Cruzeiro e Flamengo decidem hoje, em Belo Horizonte, a 15.ª edição da Copa do Brasil. A segunda partida da final, marcada para as 21h40, no Mineirão, encerra um confronto cercado por uma verdadeira “guerra de nervos” fora de campo. Com o empate em 1 a 1 no primeiro jogo, no Maracanã, o time mineiro garante o título, que vale também vaga na Libertadores da América do ano que vem, caso haja um empate sem gol. Se o placar do último domingo se repetir o campeão será conhecido na disputa de pênaltis. Em caso de empate a partir de 2 a 2, a equipe carioca fica com a taça.
Enquanto o Cruzeiro tenta conquistar o seu quarto título da Copa do Brasil, o Flamengo busca o bicampeonato. Se esta é a primeira decisão entre Flamengo e Cruzeiro na história dos clubes, é a quinta vez que os treinadores Vanderlei Luxemburgo e Nelsinho Baptista se encontram em uma final. Nos últimos dias, os dois andaram trocando farpas pela imprensa.
Nelsinho ficou irritado com a atitude de Luxemburgo, que ao final da partida no Maracanã, disse que o árbitro gaúcho Carlos Eugênio Simon tentava prejudicar sua equipe ao distribuir cartões amarelos para os zagueiros Edu Dracena e Thiago, que estão suspensos e não jogam hoje.
O técnico do Flamengo deixou o jeito comedido de lado e acusou Luxemburgo de querer “ganhar no frito”, interpretando que a pressão exercida sobre a arbitragem poderia ter reflexos na partida da volta, que será apitada por Paulo César de Oliveira. Esta será a terceira vez consecutiva que o árbitro paulista apita jogos do Cruzeiro em Belo Horizonte.
Irritado, Luxemburgo rebateu a acusação do colega flamenguista dizendo que espera que “ganhe a equipe que for a melhor dentro de campo” e sugerindo que faltou ética a Nelsinho. “Por ética, não me permito falar de outros treinadores.”
Donos de currículos vitoriosos, os dois técnicos nunca conquistaram a Copa do Brasil. Luxemburgo tem o título engasgado pois o deixou escapar em duas oportunidades: em 1996, quando dirigia o Palmeiras, e em 2001, à frente do Corinthians. Nas duas ocasiões, o treinador viu suas equipes serem derrotadas em casa na finalísssima, para Cruzeiro e Grêmio, respectivamente.
Novidade
Com os desfalques de Dracena e Thiago, Luxemburgo deverá ser obrigado escalar Gladstone, de 18 anos, que pode fazer a sua estréia na equipe profissional. O jovem zagueiro, que recebe uma ajuda de custo inferior a R$ 500 por mês, terá como missão, ao lado de Luisão – que volta a iniciar uma partida depois de ficar cerca de um mês afastado dos gramados -, de segurar o ataque flamenguista.
Atenção especial também para o ex-cruzeirense Edílson, atualmente no Flamengo, que também foi protagonista de declarações polêmicas. Primeiro, ele disse que os jogadores do Cruzeiro iriam “temer muito” o Maracanã lotado. Depois, afirmou que “a torcida do Cruzeiro não é tão participativa como a do Flamengo”.
Mineirão lotado
Indiferente à provocação de Edílson, os torcedores cruzeirenses prometem lotar o Mineirão. Até o final da tarde de ontem, segundo a Adminstração dos Estádios de Minas Gerais (Ademg), já haviam sido comercializados mais de 70 mil dos 80 mil ingressos colocados à venda.
O Mineirão estará inaugurando um sistema de monitoramento de segurança, conforme exigência do Estatuto do Torcedor. De acordo com o comandante do Policiamento dos Estádios, o capitão da PM Fábio Lima, as câmeras possuem um alcance de até mil metros de distância. Para fazer frente às cornetas usadas no jogo do Maracanã, a diretoria do Cruzeiro vai distribuir 30 mil bandeiras e 50 mil apitos para os torcedores.
Os jogadores do Flamengo, porém, prometem não se intimidar com a pressão das arquibancadas. “A torcida ajuda bastante, mas dentro do campo são 11 contra 11. Maior prova disso foi lá no Maracanã”, disse o meia Fábio Baiano, que se recuperou de uma lesão muscular e pode voltar ao time.
Nelsinho, porém, faz mistério quanto à escalação da equipe, principalmente no ataque. Fernando Baiano, autor do gol do empate no primeiro jogo, aos 48 minutos do segundo tempo, pode ser escalado. Outras opções são Jean e Zé Carlos. O treinador também não definiu se manterá o esquema de três zagueiros. “Quero uma equipe mais compacta do que a que jogou domingo”, disse.
No Cruzeiro, a principal dúvida é no meio-campo. Três jogadores disputam uma vaga no setor: Sandro, Márcio e Jardel. O zagueiro Irineu recuperou-se de uma lesão no joelho direito e foi relacionado para a partida.
STJD refresca “cuspidor”
O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) adotou ontem mais uma decisão controvertida e que promete provocar polêmica. Os juízes liberaram o atacante Fernando Baiano, do Flamengo, a participar da final da Copa do Brasil, menos de 24 horas depois de haverem punido o jogador com uma partida de suspensão por ter dado uma cusparada no goleiro Diego, do Atlético-PR, em partida válida pelo campeonato brasileiro.
O que surpreendeu na liberação foi o critério adotado pelo tribunal. Há há menos de duas semanas, o STJD suspendeu o goleiro do São Paulo, Rogério Ceni, em partida da Copa do Brasil mas obrigou o jogador a cumprir a suspensão em jogos do campeonato brasileiro.
Ao ser questionado sobre a decisão, o presidente do STJD Luiz Zveiter tentou explicar. “Aquela situação (de Rogério Ceni) é diferente. O São Paulo havia sido eliminado e, portanto, o jogador não poderia mais cumprir a pena na competição. No caso do Flamengo, o Campeonato Brasileiro está em curso e ele (Fernando Baiano) poderá perfeitamente cumprir a suspensão”, argumentou Zveiter.
Capetinha volta a provocar
O atacante Edílson parece realmente disposto a incendiar o clima já quente da segunda partida das finais da Copa do Brasil, entre Flamengo e Cruzeiro, na noite de hoje, no Mineirão. Após afirmar que a torcida da raposa não joga junto com o time, o Capetinha resolveu provocar o zagueiro Luisão.
Perguntado sobre as dificuldades que iria encontrar ao enfrentar a nova zaga do Cruzeiro, Edílson disparou: “Eu nem conheço o menino que vai estrear, mas é mais fácil ganhar pelo lado do Luisão”. Mas o Capeta não parou por aí. Para ele, é mais difícil para o Cruzeiro que para o Fla conquistar o título.
“Com certeza o Cruzeiro teme mais o Flamengo do que o Flamengo teme o Cruzeiro. A gente faz gol todo jogo”, concluiu o atacante, que atuou pela Raposa no primeiro semestre de 2002.