Em busca de uma vaga nas semifinais da Copa do Mundo, a seleção brasileira tentará superar dois adversários nesta sexta-feira, às 17 horas, no Castelão, em Fortaleza. A equipe dirigida por Luiz Felipe Scolari terá que vencer a talentosa seleção da Colômbia e a sua própria tensão, controlando os nervos para manter vivo o sonho de conquistar o hexacampeonato mundial.
Afinal, mais do que as duas defesas do goleiro Julio Cesar na disputa de pênaltis contra o Chile, que assegurou a passagem da seleção para as quartas de final, o que mais repercutiu nos últimos dias foi mesmo o abalo emocional exibido por jogadores, e até por membros da CBF, na primeira decisão do Brasil na Copa.
Lágrimas escorreram pelos rostos de vários jogadores antes mesmo da definição do confronto, incluindo o zagueiro e capitão Thiago Silva, colocando em dúvida se esse grupo da seleção tem condições de suportar a pressão de conduzir o Brasil a mais um título mundial, dessa vez atuando em casa. E isso estará em jogo no Castelão nesta sexta-feira.
Os jogadores, porém, tentam minimizar o que foi visto como um descontrole no Mineirão. “Foi a emoção pela partida. Jogar 90 minutos, depois prorrogação e pênaltis, com muito calor e mais de 200 milhões de brasileiros na torcida. O time está preparado para lidar com essa questão emocional dentro e fora do campo”, disse o volante Ramires.
O que se viu nos últimos dias, então, foi uma seleção que evitou mostrar os seus sentimentos. É exatamente o que se espera ser visto dentro de campo, diante da Colômbia. E até a psicóloga Regina Brandão foi acionada nos últimos dias para ajudar a controlar os nervos dos jogadores, contribuindo para uma mudança de comportamento dentro de campo em Fortaleza.
E a versão adotada pelos jogadores foi de que eles externaram a emoção por estarem focados na Copa. “O pessoal está colocando a questão emocional como um peso. Não vejo assim. Os jogadores estão vivendo essa Copa de forma muito intensa”, disse o goleiro Victor.
SUPERAÇÃO – Além de lidar com os seus nervos, a seleção também terá que superar um recente trauma na Copa. Afinal, após a conquista do pentacampeonato mundial em 2002, a seleção não foi além das quartas de final. Foi nesta fase que o Brasil perdeu em 2006 para a França e em 2010 para a Holanda, encerrando a sua participação no torneio.
“A gente não conversa sobre o que passou, vive o presente, o momento maravilhoso da carreira de cada um. Até mesmo os jogadores que estiveram nas últimas Copas. Evitamos falar do que aconteceu. Estamos focados no presente”, disse o volante Fernandinho.
Agora, diante da Colômbia, a seleção tenta avançar nas quartas de final para chegar viva na semana final da Copa. Para isso, porém, não basta controlar os nervos. Afinal, o Brasil tem oscilado demais desde a abertura da competição, com pouca compactação entre os setores e movimentação escassa no setor ofensivo.
Por isso, Felipão fez alguns testes nos últimos dias, como escalar um time com três zagueiros e sem um centroavante, em um indicativo de insatisfação com as atuações apagadas de Fred, mas só deve mesmo fazer uma mudança, obrigatória, para começar o jogo contra a Colômbia. Com Luiz Gustavo suspenso, Paulinho retorna ao time após ficar fora da partida com o Chile por opção do próprio treinador.
Assim, Fernandinho deve atuar como primeiro volante, ao contrário do que aconteceu no jogo com o Chile, quando ficou com a vaga de Paulinho. “Fui convocado como primeiro volante, joguei a temporada passada toda assim na Inglaterra (no Manchester City). Se ele optar por isso, não tem problema nenhum”, disse.
Os cartões amarelos, aliás, são outra preocupação para o jogo com a Colômbia. Afinal, o capitão Thiago Silva, os atacantes Neymar e Hulk e o lateral-direito Daniel Alves, além dos reservas Ramires e Jô, estão pendurados com um cartão amarelo e caso voltem a ser advertidos, ficarão fora de uma eventual semifinal.
CONFRONTO DIRETO – O principal temor, claro, envolve Neymar. Afinal, o craque é o principal jogador da seleção. E ele precisou superar dores no joelho direito e na coxa esquerda para enfrentar a Colômbia. Mas ele garante que a situação não vai atrapalhá-lo em campo. “Estou bem, não sinto dor. Pode ficar tranquilo”, afirmou.
E, nesta sexta-feira, o brasileiro terá pela frente o seu primeiro confronto direto com outro protagonista desta Copa. Se trata do meia James Rodríguez, o camisa 10 da Colômbia, que possui números até melhores do que o brasileiro, sendo o artilheiro da competição, com cinco gols. “James Rodríguez é um excelente jogador, um craque, apesar da pouca idade. Temos 22 anos. Espero que o ciclo dele acabe agora e a seleção siga na Copa”, disse Neymar.
O atacante brasileiro garante, inclusive, que não se incomoda com a pressão de ter que liderar a seleção em campo. “É uma responsabilidade gostosa que eu assimilo e gosto, sempre com ousadia e alegria, e de vencer sempre”, comentou a principal esperança de conduzir o Brasil às semifinais.
Enquanto isso, James Rodríguez comanda a seleção colombiana, uma das sensações dessa Copa, com 100% de aproveitamento em quatro jogos e uma classificação tranquila para as quartas de final, com a vitória por 2 a 0 sobre o Uruguai. E tentando levar a Colômbia para a sua primeira semifinal na história do torneio, o técnico Jose Pekerman deve repetir a mesma formação do triunfo sobre os uruguaios.
Entre eles, além de James Rodríguez, está o criativo e rápido meia Juan Guillermo Cuadrado. Serão esses dois jogadores colombianos e os próprios nervos que a seleção precisará controlar para voltar a disputar uma semifinal de Copa depois de 12 anos.