Melbourne
– São nove contra um. Tirando os que não têm chance nenhuma, sobram três. E assim, com três gatos tentando caçar um rato, e mais seis ajudando no que for possível, começa esta noite o Mundial de Fórmula 1 de 2004. A partir das 21h de Brasília (serão 11h da sexta em Melbourne), no primeiro treino livre para o GP da Austrália, o rato vermelho, a Ferrari, tentará manter sua hegemonia na categoria que já dura cinco anos, entre as equipes, e quatro, entre os pilotos.Os gatos de raça são a Williams, a McLaren e a Renault ? os demais vira-latas não devem incomodar a disputa. E são enormes as dúvidas sobre as reais possibilidades que eles têm de tirar de Maranello o domínio imposto nas últimas temporadas. Mas há os otimistas, entre os felinos. “Schumacher não é imbatível”, diz Juan Pablo Montoya, da Williams, sobre o rato-mor. “Se dizem que sou candidato, sou candidato”, emenda Fernando Alonso, da Renault.
Os dois da McLaren, no entanto, andam guardando silêncio nas últimas semanas. Depois de um início alvissareiro de testes, Kimi Raikkonen e David Coulthard passaram a se defrontar com problemas de espaço no cockpit e falta de potência atrás dele. O motor Mercedes não inspira confiança. “Se chegarmos ao final da corrida na Austrália, será lucro”, resmungou o finlandês. “Vi a maioria dos testes sentado no caminhão”, queixou-se o escocês.
Na Williams, o otimismo de Montoya não encontra respaldo no que se viu durante os treinos de inverno na Europa. O câmbio do FW26, carro esquisitão, sugere delicadeza. E, para piorar, o ambiente no time não é dos mais harmônicos, sabendo-se que o colombiano já assinou com a McLaren e que Ralf Schumacher anda macambúzio diante da suspensão das conversas sobre a renovação de seu contrato. Será “saído”, como se diz.
Por tudo isso, Michael Schumacher, sempre ele, desponta como favorito mais uma vez. E as esperanças de que seja definitivamente caçado residem nas novas mudanças de regulamento promovidas pela FIA, como o formato confuso do treino que define o grid, a limitação de um motor por carro para todo o fim de semana e o banimento da eletrônica.