Mais do que uma substituição, foi uma transferência de cargo. Lado a lado, Caio Júnior e Luiz Carlos Barbieri falaram ao elenco do Paraná Clube na Vila Capanema. Um, em clima de despedida e agradecimento. O outro, visando um futuro de vitórias e conquistas. A dupla de treinadores foi ovacionada pelos jogadores, que tentam deixar de lado o clima de festa pelo título estadual, focando a largada do Brasileirão. No sábado, o Tricolor vai a Caxias do Sul encarar o Juventude.
Para o recém-contratado, Caio Júnior, o momento ímpar reflete a perfeita harmonia que cerca o Paraná. ?Isso, independente do título. O ambiente do clube é muito bom, muito por conta do carisma do presidente Miranda, que com respeito consegue envolver as pessoas?, disse o técnico. O convite feito pelo dirigente fez com que Caio Júnior revisse todo o seu planejamento de vida. ?Fui pego de surpresa, pois estava fora do mercado de treinadores. Mas, no íntimo tinha a certeza de que minha história no Paraná ainda teria novos capítulos?.
Caio Júnior foi um dos destaques do time campeão paranaense de 1997 (tendo marcado, inclusive, o gol do título frente ao União Bandeirante). Foi também no Tricolor que Caio Júnior deu o pontapé inicial na carreira de treinador. Assumiu a equipe de juniores em 2002 e no mesmo ano já foi promovido ao time principal. Com a saída de Paulo Bonamigo – que se transferiu para o Coritiba -, Caio Júnior dirigiu o time no Superparanaense e chegou ao vice-campeonato. No Brasileiro, deu lugar a Otacílio Gonçalves, mas quando o time ?não decolou?, assumiu o cargo faltando dez rodadas e com ele no banco de reservas o Tricolor se livrou do rebaixamento.
Foi efetivado como técnico para a temporada seguinte, mas com um time frágil, colecionou maus resultados – em sete jogos, somente uma vitória – e viu o projeto ruir. Depois disso, Caio Júnior se destacou à frente do Cianorte e teve rápidas passagens por Londrina e Gama. Priorizando questões familiares, decidiu voltar ao microfone e desde o ano passado atuava como comentarista na Rádio Banda B. ?Curiosamente, isso pesou na escolha da diretoria do Paraná?, disse Caio. ?Vi todos os jogos da equipe neste estadual e posso dizer que conheço muito bem o time e os jogadores?.
Caio Júnior confirmou ter recusado algumas propostas de clubes do interior do Estado, mas quando o professor Miranda ligou, aceitou de imediato o convite. ?Trabalhar num clube como o Paraná e estar entre os vinte técnicos da Série A não é oportunidade que surge a qualquer momento?, disse. Com o apoio da família, decidiu rever conceitos e voltar ao trabalho dentro das quatro linhas. ?Vejo um futuro promissor. O grupo já é qualificado e reforços serão contratados?, avisou. Na sua avaliação, diante da dificuldade – e duração – do campeonato, o Tricolor ainda carece de novas opções para todos os setores.
Bronca com diretor fez Barbieri ir embora
?Vim dar o meu apoio ao Caio e me despedir desse grupo, que só merece elogios?. Foi assim que Luiz Carlos Barbieri resumiu o fato de estar no vestiário do Tricolor no momento em que Caio Júnior era apresentado como seu sucessor. Barbieri foi aplaudido pelos atletas e disse estar deixando amigos e as portas abertas. Se na véspera não deu maiores explicações para a sua saída, ontem revelou que a decisão foi uma forma de evitar entrar em rota de colisão com um diretor do Paraná.
Não citou nome algum, mas disse que não poderia conviver no mesmo clube com alguém que não gostava do seu trabalho. Mesmo tendo o apoio do presidente José Carlos de Miranda e do vice José Domingos, Barbieri entendeu que o atrito seria inevitável ?com essa pessoa? e isso só traria prejuízo aos atletas e ao clube. ?Prefiro não falar nada. Se fosse fazê-lo, seria olho no olho?.
Barbieri contou que no início do ano teria ouvido ?essa pessoa? dizer que ele era um ?técnico de m…?. ?Guardei isso para mim, pois sabia do potencial desse grupo e a resposta veio no campo. Não adianta a gente só passar por um clube. Você tem que deixar seu nome na história. Felizmente, em pouco tempo, trabalhei em três clubes e já tenho dois títulos?. Barbieri diz que sai feliz e realizado com o bom trabalho desenvolvido nesses sete meses de clube.
O treinador estuda proposta do Fortaleza, mas teria ainda sondagens de um clube da Série B e outra do mundo árabe (Catar). ?Agora, vou para Campinas pagar algumas promessas. Depois, vejo qual será o melhor caminho a seguir?, finalizou o técnico campeão paranaense de 2006.
Aílton não vem mais para o Brasileirão
O meia Aílton não virá mais para a disputa do Brasileiro. A diretoria alegou ?divergências contratuais? na hora do acerto final com o atleta e seu procurador. Antes das finais, ele chegou a ser apresentado como reforço para a disputa do Brasileirão. Assim, a quatro dias da largada da competição, apenas uma contratação foi efetivada. O zagueiro (e volante) Cuca, com quem Caio Júnior trabalhou no Cianorte, pode ser a única ?cara nova? para o jogo de sábado, às 18h10, no Estádio Alfredo Jaconi, em Caxias do Sul.
A situação de Joelson permanece indefinida. Não houve, até aqui, uma definição no imbróglio judicial entre o atleta e o Ituano. Joelson acusa o clube paulista de ter forjado sua documentação – seu contrato chegou a ser recusado pela CBF -, mas a diretoria do Ituano obteve liminar na Justiça Comum. O procurador de Joelson, Felipe Nery, aguarda uma posição de seus advogados ainda esta semana.
Outros dois reforços podem ser apresentados hoje à tarde.
O zagueiro Edimilson (ex-Noroeste) e o meia Gérson (ex-Mogi-Mirim) vêm a Curitiba para exames médicos e assinatura de contrato. A diretoria também negocia junto à Adap a liberação de Felipe Alves e abriu conversas com Batista e Ângelo, também do time de Campo Mourão. Na avaliação de Caio Júnior, o Paraná necessita de outras opções ofensivas, principalmente um atacante de velocidade.
A diretoria também espera definir o quanto antes as renovações dos contratos de Rafael Muçamba e Neguete. ?Está tudo encaminhado e creio que não haverá maiores dificuldades?, disse o vice de futebol José Domingos. A questão salarial de Muçamba já está acertada. A única pendência é com a empresa que detém os direitos federativos do atleta.
O Paraná pretende adquirir um percentual desses direitos, visando maior retorno em transações futuras.
Com a mudança no comando técnico, a diretoria também vai reavaliar as situações de alguns jogadores que vieram para o estadual, com contratos pré-definidos para o Nacional. Estão nessa situação o lateral Rodrigo Alvim, o volante Serginho, os meias Marcelinho e Franklin e o atacante Éder. ?Já tínhamos uma avaliação desse grupo. Mas, agora, temos que conversar primeiro com o Caio antes de prorrogarmos ou não os contratos desses jogadores?, finalizou José Domingos.