Autor de três gols na incrível vitória por 3×2 sobre o Ajax, em Amsterdã, palco da virada espetacular que levou o Tottenham à final da Liga dos Campeões, Lucas Moura resgatou um protagonismo que há tempos não era visto com tamanho brilho com um jogador brasileiro no principal interclubes do Velho Continente. E neste sábado, às 16h (de Brasília), no estádio Wanda Metropolitano, em Madri, o Brasil estará representado em campo por quatro atletas do País na decisão entre o clube de Londres e o Liverpool no clássico inglês que definirá o novo “dono do futebol europeu”.
Com sua atuação épica na Holanda pelas semifinais, Lucas despontou como forte candidato a herói de um sonhado título que o Tottenham nunca conquistou. Pelo lado do time da terra dos Beatles, o também atacante Roberto Firmino terá a chance de ser decisivo como integrante do poderoso trio ofensivo que forma com o egípcio Salah e o senegalês Mané.
Já na parte defensiva, a equipe dirigida por Jürgen Klopp tem o goleiro Alisson e o volante Fabinho, ambos em boa fase, como outros brasileiros que poderão fazer a diferença para que o Liverpool conquiste o seu sexto título europeu e se isole como terceiro maior vencedor da história da Liga dos Campeões. Hoje o clube divide esta honraria com Barcelona e Bayern de Munique, também detentores de cinco taças cada da competição mais almejada do continente. À frente destes gigantes figuram apenas o Real Madrid, recordista absoluto, com 13 troféus, e o Milan, com sete.
O Real, por sinal, teve Marcelo e Casemiro como peças importantes da engrenagem que fez o clube conquistar um histórico tricampeonato europeu com os títulos consecutivos nas três temporadas anteriores. Eficiente na marcação, o volante da seleção brasileira fez até gol na vitória por 4×1 sobre a Juventus na final da competição em 2017, assim como o lateral-esquerdo deixou a sua marca no triunfo pelo mesmo placar sobre o Atlético de Madrid que deu outro troféu continental ao Real em 2014.
Desde 2015, porém, que um atacante brasileiro não marca um gol em uma final da Liga dos Campeões. Isso ocorreu pela última vez quando Neymar fechou o placar da vitória por 3 a 1 sobre a Juventus que deu ao Barcelona, em Berlim, a sua última taça desta competição.
“Estamos precisando de protagonistas brasileiros. E quando se fala em protagonismo, eu vejo sim uma carência que nós não estávamos acostumados a ver. O Brasil sempre foi referência no futebol mundial, com seus jogadores nas principais ligas, nas principais competições, e isso não tem sido uma constante nos últimos anos”, afirmou o ex-lateral -esquerdo Fábio Aurélio, em entrevista ao Estado, com a experiência de quem defendeu o Liverpool entre 2006 e 2012.
“Até mesmo o Neymar, um dos grandes protagonistas atuais do futebol mundial, vem passando por situações complicadas. A imagem dele não vem sendo muito bem falada, desde a Copa, com ele sendo chamado de ‘cai-cai’, e agora com outras coisas que aconteceram com ele”, reforçou o ex-jogador brasileiro, se referindo a episódios polêmicos envolvendo o astro do PSG, entre os quais a agressão do atacante a um torcedor após a derrota para o Rennes na decisão da última Copa da França.
Contemporâneo de Neymar, com o qual chegou a dividir as atenções como os dois principais nomes de seleções brasileiras de base, Lucas disputará neste sábado o grande jogo da sua vida. Da mesma maneira esta partida é encarada por Alisson no Liverpool, mesmo com o fato de ele ter sido o goleiro titular do Brasil na Copa do Mundo de 2018.
“Quando acabou o Campeonato Inglês, tínhamos 20 dias de preparação para a final da Liga dos Campeões. Não estou conseguindo esperar. Desejo muito jogar esta grande partida. É a mais importante da minha carreira”, disse o brasileiro nesta semana.
Retorno
No ataque do Liverpool, Firmino deve ser escalado por Klopp como titular neste sábado depois de ter disputado a sua última partida pela equipe no dia 1º de campo, quando esteve em campo por poucos minutos durante o jogo de ida da semifinal da Liga dos Campeões, contra o Barcelona, que terminou em derrota do time inglês por 3×0, no Camp Nou. Na sequência, ele ficou fora de três partidas: o duelo de volta contra a equipe espanhola e os confrontos diante de Newcastle e Wolverhampton, pelas duas últimas rodada do Campeonato Inglês.
Ao ser questionado sobre a situação de Firmino em entrevista coletiva concedida no palco da decisão nesta sexta, o comandante alemão avisou: “Ele está pronto, ele está treinado, ele está aqui e, se nada aconteceu do momento em que ele deixou o avião (e desembarcou em Madri) até agora, o que eu não vi deste então, ele estará bem para jogar”.
Pelo lado do Tottenham, o técnico Mauricio Pochettino evitou confirmar a escalação de Harry Kane, mas a tendência é a que coloque o atacante entre os 11 titulares, pois o jogador treinou normalmente nesta sexta. “Não sei se ele começará jogando. Vamos ter outro treino ainda e aí vamos decidir”, avisou o comandante.
Artilheiro do time nas últimas temporadas, Kane sofreu uma lesão no ligamento lateral do tornozelo esquerdo no dia 9 de abril, no jogo de ida das quartas de final da Liga dos Campeões, contra o Manchester City.
Outros heróis
Fato raro nesta década em finais de Liga dos Campeões, o protagonismo destacado de jogadores brasileiros ocorreu por várias vezes em decisões do torneio nos primeiros anos deste século. Em 2003, por exemplo, o Milan que tinha Kaká, Rivaldo, Serginho e Roque Junior em seu elenco viu Dida pegar três pênaltis contra a Juventus para garantir o título contra a rival Juventus após empates por 0x0 no tempo normal e na prorrogação, no estádio Old Trafford, em Manchester.
No ano seguinte, em Gelsenkirchen, na Alemanha, os meias brasileiros Carlos Alberto e Deco, este naturalizado português, fizeram os dois primeiros gols do Porto na vitória por 3×0 sobre o Monaco que assegurou o título europeu ao clube português.
Pouco depois disso, em 2006, o Barcelona de Ronaldinho Gaúcho superou o Arsenal por 2 x 1, de virada, no Stade de France, graças a um gol marcado por Belletti no final do segundo tempo para faturar a taça da Liga dos Campeões.
Em 2007, ano em que foi eleito o melhor jogador do mundo pela Fifa, Kaká não fez gol pelo Milan no triunfo por 2×1 sobre o Liverpool na final em Atenas, mas terminou a competição como maior artilheiro, com dez gols, e foi o principal destaque daquela campanha.
Assim como em 2007, nenhum brasileiro marcou gol na vitória por 2×0 sobre o Bayern de Munique que deu o título europeu à Inter de Milão em 2010, em Madri, mas vale lembrar que aquele time dirigido por José Mourinho tinha o goleiro Julio Cesar, o zagueiro Lúcio e o lateral Maicon em seu sólido setor defensivo que ainda contava com os argentinos Samuel e Zanetti.
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