Cercada sob um forte esquema de segurança, a tocha olímpica desembarcou no final da tarde desta quinta-feira (10) em Buenos Aires. Após chegar ao Aeroporto Internacional de Ezeiza, ela foi levada rapidamente a um lugar secreto, de onde somente sairá para realizar o percurso, na tarde desta sexta (11), pelas ruas da capital argentina.
Única parada da tocha na América do Sul, Buenos Aires tenta evitar os protestos que têm acontecido em outros pontos da viagem pelo mundo, quando ativistas aproveitam o evento para promoverem manifestações contra o governo chinês. Os maiores incidentes aconteceram em Londres e Paris, mas também houve problemas em São Francisco, de onde o símbolo olímpico saiu para desembarcar na Argentina.
As autoridades argentinas declararam que duvidam sobre a eventualidade de incidentes durante a estadia da tocha em Buenos Aires. "Esta é uma cidade menos comprometida com a questão tibetana do que outras pelas quais a tocha passou. Este é um país esportivo, que pretende fazer deste evento uma festa", afirmou Francisco Irazarrabal, sub-secretário de Esportes da prefeitura portenha.
Mas, por precaução, os jornalistas não puderam aproximar-se da comitiva que levava a tocha na chegada ao aeroporto – um cordão de segurança afastou a imprensa a mais de 400 metros de distância. E nesta sexta-feira (11), para vigiar o trajeto de 14 quilômetros, que deve durar cerca de três horas, haverá um contingente de mais de 5.700 pessoas para evitar distúrbios.
O adido político da Embaixada da China em Buenos Aires, Jin Xia Pen, declarou à imprensa que, embora preveja a realização de algumas manifestações durante o evento, a estimativa é de que os protestos não terão a magnitude dos ocorridos em Londres e Paris. "Não solicitamos medida preventiva alguma", explicou o representante do governo chinês.
Protesto
O Movimento de Relevo da Tocha dos Direitos Humanos pretende, sim, fazer uma manifestação nesta sexta-feira (11) em Buenos Aires. A idéia é ir no sentido contrário do que for percorrido pela tocha olímpica. Tudo sem violência.
Segundo um dos representantes do movimento, Eduardo Bermúdez, os manifestantes se reunirão no Obelisco – o monumento símbolo da cidade – ao meio-dia. Dali, irão até a prefeitura de Buenos Aires para entregar a tocha dos Direitos Humanos. Ele aproveitou para convocar a população de Buenos Aires a boicotar o percurso oficial da tocha.
Enquanto isso, a Anistia Internacional Argentina declarou nesta quinta-feira (10) que é "oportuno recordar e fazer evidente a violação de Direitos Humanos que ocorre na China, que, longe de melhorar, está piorando". Segundo Rafael Barca, diretor-executivo da filial argentina da ONG, "a repressão aos ativistas aumentou por causa dos Jogos. Por isso, é necessário que na passagem da tocha em Buenos Aires seja possível evidenciar de forma pacífica o que está acontecendo na China".
Os escolhidos
Ao longo do trajeto pelas ruas de Buenos Aires, que terá cerca de 14 quilômetros, a tocha será levada por 80 pessoas. A maioria é de atletas, como o brasileiro Emanuel, campeão olímpico de vôlei de praia, mas também haverá celebridades (jornalistas, cantores e empresários).
O primeiro a levar a tocha deve ser o ex-jogador Maradona, mas sua participação ainda é dúvida, pois ele precisa chegar a tempo de uma viagem ao México. Enquanto isso, a corrida de revezamento será finalizada por outra grande estrela do esporte argentino, a ex-tenista Gabriela Sabatini.