Adriano e Ronaldo vão se revezar nas jogadas de frente. |
São Paulo (SP) – Há quatro anos a seleção brasileira não pisava em solo paulistano. A cidade mais arredia à euforia nacional pelos pentacampeões acabou sendo ?esquecida? pela CBF, e só volta a receber o time de Carlos Alberto Parreira depois de uma aproximação entre os presidentes da entidade nacional e o da Federação Paulista.
Mas os mais de sessenta mil torcedores não verão o time principal, e sim um grupo esfacelado pela ausência de cinco titulares, envolvidos em mais uma queda-de-braço da gestão de Ricardo Teixeira. Só que Ronaldo e Ronaldinho estarão em campo, e a esperança é que com eles o Brasil mostre bom futebol a partir das 17h10, contra a Bolívia, no Morumbi.
As vaias foram as primeiras ?inimigas? da seleção em São Paulo. Nas eliminatórias da Copa de 2002, apenas na partida contra a Argentina (vitória brasileira por 3×1) não houve apupos. Contra Equador e Colômbia, ficaram marcadas as cenas das bandeiras sendo atiradas para o campo, símbolo da revolta dos torcedores contra as más atuações das equipes comandadas por Vanderlei Luxemburgo e Emerson Leão (que, por coincidência, assumiu na sexta-feira o São Paulo, clube que cede o Morumbi para a seleção).
Para completar, Ricardo Teixeira se incomodava com a sede de poder do então presidente da FPF Eduardo Farah. De amigos, eles passaram a desafetos, e o prejudicado foi o público paulista, que não mais viu a seleção depois de novembro de 2000. Para completar, a CBF vive às turras com a imprensa local, crítica às ações da entidade. A seleção só voltou depois de intensas negociações do agora homem forte do futebol paulista Marco Polo del Nero.
E a escassez de jogos faz com que Ronaldo não atue em São Paulo desde 94, quando ainda defendia o Cruzeiro em sua última temporada antes de ir para a Europa. O Fenômeno, por incrível que pareça, está ansioso com o jogo desta tarde, pois nunca vestiu a camisa da seleção no Morumbi. “É uma sensação diferente, que às vezes você nem imagina que vai sentir mais”, confessa o atacante, naturalmente a figura mais procurada pela imprensa – a única pessoa a concorrer com ele é a namorada Daniella Cicarelli.
Em contrapartida, o ?experiente? do grupo é Ronaldinho, que jogou várias vezes com a seleção em São Paulo. “Eu gosto muito de jogar no Morumbi. Sempre que joguei aqui fui bem e venci”, conta o jogador do Barcelona, a principal novidade da seleção para a partida (ver matéria). Para o técnico Carlos Alberto Parreira, que ?conquistou? os paulistanos – boa parte deles, pelo menos – ao vencer a Copa do Brasil de 2002 pelo Corinthians, o importante é fazer valer o mando de campo. “Tenho certeza que a torcida de São Paulo vai nos apoiar”, diz.
Só que estão previstas manifestações contrárias à decisão da CBF em não convocar os jogadores do Milan (Dida, Cafu e Kaká) e do Bayern de Munique (Lúcio e Zé Roberto). Além disso, a torcida espera um ?passeio? em cima dos bolivianos, coisa que não acontece há tempos. Por isso, a previsão para o domingo paulistano é aquela de sempre: calor, pressão e muita cobrança.
Robinho gera protesto do Santos
O Atlético é personagem involuntário de mais uma crise envolvendo dois dos principais treinadores do futebol brasileiro. O técnico do Santos Vanderlei Luxemburgo reclamou publicamente de seu “colega” Carlos Alberto Parreira. O motivo é a convocação de Robinho para os jogos de hoje e de quarta contra a Alemanha, que acabam tirando o atacante da “final antecipada” do brasileiro – o jogo entre Santos e Atlético acontece também na quarta, às 21h50, na Vila Belmiro.
Luxemburgo reclamou que seu time foi “prejudicado”. Parreira retrucou na mesma moeda. “É muito estranho que ele diga essas coisas, porque ele foi técnico da seleção e sabe como é o procedimento das convocações. Não pretendo abrir mão de ninguém em qualquer jogo oficial”, avisa o treinador, mesmo sabendo que uma rápida citação aos jogadores preteridos a pedido da CBF criaria uma contradição. (CT)
ELIMINATÓRIAS DA COPA DO MUNDO
BRASIL X BOLÍVIA
Brasil: Júlio César, Belletti, Edmílson, Roque Júnior e Roberto Carlos; Gilberto Silva, Juninho, Edu e Ronaldinho; Adriano e Ronaldo. Técnico: Carlos Alberto Parreira
Bolívia: Leo Fernández; Ribeiro, Jáuregui, Peña, Raldes e Oscar Sánchez; Cristaldo, Galindo, Pizarro e Gutiérrez; Botero. Técnico: Ramiro Blacut
Súmula
Local: Morumbi (São Paulo-SP)
Horário: 17h10
Árbitro: Hector Baldassi (ARG)
Assistentes: Rodolfo Otero (ARG) e Juan Carlos Rebollo (ARG)