Brasil tenta acabar com jejum contra Uruguai

Montevidéu – Cansado de ser criticado por sua forma física, de ter sua qualidade técnica questionada e de ouvir boatos sobre sua vida pessoal, Ronaldo deu mais um desabafo ontem, em Montevidéu, onde hoje o Brasil enfrenta o Uruguai às 21h45 pelas eliminatórias sul-americanas.

Ele admitiu, novamente, estar em má fase. E disse que espera dar a volta por cima diante dos uruguaios. Mas sem dar bola para as pressões externas. "Eu não vou querer fazer gol para calar a boca de ninguém. Vou tentar fazer um gol para mim", disparou. "Cheguei onde cheguei não foi à toa. Ninguém deu nada pra mim no começo. Tenho meus méritos."

Segundo Ronaldo, "os problemas vão acabar quando a bola começar a entrar". Ronaldo aproveitou também para negar o boato de que sua esposa, a modelo Daniella Cicarelli, esteja grávida. A própria Daniella já havia desmentido a informação. Ronaldo admitiu, porém, que espera ter um filho com ela em breve. "A gente se casou há pouco tempo e é claro que queremos ter um filho, mas não temos nada programado ainda. E quando isso acontecer, não vamos esconder de ninguém."

O Fenômeno disse que entende as pessoas que querem saber sobre sua vida pessoal. "Até gosto da curiosidade e admiração que o povo tem por mim e pela minha esposa." Mas admitiu uma mágoa muito grande com uma parte da imprensa. "O problema é que há um setor do jornalismo, principalmente o que cuida da vida pessoal dos famosos, que insiste em querer anunciar uma "notícia-bomba". Isso é uma falta de respeito comigo."

Questionado se, apesar de tudo, está feliz, Ronaldo respondeu: "Sim. Estou". Em seguida, voltou a falar de futebol e sobre sua fase atual. "Sou profissional há 13 anos. Não tenho que concordar nem discordar das críticas. Eu mesmo faço a minha autocrítica, quando coloco a cabeça no travesseiro e penso no que poderia fazer diferente."

Ronaldo discorda daqueles que insistem em criticar a seleção por ela não conseguir apresentar um futebol convincente. "Não vai ser possível dar espetáculo sempre. Somos os atuais pentacampeões do mundo. Não temos que provar mais nada para ninguém." Ele completou: "Sabemos que o brasileiro é exigente, pois está acostumado com jogadores de qualidade. Isso é até bom. Futebol é uma das poucas coisas que ainda dão alegria ao brasileiro. Sabemos que temos que sempre dar o máximo pela seleção e sabemos onde temos que melhorar".

Sobre o Uruguai, Ronaldo disse: "Lemos em alguns jornais que eles se consideram favoritos. Vamos ver como vai ser no jogo. Não temos que nos preocupar com o adversário, mas com o nosso time". O Fenômeno fará seu primeiro jogo como titular no Centenário. A única vez em que ele esteve no estádio foi na Copa América de 95, quando ainda era reserva.

Parreira esconde o jogo de novo

Montevidéu – A seleção brasileira volta a campo pensando em dar mais um passo com vistas à classificação para a Copa do Mundo de 2006. E terá pela frente um adversário tão conhecido quanto duro de ser batido: o Uruguai, que precisa da vitória para não ver a Alemanha, sede do próximo mundial, bem mais distante.

Os uruguaios ocupam apenas a quinta colocação, com 15 pontos, abaixo de Paraguai, 16; Equador, 19; Brasil, 23; e Argentina, 25 pontos. Por isso, um tropeço em casa pode ser considerado uma tragédia para o Uruguai, que dos cinco jogos restantes fará três fora (Venezuela, Peru e Equador) e dois em Montevidéu (Colômbia e Argentina).

O técnico Carlos Alberto Parreira até tentou fazer mistério quanto a escalação da seleção brasileira. No fim da tarde de terça-feira, no entanto, revelou que a tendência é que mantenha a formação que iniciou a partida de domingo passado e venceu o Peru, em Goiânia, por 1×0, entrando apenas com Luisão na zaga, uma vez que Juan cumpre suspensão pelo segundo cartão amarelo.

"Nunca foi fácil jogar no Centenário e com o Uruguai precisando da vitória as coisas se complicam. Mas vamos procurar atuar com inteligência para explorar o desespero deles", ensinou Parreira, que quer a vitória, mas considera o empate um mau resultado. Afinal, um ponto pode fazer a Argentina disparar na liderança, mas mantém o Brasil em segundo lugar.

Cuidado com as canelas

Montevidéu – Contra um adversário que recomenda o uso de caneleiras, o técnico Carlos Alberto Parreira espera hoje, às 21h45, pela quebra de um jejum: há 29 anos o Brasil não vence o Uruguai no Estádio Centenário, em Montevidéu. ?Jejum existe para ser quebrado e temos tudo para fazer isso agora. Estamos otimistas, com um time para ganhar.?

Parreira só não quer ver nenhum de seus jogadores entrando em catimba ou tremendo frente aos uruguaios que, tradicionalmente, apresentam um futebol de muita força e marcação. O técnico teme que uma possível pressão psicológica dos rivais atrapalhe a seleção. ?Li um artigo de um uruguaio dizendo que esse negócio de raça uruguaia é balela. E eu achei isso interessantíssimo, porque essa coisa da raça uruguaia não existe. Fala-se muito nisso, mas o Uruguai só foi campeão quando teve times mais técnicos que os outros.?

A pressão externa começou com declarações dos jogadores e do técnico uruguaio, Jorge Fossati. O treinador prometeu que fará uma marcação cerrada nos atacantes do Brasil e sugeriu que Ronaldo usasse caneleiras. As provocações com relação ao ?Maracanazzo? também não devem faltar. O lateral Roberto Carlos já chegou até a se irritar diante da insistência de jornalistas uruguaios em tocar no assunto.

Mas quem mais provoca é mesmo a torcida. No último jogo entre as duas seleções no Centenário, em 2001, uma enorme bandeira com a inscrição ?1950? foi aberta na arquibancada, como referência ao título mundial conquistado pelos uruguaios, naquele ano, em pleno Maracanã. ?Eles abrem essa bandeira porque sabem que nunca mais vão ganhar nada?, provoca o coordenador-técnico Zagallo, que completa: ?Já pensou se a gente resolvesse abrir cinco bandeiras no estádio? Faltaria espaço?.

Independentemente de catimba, pressão ou provocação, os confrontos entre Brasil e Uruguai têm sido equilibrados. Nos últimos 11 jogos entre as duas seleções principais de cada país, houve cinco empates e três vitórias de cada lado. No geral, porém, o Brasil leva boa vantagem: são 32 vitórias contra 20 dos uruguaios, além de 17 empates.

Aposta é em Forlán, no Centenário

Montevidéu – A principal esperança de gol dos uruguaios está nos pés de Diego Forlán. Parreira sabe disso e já pediu aos zagueiros da seleção uma atenção toda especial com o atacante, que marcou dois gols no empate em 3 a 3 entre as duas seleções no primeiro turno das Eliminatórias, em Curitiba, há um ano e meio.

Jogador do Villareal, onde atua com sucesso ao lado do argentino Riquelme, Forlán é o atual

vice-artilheiro do Campeonato Espanhol, atrás apenas do camaronês Samuel Eto?o, do Barcelona. Antes, já havia atuado pelo Manchester United, onde era reserva, mas costumava entrar no segundo tempo dos jogos e marcar seus golzinhos.

Para ele, há um significado especial em atuar contra o Brasil. O atacante é filho de Pablo Forlán, lateral que fez sucesso no São Paulo, onde atuou de 1970 a 76. ?Tenho um carinho muito grande pelo Brasil. Meu pai sempre fala muito bem de lá?, diz Diego Forlán. ?Mas, em campo, vou procurar ajudar ao máximo a seleção de meu país.?

Com a ausência do meia Alvaro Recoba, Forlán se tornou o grande ídolo da atual seleção. Camisas com o seu número, o 21, são as mais procuradas pelos torcedores.

O técnico Jorge Fossati deve mandar a campo nesta noite o seguinte time: Viera; Lugano, Montero e Lopez; Diogo, García, Delgado, Regueiro e Darío Rodríguez; Forlán e Zalayeta.

Mais de 50 mil ingressos, dos 66 mil disponíveis, já foram vendidos. Os lugares a 20 pesos uruguaios (o equivalente a pouco mais de R$ 2) já se esgotaram.

Os brasileiros terão um setor especial no Estádio Centenário, com bilhetes que custam o equivalente a R$ 40.

Luisão substitui Juan

Montevidéu – Parreira já definiu o substituto do zagueiro Juan, suspenso: é Luisão, do Benfica. Ele formará dupla com Lúcio. ?Nunca jogamos juntos, mas um dia isso ia acabar acontecendo. Vamos conversar bastante em campo. É mais fácil entrosar a zaga do que o ataque?, disse Luisão. Cris ficará no banco de reservas.

Apesar de dizer que não tem mais dúvida de quem irá escalar, Parreira não quis revelar se começará jogando novamente com Juninho Pernambucano ou se promoverá a entrada de Robinho. Já deu a entender, porém, que deve mesmo manter o volante na equipe, mas usando-o como meia-armador. ?Não usamos mais aquele esquema 4-3-1-2. Hoje, temos um 4-2-2-2. Esse sistema começou no amistoso com Hong Kong e deu resultado. Só contra o Peru tivemos um pouco mais de dificuldade?, diz Parreira. ?Mas, com o tempo, esse esquema pode se consolidar.?

O técnico acrescentou que ainda está atrás de uma formação ideal para a seleção. ?Até a Copa do Mundo estaremos prontos, mas, por enquanto, ainda estou fazendo algumas experimentações.? A Copa das Confederações, que será disputada em junho, na Alemanha, será o maior laboratório para Parreira. Até lá, a cobrança da torcida por boas apresentações deve continuar.

Eliminatórias da Copa do Mundo
Local: Centenário (Montevidéu-URU)
Horário: 12h45 (de Brasília)
Árbitro: Héctor Baldassi (ARG)
Assistentes: Claudio Rossi (ARG) e Sergio Cagni (ARG)

Uruguai x Brasil

Uruguai: Viera; Lugano, Montero e Lopez; Diogo, García, Delgado, Regueiro e Dario Rodriguez; Forlán e Zalayeta. Técnico: Jorge Fossati

Brasil: Dida; Cafu, Luisão, Juan e Roberto Carlos; Emerson, Zé Roberto, Juninho e Ronaldinho; Ronaldo e Kaká. Técnico: Carlos Alberto Parreira.

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