A Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD) prepara uma importante ação para o período posterior à Copa do Mundo. Em agosto, a entidade vai colocar na rua um plano de recrutamento para oficiais de controle de doping. Mais de mil pessoas serão selecionadas para trabalhar nos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos do Rio em 2016.

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“Estamos nos preparando para selecionar, capacitar e certificar agentes de controles de dopagem para 2016”, explica Marco Aurélio Klein, diretor executivo da ABCD. “Serão oficiais de controle, de coleta de sangue, escoltas e operadores das estações de controle. Temos de formar um grupo com diversos profissionais que passará de mil pessoas, podendo chegar a 1.500 ao longo do período.”

A ABCD foi efetivamente criada em 2011, por meio do decreto, e está subordinada ao Ministério do Esporte. Sua existência está atrelada aos compromissos assumidos pelo governo brasileiro junto ao Comitê Olímpico Internacional (COI), quando o Brasil ganhou o direito de sediar os Jogos Olímpicos.

Em uma de suas primeiras ações, a ABCD debruçou-se sobre a situação do controle de dopagem no País. Em 2013, todos os competidores que recebem o benefício do Bolsa Atleta responderam a uma pesquisa, cujo objetivo era mapear o alcance dos testes no alto rendimento. Os resultados preocupam.

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Dos cerca de 7 mil participantes da pesquisa, 76% afirmaram nunca terem passado por exame antidoping em competição. O número aumenta para 83% quando a pergunta se refere a testes aplicados no Brasil.

Além da flagrante falta de exames, quase a totalidade dos atletas (92%) afirmou não saber que existe uma lista de substâncias proibidas – que está disponível no site da Agência Mundial Antidoping (Wada), no do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e também no da ABCD.

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Na avaliação de Klein, o Brasil sofre com grandes falhas, não só no escasso número de testes, mas também no processo de educação contra o doping. Por isso, a entidade brasileira costura um acordo de cooperação com a Agência Britânica (Ukad) para criar um programa de conscientização. O Brasil tem a expectativa de zerar o número de casos positivos de doping em 2016.

“Temos um trabalho paralelo muito grande a fazer, que é o de educação. Nas categorias de base, o esforço de controlar é menor. Não podemos aterrissar numa competição estudantil com análises sofisticadas de substâncias quando os garotos nunca tiveram uma orientação”, afirma Klein.

ASSUNTO FEDERAL – Outro diagnóstico da pesquisa realizada pela ABCD é que apenas seis, das 30 confederações de esportes olímpicos, têm um programa de combate ao doping. Uma delas é a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), entidade que mais faz exames no Brasil, perdendo apenas para a Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

Na semana passada, durante a disputa dos GPs de São Paulo e de Uberlândia, CBAt e ABCD fizeram em conjunto os exames antidoping dos torneios. Os custos foram todos pagos pela agência federal.

O processo de controles antidoping, segundo Klein, vive um período de “transição” – a partir desse ano, todos os testes serão pagos pelo governo. “Vamos tirar das confederações a responsabilidade de fazer os exames”, avisa. Assim, a ABCD – com verba federal – vai custear todos os testes realizados pelas entidades olímpicas no País. Do orçamento deste ano para o órgão (R$ 12,2 milhões), R$ 8 milhões são para os controles.