A vitória de Gabriel Medina sobre Caio Ibelli nas oitavas de final da etapa de Pipeline do Circuito Mundial de Surfe teve uma polêmica enorme no final da bateria, nesta quinta-feira, dia em que será decidido o campeão da temporada. O bicampeão mundial cometeu uma interferência na última onda, faltando poucos segundos para acabar, como estratégia, e impediu o rival de pegar a onda e tentar virar a disputa. Medina e Italo Ferreira estão vivos na briga pelo título mundial.
“O mar estava difícil, com poucas ondas, e estou feliz de avançar. Cometi a interferência e deu certo, apenas fiz o jogo”, avisou Medina, que ganhou por 4,23 a 1,13. A ação do brasileiro repercutiu mal, apesar de fazer parte do regulamento. Quando um surfista comete interferência, ele perde a nota daquela onda e uma segunda nota da bateria.
Caio Ibelli, por sua vez, lamentou a interferência proposital e contou que ela foi premeditada. “Eu estava lá e vi o padrasto dele (Charles) falando para bloquear. Eu não entendi muito bem, mas depois veio a interferência. Isso mostra o tipo de competidor que é. Se precisar jogar sujo, ele joga”, reclamou.
De fato, Charles Saldanha, técnico e padrasto de Medina, foi flagrado pelas câmeras orientando o surfista para interferir na onda do rival. “Pode rabear (sic) ele”, afirmou repetidas vezes o treinador. Em seguida, a transmissão de televisão mostra o surfista fazendo sinal de que compreendeu a orientação.
Esse episódio é continuação de outro semelhante, ocorrido na etapa anterior, em Portugal, quando os dois disputaram a mesma bateria e Medina cometeu interferência em Ibelli. Na ocasião, o bicampeão mundial foi eliminado da disputa em Peniche e adiou para o Havaí a tentativa de conquistar seu terceiro título.
Depois dessa bateria, a rivalidade entre os dois aumentou e Ibelli promete não dar moleza na próxima vez que os dois se encontrarem. “Depois da interferência, ele me pediu desculpa… Isso só me faz querer superá-lo da próxima vez. Estou motivado, vou treinar muito e tentar ter uma boa temporada ano que vem”, avisou.
TÍTULO BRASILEIRO – Antes mesmo desta disputa nacional nas ondas do Havaí, o Brasil garantiu mais um título mundial. Somente Medina e Italo Ferreira, que entrou na etapa como líder da temporada, podem chegar ao título, nesta quinta. Antes, o norte-americano Kolohe Andino também estava na disputa.
A vitória de Italo nas oitavas de final acabou com as pretensões de Andino. Mesmo ainda dentro da disputa em Pipeline, o surfista dos EUA já não tem mais chances matemáticas de conquistar seu troféu. Outros dois concorrentes foram eliminados antes: o brasileiro Filipe Toledo e o sul-africano Jordy Smith.
Com o título assegurado, será a quarta vez que o Brasil terá um campeão mundial de surfe nos últimos seis anos. Em 2014, Medina ganhou o troféu e repetiu a dose no ano passado. Quem também venceu foi Adriano de Souza, o Mineirinho, que conquistou a taça em 2015. Já o havaiano John John Florence brilhou em 2016 e 2017.