São Paulo – Marcos Evangelista de Moraes tem 39 anos, tem uma vida bastante confortável e pode tanto curtir o que conquistou no trabalho quanto seguir sua trajetória em outras atividades. Mas o que ele mais gostaria era de voltar a ser o Cafu. Sim, o Cafu que surgiu no São Paulo, que foi convocado por Paulo Roberto Falcão em 1990 e virou até piada, que depois se recuperou, virou unanimidade e conquistou duas Copas do Mundo (1994 e 2002). E também, claro, o capitão do penta, recordista em convocações, atuações e participações em Copas.

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Mas Cafu tem 39 anos. “Não posso mais demorar para nada. O tempo está passando”, reconhece o jogador. Ele não se deu um prazo definitivo para decidir o futuro no futebol, mas ficou claro que ele deve definir se continua ou não jogando até o final de julho. Conversando com jornalistas no evento de lançamento da Copa das Nações Danone, em São Paulo, o lateral-direito mais importante do futebol brasileiro nos últimos vinte anos abriu o jogo.

Ele deixou claro que o nível do futebol brasileiro está caindo – e, indiretamente, poderia ser uma das razões que deixa ele em dúvida se prossegue atuando ou não. “Tenho que ser sincero. Quando voltei ao Brasil, pensei que o nosso futebol estava melhor. Mas fiquei surpreso. Posso dizer que, se não é igual há dez anos, ainda temos as melhores individualidades. Mas o nível está abaixo do que eu esperava”, confessou. “Falta para a gente o profissionalismo que existe na Europa”, completou.

Cafu também falou sobre a boa fase dos laterais-direitos da seleção Daniel Alves e Maicon – honrando uma tradição que vem de Djalma Santos, passou por Carlos Alberto Torres, Leandro, Jorginho e o próprio capitão do penta. “Acho que os dois são muito bons, mas têm características diferentes de mim. Só que nossas fases passam e eles estão vivendo um ótimo momento.

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Eles são competentes e estamos bem estruturados neste setor”, avalia. O lateral só não concorda com a adaptação de Daniel Alves pela esquerda, como aconteceu na Copa das Confederações. “Não acho que seja o ideal. Pode ser em alguma situação específica, como foi contra a África do Sul, por causa das bolas paradas. Mas não podemos insistir com isso”, comentou Cafu, que está empolgado com o grupo comandado por Dunga. “Acho que o retrato da seleção é o primeiro tempo do jogo com a Itália. É a alegria deles com muita responsabilidade”, resumiu.

Como ele gostava de jogar, inclusive. E voltar a jogar? “Ainda tenho problemas pessoais para resolver, depois eu vou parar para pensar”, disse Cafu. Ele recebeu propostas de vários clubes (deixou nas entrelinhas que foi sondado por uma equipe de Curitiba), mas tem preferência por atuar em São Paulo. “Depois de dezessete anos fora, quero ficar com a família”, justificou o lateral, que não se vê longe do esporte. “Se eu for parar, vou continuar no futebol. Não sei se como técnico ou como administrador, mas vou seguir.”

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