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‘Cães de guarda’ como Felipe Melo, Ralf, Casemiro e Jucilei ressurgem no futebol

Muito se fala no futebol que os jogadores de meio de campo precisam ter qualidade no passe e saber jogar. Mas também é verdade que ninguém dispensa um bom “cão de guarda” para proteger a sua zaga. Felipe Melo ganha cada vez mais espaço no Palmeiras, Jucilei é uma segurança no São Paulo, o Corinthians foi atrás de Ralf, mesmo tendo Gabriel, campeão no ano passado, e a entrada de Casemiro equilibrou o poderoso Real Madrid, um dos melhores times do mundo.

“Eu vejo grandes clubes do mundo, como o Barcelona, que têm jogadores da mesma função que a minha. No Barcelona tem o Busquets, que tem a função de deixar a bola para o Iniesta e o outros criarem. O Casemiro faz isso no Real Madrid e tinha o Thiago Motta no PSG. Os grandes clubes sempre têm esse jogador para roubar bola”, afirmou Felipe Melo, que ostenta a titularidade na equipe do técnico Roger Machado com belas atuações.

Segundo informações do clube, Felipe Melo é quem mais desarma adversários no Estadual, com 27 botes certeiros. O jogador lidera o fundamento mesmo sem ter disputado todas as partidas. Além disso, ele tem sido certeiro nos passes, com apenas sete erros em 271 tentativas.

“Volantes como o Felipe Melo são úteis porque têm grande capacidade de roubar a bola e protegem a defesa. Quando se joga centralizado, ele não precisa fazer muitas coberturas laterais, têm boa jogada aérea e por ficar em bastante segurança na sua área de atuação, contribui para o time”, analisou o treinador do Palmeiras.

No São Paulo, o técnico Dorival Júnior também é só elogios para Jucilei, um dos únicos jogadores a ter destaque no péssimo ano de 2017 do São Paulo. “Jucilei é um jogador dinâmico, com pegada. Toma conta do meio de campo, sempre com muita intensidade. É um jogador que se escala nos treinos”.

O termo “volante” só existe no futebol brasileiro. Surgiu nos anos 30 e 40, quando o argentino Carlos Martin Volante atuou pelo Flamengo. Jogador de marcação e espírito de luta incansáveis. “O volante sempre foi e sempre será um assistente da defesa. É sua função cobrir os laterais e dar o primeiro combate na frente da zaga”, disse Batista, ex-jogador de Internacional, Palmeiras e Grêmio, além de integrar a seleção brasileira nas Copas de 1978 e 1982.

“Cobra-se muito dos volantes. Além do que já fazem, ainda querem que eles tenham fôlego para chegar ao ataque. É bom avisar que temos dois pulmões e não dois corações”, brincou Batista, que atualmente é comentarista do canal SporTV.

Na história do futebol, a função de volante sempre foi marcada por ser exercida por líderes, que na maioria das vezes assumem o cargo de capitão da equipe. O primeiro a deixar seu nome gravado foi o Obdulio Varela, que o liderou o Uruguai a ganhar a final da Copa do Mundo de 1950 sobre o Brasil.

O maior exemplo de “cão de guarda” nacional é Zito, comandante do Santos de Pelé, na década de 60. “O Rei do Grito” tinha moral até para dar bronca no Rei do Futebol. “Eu era um chato”, admitia Zito, que morreu aos 83 anos em 2015. “Foi uma figura paterna para mim”, costuma dizer Pelé.

Apesar de ter sido um marcador implacável, Zito ainda demonstrou preparo físico e conhecimento tático para se expor ao ataque e marcar um gol na final da Copa de 1962. Não por menos, o capitão do time do Santos na atualidade usa uma tarja com a letra “Z”.

Discípulo de Zito no Santos, Clodoaldo também brilhou na seleção ao fazer parte do time tricampeão mundial no México, em 1970. Um carrapato para os adversários, “Corró” mostrou a sua habilidade ao driblar quatro italianos no início da jogada do gol de Carlos Alberto Torres, o quarto do Brasil na final da Copa.

Outro que marcou época foi Chicão, jogador do São Paulo de 1973 a 1979. “Vê se apita direito essa porcaria”, resmungou com o árbitro José de Assis Aragão, em 1976, antes de um clássico contra Palmeiras. Levou cartão amarelo sem a bola rolar. Dois anos depois, bateu de frente com os argentinos no empate sem gols com os “hermanos” na Copa de 1978.

Em 1994, Dunga e Mauro Silva formaram uma das melhores duplas de volantes da Copa e deram liberdade para a criatividade e o talento de Romário e Bebeto. “O volante proporciona o equilíbrio necessário à equipe. Ele dá a solidez defensiva fundamental para se aumentar a confiança de todo o time. Gosto da frase do treinador alemão Sepp Herberger: ‘atacar e defender com a máxima eficiência”, disse Mauro Silva.

“Pergunte a um zagueiro central e a um quarto zagueiro quem eles gostariam de ter à frente deles. E da mesma forma, esse volante dá mais liberdade aos meias ofensivos e aos laterais para que se dediquem às tarefas de criação e organização, sem se preocupar tanto com as obrigações defensivas. No futebol brasileiro, nossa história sempre teve características ofensivas, e culturalmente muitas vezes não se aprecia tanto os aspectos defensivos do futebol”, completou o ex-jogador, atual vice-presidente de Integração com Atletas da Federação Paulista de Futebol.

Por tudo isso, os cães de guarda estão cada vez mais na moda. A temporada de caça está aberta. Portanto, atacantes… Cuidado!

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