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Marcos Campos/Divulgação
Bruno arma a jogada para Éder em um dos jogos do Cimed na superliga masculina. Nas estatísticas, ele é o segundo melhor levantador.

São Paulo – Ser capitão de uma equipe exige não só experiência de um atleta que representará o grupo, mas liderança e coerência em situações cruciais.

A pouca idade não tira essas características do levantador da Cimed, Bruno Rezende, de 20 anos, que lhe renderam o título de capitão mais jovem entre os 15 times da Superliga Masculina de Vôlei.

Esses traços da sua personalidade foram herdados do pai, garante Bruno, filho de Bernardinho, técnico da seleção brasileira. ?Sempre fui um jogador que fala muito em quadra com os companheiros de time. Essa liderança vem do meu pai. O Renan (técnico da Cimed) me conhece bem e me deu esse crédito?, diz Bruno.

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De qualquer forma, o levantador não parece se importar muito com tal ?status?. ?Não serve para muita coisa, até porque no time nós temos outros líderes. Isso é mais simbólico. Claro que para desempenhar essa função é preciso ter cabeça boa, como um levantador precisa ter?, assinala.

Nas entrevistas, Bruno mostra as mesmas características que o pai: responde às questões com segurança, mostra seriedade e dá a entender que nunca está satisfeito com o próprio desempenho. Na superliga, é o segundo melhor levantador (atrás de Vinhedo, da Unisul) e terceiro melhor sacador.

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Sobre a possibilidade de voltar a ser convocado pela seleção brasileira, mantém os pés no chão, exatamente como o pai: ?Todos trabalham para chegar à seleção, mas não me iludo com nada, sei que existem outros ótimos levantadores querendo a sombra do Ricardinho e do Marcelinho, que são unânimes neste momento. Eu vou trabalhar para estar no grupo, para conviver entre os melhores, como ano passado?.

Bruno foi convocado pela primeira vez para a seleção adulta em abril do ano passado. Participou da Liga Mundial, mas foi cortado do grupo que disputou a fase final da competição e também o mundial do Japão. ?Os primeiros dias foram bem estranhos porque quatro anos antes eu acompanhava meu pai aos treinos e ficava pegando bola para caras como o Giba e o Anderson. As coisas mudaram e eles já me vêem hoje de outra forma. Foi difícil porque eu não acreditava que aquilo era real?, recorda.

O levantador, filho de Bernardinho com Vera Mossa, atacante e musa da seleção feminina na década de 80, não se cansa de responder perguntas sobre o pai. ?Mas isso não me incomoda. Tenho orgulho disso e não fujo dessas perguntas. Talvez seja assim para o resto da vida. Parece que sempre vou ter de provar para as pessoas que tenho talento, e não que jogo porque sou filho do Bernardinho.?

Mas, segundo o jogador, o sucesso do pai nunca serviu para alavancar a carreira. ?Ser filho dele me ajudou a chegar até aqui no sentido de orientação. Ele me dizia o que fazer para melhorar. Mas nunca fui para nenhum time indicado por ele. É algo antiético e que nenhum dos dois aceitaria. Quando fui convocado pela primeira vez para a seleção, muita gente ficava perguntando se eu realmente merecia estar lá ou se estava só por causa do meu pai – e eu já tinha conquistados vários títulos, como o da superliga?, conclui.