Sebastian venceu a bateria de |
"O Havaí é aqui!". Foi assim que os cariocas do Claro Rio Va’a Rui Hoe comemoraram o segundo lugar na Rio Va’a 2004, maior competição de Canoa Polinésia da América Latina, disputada sábado, na orla da Zona Sul do Rio de Janeiro. Os remadores locais desbancaram ninguém menos do que os havaianos do Hawaiian Canoe Club, em emocionante disputa ao longo dos 28km de prova, ficando atrás apenas do time do Taiti, o Ruahatu Va’a, que completou o percurso em 2h14min27s. Na inédita prova feminina, vitória da Kanaloa, de Santa Catarina.
"Perder apenas dos taitianos, que treinam há anos juntos, já foi uma vitória pra gente. Estou muito feliz. O Havaí é aqui!", vibrou Fábio Santos, da equipe carioca.
"Esse resultado vale ouro", resumiu Nicolas Bourlon, também atleta do Rio Rui Hoe e organizador do evento.
Antes da largada, um momento de emoção e resgate às origens do esporte, criado há três mil anos para ajudar na colonização das ilhas polinésias. Com todas as equipes formando um círculo de mãos dadas na areia, as novas embarcações foram batizadas com água do Oceano Pacífico, num tradicional ritual feito na língua taitiana.
Ao longo das praias do Leme, Copacabana, Arpoador, Ipanema e Urca, muitos aplausos e gritos de incentivos dos banhistas, surfistas e tripulantes de embarcações, criando o clima perfeito para a disputa acirrada que se via. Sob sol forte, os cariocas do Claro Rio Va’a Rui Hoe passaram mais da metade do percurso em terceiro lugar, na cola dos havaianos. Na saída da Praia Vermelha em direção à praia da Urca, aconteceu a ultrapassagem espetacular, com os cariocas aproveitando bem o embalo das ondas de encontro às pedras.
"Até Ipanema deu tudo certo, mas não estamos muito acostumados com o mar calmo como este. O pessoal também sentiu muito o calor", lamentou Rodrigo da Silva, brasileiro que mora e compete pelo Havaí há sete anos.
Liderando de ponta a ponta, os taitianos mostraram toda a categoria e força no esporte, tão popular em seu país quanto o futebol no Brasil.
"A prova foi bem difícil por causa da distância e das correntezas. A pior parte foi no final da prova, depois de duas horas remando com vento e sol na cara. Mas acabou dando tudo certo e conseguimos vencer", disse Didier Bordes.
Na quarta colocação ficou o time de Bertioga, o Brucutus. Apesar de já colecionarem títulos dentro do país, não conseguiram o resultado esperado no Rio Va’a 2004.
"Nós não remamos o que poderíamos. De qualquer forma, valeu a experiência", lamentou Everdan Riesco.
O time Velox Botafogo Praia Vermelha Va’a Clube, formado por remadores masters do Botafogo, representado por duas equipes, terminou na quinta e na sétima colocação.
"Os times que chegaram na frente são os mais experientes. Levando em consideração que só temos seis meses de treinamento, fomos muito bem", avaliou Ronald Williams.
A prova feminina também foi uma das boas surpresas do Rio Va’a 2004. Após dois anos da competição, enfim, foi possível realizá-la. As remadoras do Kanaloa (Santa Catarina), equipe campeã, e do Rio Va’a Rui Hoe deram um exemplo de superação e completaram os 19 kms da prova com sucesso.
"A gente não conhecia o trajeto e nunca tínhamos conseguido formar um barco só de mulheres. Mas colocamos na cabeça que o importante era completar a prova e não ficar olhando para o lado. Acabou dando certo! Foi muito legal", comentou Vanessa Bevilaqua, remadora do Kanaloa.
Na sexta-feira, na prova de V1 (para um remador), vitória do canoísta olímpico Sebastián Cuattrin.