Aliocha Maurício/ O Estado |
Irivan Gustavo Burda esteve no cume do Monte Everest em junho. |
O montanhista curitibano Irivan Gustavo Burda não é muito conhecido pelo grande público, mas faz parte de um seleto grupo: o dos quatro brasileiros que conseguiram alcançar o cume do Monte Everest, a maior montanha do mundo, com 8.848 metros. Ao lado de Waldemar Niclevicz, ele chegou no topo do Everest no último dia 2 de junho.
Irivan conta que a fama não chegou junto com a conquista, mas que isso é algo desnecessário. "Para mim, eu tive sucesso. Foi uma realização pessoal minha e das pessoas que me ajudaram. Isso já é suficiente. É natural as pessoas valorizarem o Waldemar, que já está há muito tempo nisso", afirma.
Entretanto, a vida de Irivan mudou depois do feito. Muitas pessoas que o conhecem, por muito ou pouco tempo, agora enxergam o montanhista com outros olhos. "Me vêem com admiração, com uma grande capacidade de superação. Isto está sendo freqüente. O reconhecimento no meio foi muito grande e as pessoas vibraram muito por mim. Mas na minha vida mesmo, pouca coisa mudou", comenta.
O projeto de escalar o Everest começou em 2002. Também com Niclevicz, ele tentou alcançar o topo do mundo naquela época, mas abortou a idéia por causa das grandes avalanches. Em setembro do ano passado, foi convidado novamente por Niclevicz para o projeto Everest – 10 anos da primeira conquista brasileira. A partir de janeiro de 2005, ele passou por um treinamento físico intensivo e, no final de março, os dois viajaram para o Nepal, onde está localizado o Monte Everest. Após várias tentativas e desistências devido ao mau tempo, o ataque ao cume começou no dia 29 de maio, chegando no topo em 2 de junho. "Ficamos lá por apenas duas horas. Tentei lembrar de todo mundo que me ajudou porque não ia conseguir chegar sozinho", revela Irivan. A dupla voltou ao Brasil 10 dias depois.
O montanhista ainda não possui um projeto concreto de escalar outra alta montanha (mais de 6 mil metros de altitude), mas pretende ir a Patagônia argentina até o final de 2006. "Nos próximos anos, também quero voltar ao Nepal para escalar uma montanha com mais de 8 mil metros. Mas não há projeto agora. Isso surge com o tempo. Escalar é uma paixão, um prazer e um desafio, em qualquer lugar. Vou continuar sempre escalando", conclui. Irivan, de 34 anos, tem 20 anos de experiência no montanhismo e 18 em escalada em rocha. Há cinco anos ele se aventura em altas montanhas.