Teresópolis – O lateral Cafu foi o primeiro atleta da seleção a entrar em campo para o leve treino físico-técnico realizado na reapresentação da seleção brasileira, na Granja Comary.
A caminho da área reservada para os jogadores, resolveu falar várias vezes sobre o mal-estar provocado pelo castigo que lhe foi aplicado pela diretoria da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), por supostamente não ter se esforçado para atuar contra o Haiti, em agosto. A punição atingiu também Kaká, Dida, Zé Roberto e Lúcio.
Cafu já estava preparado para tratar do tema. Sorridente e diplomático, disse que tudo não passara de um mal-entendido. “Está tudo resolvido, tudo superado.” Ele disse que não quer passar novamente pelo mesmo problema e afirmou estar convicto de que a CBF e o Milan vão chegar a um acordo sobre futuras convocações.
Ao ser perguntado sobre quem teria radicalizado no episódio, se a entidade ou o clube, tentou ser elegante, a fim de evitar polêmicas. “Não sei se houve isso. Sei apenas que os prejudicados foram os jogadores. Mas já passou. Agora, temos de pensar na Venezuela.”
Cafu contou que não conversou com o técnico Carlos Alberto parreira sobre o incidente. “Nem foi preciso. Meu relacionamento com ele é ótimo.” A decisão da CBF em aplicar ?castigo? aos atletas teve o aval da comissão técnica. “Eu tinha certeza de que voltaria.”
O lateral pentacampeão mundial também não quis se comprometer ao comentar declarações recentes de Ronaldo, ainda referentes à punição da CBF, de que os jogadores deveriam se empenhar para vestir a camisa da seleção. “Já está tudo resolvido”, repetiu. “Foi só um mal-entendido. Ele está bem no clube dele. Eu estou bem na seleção. Não foi preciso falar nada, esclarecer nada.”
O sorriso de Cafu ficou mais em evidência ao ser informado de que seu nome fora incluído em lista preliminar da Fifa, que apontou os melhores do mundo na temporada 2003/2004. “Que é isso? Mentira ou é verdade? Poxa, é uma honra, estou maravilhado.” Ele disse que o bairro de Jardim Irene, onde foi criado em São Paulo, ficaria mais orgulhoso com a novidade.
Para completar o dia, ouviu de Parreira a confirmação de que voltará a ser o capitão da equipe, contra a Venezuela, no sábado, e também contra a Colômbia, dia 13. Nos três últimos jogos, contra Haiti, Bolívia e Alemanha, Roberto Carlos ocupou o papel. E o lateral-esquerdo do Real Madrid fez questão de elogiar o titular do posto. “O Cafu é o nosso capitão nota 10. Até pedi que lavassem muito bem a braçadeira para devolvê-la em ótimas condições.”
Susto
Um pneu que se desprendeu de uma carroça por pouco não causou um acidente envolvendo o ônibus que conduzia a seleção brasileira a Teresópolis. O fato ocorreu na rodovia que liga Duque de Caxias à cidade serrana.
O ônibus teve de reduzir rapidamente a velocidade e quase sobrou para os dois carros da Polícia Rodoviária Federal, que vinham logo atrás, para dar proteção aos atletas. O trânsito na pista de alta velocidade foi parcialmente paralisado. Em seguida, lentamente, o pneu descaiu para o acostamento.
Seleção vai testar o seu 12.º meio-campo
Rio de Janeiro
– Sem poder contar com Gilberto Silva e Edmílson, afastados por contusão, o técnico Carlos Alberto Parreira vai escalar, sábado, contra a Venezuela, o 12.º meio-de-campo diferente da seleção do Brasil, este ano. Ele contou com pelo menos um dos dois jogadores machucados nas dez partidas disputadas pela equipe principal em 2004, desde o amistoso com a Irlanda, em fevereiro, até o confronto com a Alemanha, no início de setembro. Houve ainda mais seis compromissos, pela Copa América, competição da qual Parreira abriu mão do grupo titular das Eliminatórias do Mundial de 2006.A formação mais provável do setor, para enfrentar os venezuelanos, em Maracaibo, inclui Renato, Juninho Pernambucano, Zé Roberto e Kaká. Bem cotado também está Edu, do Arsenal, que poderia disputar vaga com Zé Roberto. O jogador Magrão, do Palmeiras, ficará entre os reservas.
Vários fatores provocaram essas alterações em série: contusões, suspensões, e mesmo por opção técnica ou tática de Parreira.
Edmílson foi promovido a volante depois de campeão do mundo, em 2002, como zagueiro. Aprovou e vinha sendo titular da equipe – devido à lesão de joelho pode ficar até seis meses sem atuar. Por isso, corre o risco de perder espaço numa disputa direta com Renato e Gilberto Silva, que também não deve voltar à atividade em 2004, por problemas nas costas.
Outro convocado para a mesma posição é Juninho Pernambucano, do Lyon. Ele esteve presente em nove das dez partidas do time principal – em oito das quais saiu jogando – e já tem vaga assegurada na equipe, salvo algum imprevisto. “O futebol brasileiro é rico em jogadores; claro que há uma queda no aspecto de conjunto da equipe, com tantas mudanças. Mas o nosso grupo é tão bom que mantém o equilíbrio técnico”, disse o coordenador da seleção, Zagallo.
Ele reforçou opinião de Parreira sobre a qualidade de Renato, ex-Santos e hoje no Sevilla. “Vai entrar no jogo e dará conta do recado, sem nenhuma dúvida.”
Ronaldo treina separado, mas enfrenta a Venezuela
Teresópolis
– O atacante Ronaldo – que se recupera de uma lesão muscular na coxa direita – realizou na tarde de ontem seu primeiro treino com bola na Granja Comary, em Teresópolis, onde a seleção está concentrada para o jogo de sábado contra a Venezuela, pelas eliminatórias da Copa do Mundo. O jogador foi pouco exigido. Separado dos demais companheiros, e observado pelo preparador-físico Moracy Santana, Ronaldo deu voltas em torno do gramado, realizou pequenas corridas e arriscou toques na bola.Se a recuperação evoluir de maneira satisfatória, ele participa do treino de hoje – o último antes da viagem para Maracaibo, local da partida. As chances de Ronaldo no sábado são boas, segundo avaliação do departamento médico.
O meio-campista Juninho Pernambucano – que também passou boa parte da manhã na sala de musculação da granja – está recuperado da lesão muscular e participou normalmente do minicoletivo realizado à tarde.
No treino – que teve apenas a ausência de Ronaldo – os atletas disputaram um coletivo em campo reduzido e Juninho chegou a marcar um gol.
Naturalização
O lateral Roberto Carlos garantiu que não vai receber nenhum extra ao atender ao pedido do Real Madrid para se naturalizar espanhol, a partir de dezembro. Com isso, ele vai abrir a possibilidade de seu clube contratar outro sul-americano – a legislação do país permite, no máximo, que três atletas fora da Comunidade Européia atuem no mesmo clube. Além de Roberto, o Real Madrid dispõe de Ronaldo e do argentino Samuel.
Sobre a naturalização espanhola, afirmou que Ronaldo e Ronaldinho Gaúcho, do Barcelona, vão tomar o mesmo caminho. “A tendência é esta.” Ele também discorreu sobre um assunto delicado: a recente crise do Real Madrid, que resultou na demissão do treinador Jose Antonio Camacho. Roberto Carlos e Ronaldo foram acusados por parte da torcida do clube de terem ?trabalhado? o afastamento do técnico. Por isso, Roberto não tem concedido entrevista aos espanhóis. “Eu não gosto quando me sacaneiam, quando me jogam contra alguém.”
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