Pois o caso Flavio Briatore-Nelsinho Piquet-Renault-Cingapura assumiu proporções nunca antes vistas na F-1. Virou um tiroteio de acusações pessoais que ontem chegaram ao auge, com as insinuações do diretor da equipe de que Nelsinho tinha um caso homossexual com um homem mais velho.
O dirigente do time francês soltou o verbo em Monza. Disse que a Renault já entrou com processos criminais contra Nelsinho e seu pai, Nelson Piquet, tricampeão mundial. Acusações: chantagem e extorsão. “Nós não fizemos nada. O fato de estarmos processando os dois prova que estamos confiantes. Nelsinho nunca teve performance. É um garoto mimado que sempre correu com sua própria equipe, o melhor carro, sempre teve seu pai do lado. Quando chegou numa competição de verdade, perdeu a cabeça. É muito frágil”.
Aí vem a parte mais escabrosa e cabeluda do que aconteceu ontem em Monza. “Ele (Piquet Jr) me acusou pesadamente de lhe fazer romper um relacionamento com um amigo, e isso eu devo dizer, porque foi seu pai quem me pediu isso. Ele vivia com esse senhor. Não se sabe que tipo de relação eles tinham. O pai estava muito preocupado. Viviam juntos, e o pai me pediu para interferir. Fiz Nelsinho se mudar de Oxford para meu prédio em Londres, onde eu podia mantê-lo sob controle”.
A pessoa não foi identificada. Briatore, espumando de ódio, disse que as denúncias à Renault foram feitas pelos dois Nelsons, e que o pai “todos conhecem”: “Ele degradou a imagem de todo mundo. Fez isso com Senna, com a mulher de Mansell, todos sabem como ele é”.
Virou briga de rua. Mas que não será tratada como tal pelo Conselho Mundial da FIA no dia 21 de setembro. Nelsinho terá de provar que lhe deram a ordem de se espatifar no muro de propósito. Há indícios fortes de que o fez, e também de que Briatore e o diretor-técnico Pat Symonds combinaram mesmo isso com ele, para que Alonso vencesse o GP de Cingapura do ano passado, como acabou vencendo.
O depoimento de Nelsinho é muito detalhado, embora Briatore contra-argumente que seria impossível desenhar uma corrida na 14ª volta, prever tudo que aconteceria depois. “Massa teve problemas, Kubica teve problemas, seis ou sete tiveram problemas. Como prever isso depois de 14 voltas?”, perguntou. “Não foi a primeira batida dele. Ele tinha batido 17 vezes no ano, já”.
Piquet divulgou comunicado ontem. “Porque estou dizendo a verdade, não tenho nada a temer, seja da Renault ou de Briatore. Ao passo que estou ciente do poder e da influência daqueles que estão sendo investigados, e os vastos recursos à sua disposição, não serei intimidado novamente para tomar uma decisão da qual me arrependo”.