O cheiro de pizza está de volta aos corredores da Federação Paranaense de Futebol (FPF). Segundo o apurado pela Tribuna, o Tribunal de Justiça Desportiva (TJD) do Paraná está prestes a arquivar o segundo inquérito que analisa o ?Caso Bruxo?, conjunto de denúncias de corrupção envolvendo árbitros, dirigentes de clubes e a cúpula da FPF.
Na primeira reunião do TJD em 2006, realizada na última quinta-feira, o presidente Bortolo Escorsim teria informado aos auditores que irá arquivar o inquérito do auditor Paulo César Gradella Filho, com base em parecer do procurador Adão Laslowski. No documento elaborado por Gradella, estão indiciados o presidente da FPF, Onaireves Moura; os ex-presidentes da comissão de arbitragem José Carlos Marcondes e Luiz Fernando Homann; e o diretor da escola de árbitros da FPF, Nelson Orlando Lehmkhul.
Moura está indiciado nos artigos 222, 237 e 239 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), com penas de até quatro anos de suspensão ou mesmo a eliminação do futebol, em caso de reincidência. Homann está enquadrado nos artigos 222 e 239. Lehmkhul, apenas 239. Já Marcondes, além do 222, foi incluído no artigo 241, que prevê pena de eliminação.
O inquérito foi aberto para apurar as denúncias feitas à Tribuna por um ex-jogador do Engenheiro Beltrão, que acusa o clube de ter sido favorecido pelas arbitragens para conquistar o acesso à Série Ouro do Campeonato Paranaense, em 2004. Durante as investigações, outros indícios foram juntados ao documento, como as declarações do árbitro José Francisco de Oliveira, o Cidão, que acusa Moura de vender ao Ponta Grossa, por R$ 50 mil, o resultado de uma partida contra o Prudentópolis, em 2000. Árbitro da partida, Cidão diz ter recebido pelo ?serviço? um cheque de R$ 5 mil, que afirma guardar até hoje em seu apartamento, em Londres.
Também estão anexas ao relatório gravações de uma conversa entre Homann e o ex-árbitro Amoreti Carlos da Cruz, onde Homann revela o envolvimento de Moura e Marcondes em manipulação de escalas de arbitragem e favorecimento a clubes envolvidos no esquema de corrupção. O conteúdo das gravações foi publicado com exclusividade pela Tribuna, em novembro do ano passado.
Segundo o auditor Clóvis Augusto Vieira da Costa, o assunto foi levantado na reunião do TJD na última quinta-feira. ?Houve mesmo essa especulação, mas não nos foi comunicado nada oficialmente. Isso (o arquivamento) é uma prerrogativa da presidência
e quem pode falar sobre o assunto é o doutor Bortolo? (Escorsim), revelou o auditor. Tribuna tentou o contato com o presidente do TJD e com o procurador Adão Laslowski, mas não obteve retorno.