás. “A última Copa no Brasil acabamos perdendo e é a imagem que ficou. Uma vitória em 2014 vai acabar com essa imagem negativa”, confia ele.
História e evolução
A exposição “Brasil um país do mundo” é um projeto onde os visitantes poderão encontrar uniformes, chuteiras e bolas utilizadas em Copas anteriores, além de troféus, medalhas e outros objetos históricos. “Este material que está exposto foi fruto de anos de pesquisa. Tínhamos muito mais coisas que gostaríamos de mostrar. São todos objetos utilizados na Copa do Mundo”, destacou Ana Gonçalves, diretora da Footwise, idealizadora do projeto.
Para Clodoaldo, titular da seleção na Copa de 1970, o evento é uma oportunidade para os brasileiros conhecerem um pouco mais a história do futebol. “Essa exposição mostra justamente essa evolução do futebol, é uma viagem ao passado. É uma evolução muito grande. O material usado é bem diferente. A chuteira hoje pesa 100 gramas, na nossa época pesava 5 kg. As camisas hoje também são bem mais leves. Agora, a bola é mais veloz, tudo é mais prático e facilita para se jogar futebol”, disse ele.
Curitiba é a segunda cidade que recebe o projeto, lançado em Brasília e que irá percorrer todas as 12 cidades-sedes do Mundial.
A exposição começa hoje, no Memorial de Curitiba, na Rua Doutor Claudino dos Santos, n.º 79 e estará aberta ao público de terça à sexta-feira, das 9h às 18h, e sábados, domingos e feriados, das 9h às 15h, até o dia 3 de fevereiro. A entrada é franca.
Cafu: paranaenses podem ir à Copa
Antes da Copa do Mundo, a Seleção ainda fará um amistoso, contra a África do Sul, no dia 5 de março, em Johannesburgo. Última chance para aqueles que ainda sonham com o Mundial serem convocados e mostrarem serviço ao t&eacu,te;cnico Luiz Felipe Scolari, antes da lista final. Em 2002, três jogadores aproveitaram a oportunidade e, na reta final, carimbaram o passaporte para a Coreia do Sul e Japão: Anderson Polga, Kaká e Kléberson, que estava no Atlético e é o único jogador atuando no futebol paranaense convocado para uma Copa.
Capitão daquele time, Cafu confia que em 2014 a história pode se repetir. O ex-atleta não quis apontar nomes, mas acredita que qualquer um pode ser lembrado por Felipão, independentemente de onde jogar. “Todo mundo que estiver bem tem plenas condições de ganhar uma chance. Não adianta eu falar um nome ou outro, porque pode influenciar de alguma maneira, mas todo mundo que se destaca, tem condições, basta ver o exemplo do Kléberson, que se destacou nos últimos amistosos, foi para a Copa e acabou titular”, disse.
De acordo com ele, o futebol paranaense vem crescendo muito e que com jogos da Copa sendo disputados em Curitiba, é possível o futebol local se estruturar mais. “O futebol paranaense sempre foi uma vitrine e proporcionou grandes atletas. Basta ver a final do Atlético na Copa do Brasil. É um futebol que merece respeito e acredito que a Copa aqui pode dar uma visualização ainda maior e que possa se estruturar ainda mais”, completou.