O Brasil fechou com chave de ouro a primeira parte da “era Tite”. Com muita qualidade, a seleção derrotou o Chile por 3×0 na última rodada das Eliminatórias e mostrou todas as virtudes que fizeram a equipe sair de um fiasco internacional para ser favorita na Copa do Mundo do ano que vem, na Rússia. O resultado tirou os chilenos do Mundial, enquanto os craques Messi e Suárez classificaram Argentina e Uruguai, e a Colômbia fechou o grupo dos classificados. Já o Peru será o representante sul-americano na repescagem, enfrentando a Nova Zelândia.
Não era acompanhar apenas um jogo. Era ver o Brasil, secar a Argentina (se é um pecado a Copa não ter Messi, um pouco de sofrimento dos Hermanos não faria mal), acompanhar o Uruguai, ver quem passava entre Peru e Colômbia, conferir o Paraguai. Todos os jogos valiam, todos os confrontos se ligavam. Qualquer gol mudaria a história das Eliminatórias. Era uma tensão só. Menos para os eliminados Equador, Bolívia e Venezuela.
Veja como foi o jogo no Tempo Real da Tribuna!
E para a seleção, claro. Tite fizera dois pedidos aos jogadores – que mantivessem o nível de atuação e que tivessem tranquilidade diante do nervosismo chileno no Palestra Itália. A torcida tinha até certa simpática com a causa dos adversários, todo mundo para ver o drama argentino, e boa parte de palmeirenses pela presença de Valdívia em campo. Mas os hinos tinham sido tocados, times postados, vamos pro jogo.
A seleção chilena nem tinha pego na bola e o Equador já tinha feito 1×0 na Argentina com Ibarra. Romário Ibarra, é bom que se registre. E o estádio do Palmeiras veio abaixo. Paraguai x Venezuela já rolava, Peru x Colômbia começou atrasado. E Renato Augusto foi o primeiro a levar perigo ao gol de Claudio Bravo – e assustar a presidente do Chile, Michelle Bachelet, que resolveu ir para São Paulo.
Animado estava mesmo o jogo em Quito. Messi resolveu levar a Argentina nas costas e empatou. Vaias no Allianz Parque. Em campo, a seleção tinha o controle tático, enquanto os visitantes arriscavam nos contra-ataques. Apagado em outras partidas, Renato Augusto era mais participativo, e Neymar ganhava o duelo com Isla. E por lá que quase saiu o gol, depois do passe de Gabriel Jesus para o nosso camisa 10, que parou em Bravo.
E o drama mudou de lado na metade do primeiro tempo. Messi virou o jogo para a Argentina e era a vez do Chile se preocupar. O Peru era o eliminado, mas a partir dali a pressão aumentava para La Roja. Também aumentava para paraguaios e colombianos. E para o Uruguai, que tomava um gol da Bolívia em Montevidéu. Não tirava a Celeste da Copa, mas dava mais um molho para a já movimentada rodada.
Mesmo melhor em campo, a seleção brasileira visivelmente jogava num ritmo mais lento. Os jogadores arriscavam mais, e naturalmente erravam mais. Só aos 30 minutos Neymar voltou a arriscar, chutando de longe para fora. E aos 38 enfim uma grande chance – Renato Augusto cruzou e Gabriel Jesus cabeceou pra baixo, mas em cima do goleiro do Chile. O lance acordou a torcida, que parecia apenas curtir o jogo, sem empurrar o time pra valer.
Antes de acabar a primeira etapa, o Uruguai empatou com a Bolívia. E o jogo esquentou – Neymar começou a discutir com os chilenos, levou cartão amarelo, Ederson empurrou Vargas, ficou mais com cara de Eliminatórias. E ainda houve tempo de Cavani virar o jogo em Montevidéu, resultado que deixava três vagas em disputa, porque os uruguaios se garantiam.
Minutos finais
O segundo tempo se iniciou com um jeitão de anticlímax, já que o resultado até então classificava o Chile e a seleção seguia sossegada. A preocupação residia em Neymar e seu pavio curto, pois uma expulsão o tiraria da estreia da Copa do Mundo. Mas logo veio a festa – aos 9 minutos, Daniel Alves cobrou falta, Bravo bateu roupa e Paulinho abriu o placar. Logo o meia do Barcelona, o símbolo da arrancada da “era Tite”.
Dessa forma o Chile perdia a posição para a Colômbia e ia para a repescagem. E sofria mais, porque aos 11 minutos Philippe Coutinho acertou um lançamento espetacular para Neymar, que só rolou para Gabriel Jesus ampliar. Pronto, já tínhamos festa em São Paulo. E desespero do adversário, porque com o resultado de 2×0 para o Brasil os chilenos perdiam até a repescagem para o Peru.
Sim, o Peru estava entrando – e todos os trocadilhos estavam liberados. Mas logo tiraram o Peru e os trocadilhos, porque James Rodríguez calava o estádio Nacional de Lima e classificava Colômbia e Chile. Mesmo assim, os visitantes perdiam a cabeça e a partida ficava tensa até demais. No Uruguai estava tudo mais calmo, porque Suárez fazia o terceiro e o quarto contra a Bolívia. Pra Argentina também, pois Messi fez o terceiro dele diante do Equador.
Nervosos, os chilenos viram o Brasil resolver jogar. Philippe Coutinho comandava a seleção com outra grande atuação. Daniel Alves e Paulinho também brilhavam. E o talento de Guerrero colocou o Peru na briga de novo, empatando o jogo com a Colômbia e tirando o Chile da Copa. OK, trocadilhos liberados.
Reta final das Eliminatórias. Neymar era aplaudido ao ser substituído por Willian. O Paraguai fazia a proeza de tomar um gol da Venezuela e dizia adeus à Copa. Philippe Coutinho também saía para ser aplaudido. Firmino perdeu um gol feito. Claudio Bravo foi para área. Gabriel Jesus nem precisou chutar. Gol do Brasil. Chile fora. Peru dentro. Perdão pelo trocadilho.
Ficha técnica
ELIMINATÓRIAS
2º Turno – 18ª Rodada
BRASIL 3×0 CHILE
Brasil
Alisson; Daniel Alves, Marquinhos, Miranda e Alex Sandro; Casemiro, Paulinho, Renato Augusto (Fernandinho) e Philippe Coutinho (Roberto Firmino); Neymar (Willian) e Gabriel Jesus.
Técnico: Tite
Chile
Bravo; Isla, Medel, Jara e Beausejour; Fuenzalida (Puch), Aránguiz (Pulgar), Hernández (Paredes) e Valdívia; Vargas e Alexis Sánchez.
Técnico: Juan Antonio Pizzi
Local: Allianz Parque (São Paulo-SP)
Árbitro: Roddy Zambrano (EQU)
Assistentes: Christian Lescano (EQU) e Byron Romero (EQU)
Gols: Paulinho 9 e Gabriel Jesus 11 e 47 do 2º
Cartões amarelos: Philippe Coutinho, Neymar (BRA); Alexis Sánchez, Isla (CHI)
Renda: R$ 15.118.391,02
Público pagante: 41.008