Cada vez mais completo em todos os pisos do tênis mundial, Rafael Nadal fez mais uma grande exibição em Roland Garros no domingo. O histórico 12º troféu em Paris, uma marca nunca antes alcançada, tem forte importância também na briga pelo recorde de títulos de Grand Slam, possivelmente a estatística mais relevante da modalidade. Pela primeira vez em sua carreira, o espanhol ficou a apenas dois títulos do suíço Roger Federer.
Na conta atual, Federer soma 20 troféus dos torneios mais tradicionais e importantes do circuito. Nadal já acumula 18. Mas estes números não são uma obsessão para o espanhol, garante o “Rei do Saibro”. “Nós motivamos um ao outro. Mas, para ser sincero, não é uma obsessão alcançar Roger”, afirma Nadal.
O título de domingo mostra a evolução do espanhol em suas conquistas, enquanto Federer parece estacionar na busca pelos grandes troféus. A diferença entre eles já foi de dez títulos (16 a 6), no início de 2010. De lá para cá, o espanhol reforçou seu domínio no saibro de Paris e passou a brilhar também nos outros três torneios de Grand Slam.
Ao mesmo tempo, Federer viu crescer a concorrência de outros rivais, caso do sérvio Novak Djokovic, para quem perdeu duas finais de Wimbledon. A competição em Londres está para o suíço assim como Roland Garros está para Nadal. Federer é o recordista de troféus na grama londrina, com oito conquistas. Mas teria 11 se tivesse vencido todas as finais que disputou, como fez o espanhol em Paris. Djokovic, por sinal, é o terceiro colocado nesta lista, com 15 Grand Slams no currículo.
“Eu nunca fiquei pensando nisso: ‘vou tentar alcançar Roger’ ou não. Para ser honesto, não estou muito preocupado com isso”, reforçou Nadal, após levantar mais um troféu em Roland Garros, no domingo. “Você não pode ficar frustrado o tempo todo porque seu vizinho tem uma casa maior que a sua ou uma televisão maior, ou um jardim mais bonito. Não é desse jeito que eu encaro a vida.”
Nesta disputa pelo recorde, Nadal tem a seu favor a idade: 33 anos. Em agosto, Federer vai completar 38. E não deve ter mais do que duas temporadas em seu horizonte, de pai de família, responsável por quatro filhos. O espanhol, de casamento marcado para este ano, ainda não tem filhos.
“Se, ao fim da minha carreira, eu puder vencer mais alguns Grand Slams e ficar mais perto de Roger, será inacreditável. Se eu não alcançar, para mim, ainda será inacreditável!”, afirmou o espanhol.
Ele também tem a seu favor a evolução que ainda apresenta em seu tênis. Em Roland Garros, o espanhol deu mais uma prova disso. Destacou-se em fundamentos que não costuma brilhar, como saque e até subidas à rede. Na final, ele acertou providenciais saques poderosos em momentos difíceis: um aproveitamento de 73% dos pontos quando jogou com o primeiro serviço. O austríaco Dominic Thiem, seu adversário, não passou de 57%.
O “Rei do Saibro” surpreendeu também em seu rendimento junto à rede. Das 27 vezes em que subiu, saiu vencedor do ponto em 23. Trata-se de um aproveitamento de 85%, superior até ao que mostrou Federer em sua campanha. Maior especialista neste fundamento ainda na ativa, o suíço não passou de 83%, e foi num jogo contra um adversário bem menos exigente que Thiem: o italiano Lorenzo Sonego.
A constante evolução de Nadal, acostumado a superar as mais diversas lesões, dá margem para que sonhe com o recorde absoluto de títulos de Grand Slam nas próximas temporadas. “Aqui estou eu, aos 33 anos, jogando um bom tênis. Vamos ver por quanto tempo eu consigo continuar a fazer isso”, projeta o espanhol.