Num dos túneis de acesso ao gramado do Mineirão, uma camisa é o centro das atenções de milhares de torcedores de todo o mundo que mensalmente visitam o Museu Brasileiro do Futebol, instalado sob a esplanada que contorna o estádio. Doada pelo consulado alemão e autografada por alguns dos jogadores que estiveram em campo no fatídico 8 de julho de 2014, a camisa da Alemanha torna (ainda mais) inesquecível que aquele foi o palco dos 7 a 1 na semifinal da última Copa do Mundo.
O museu ocupa uma área de 1.500 metros quadrados e é dividido em 14 salas, mas é naquele ponto que o visitante mais se diverte. “Aqui é o êxtase”, afirma Thiago Carlos Costa, que coordena o espaço. “O dia 8 de julho é um dos dias com mais fluxo de visitas, justamente por conta da camisa. Não tem ninguém que passe perto dela e fique sem reação.”
A peça fica exposta em uma caixa de vidro. Uma réplica em miniatura do troféu da Copa do Mundo fica junto à camisa. Três metros ao lado está em exibição uma camisa da seleção brasileira, mas essa é bem menos badalada. Os visitantes gostam mesmo é de tirar fotos com aquela do time responsável pelo maior fiasco da história do futebol brasileiro.
“A grande maioria dos brasileiros vem pra rir. Eles fazem fotos com o gesto de 7, tem brasileiro que vem com a camisa da Alemanha”, relata Thiago Costa. “A memória que se tem é mais de sarcasmo do que de ressentimento.”
Os alemães, claro, também se divertem. “Houve um aumento bem expressivo da visita de alemães ao museu depois dos 7 a 1. A gente tem uma demanda alta de outras torcidas, mas de alemães praticamente dobrou”, conta o coordenador.
É por causa desse grande interesse por tirar uma foto junto à lembrança dos 7 a 1 que Thiago considera que a goleada na Copa não foi um mau negócio para o estádio. “É bom e ruim para a história do Mineirão. Ruim porque pode dar uma pecha de lugar azarado, mas por outro lado coloca o Mineirão no circuito dos grandes estádios, como uma referência”, ele pondera.
“Na Alemanha eles chamam até de Mineiraço o que aconteceu por aqui. O Maracanã, por muitos anos, teve sua história envolvida por causa da Copa de 1950. O Mineirão agora também tem a sua marquinha na história do futebol.”
Dentro do campo, a rede dos 7 a 1 permaneceu até os Jogos Olímpicos deste ano – antes, ela só era trocada nos jogos do Cruzeiro, que utiliza uma rede azul em suas partidas. Agora, o barbante sagrado (ou azarado, dependendo do ponto de vista) está guardado. Existe a intenção de virar uma nova peça no museu.
Quantos às camisas da Alemanha e do Brasil expostas no estádio, elas serão removidas do local no jogo da próxima quinta-feira, diante da Argentina. A explicação oficial é não atrapalhar o fluxo de pessoas no local, que servirá para entrevistas com os jogadores após a partida. Mas, no fundo, talvez existisse o temor de que alguns dos presentes parassem para tirar uma selfie. Isso terá de ficar para outro dia.