Com os menores recursos entre as confederações olímpicas brasileiras, as entidades que cuidam do esportes de gelo (CBDG) e neve (CBDN) realizam um projeto de médio e longo prazos para tornar as modalidades dos Jogos de Inverno mais populares e os atletas mais competitivos internacionalmente. A ausência de medalhas na Olimpíada de Pyeongchang, que terminou neste domingo na Coreia do Sul, já era esperada.

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Para Jorge Bichara, gerente geral de alto rendimento do COB (Comitê Olímpico do Brasil), os resultados foram dentro da expectativa, diante do nível técnico que o Brasil possui nos esportes de inverno. “Nosso objetivo em participar dos Jogos de Inverno é buscar a melhor representatividade possível do País no evento. Neste contexto, o Brasil alcançou o seu objetivo diante da classificação da terceira maior delegação de um pais das Américas no evento, ficando apenas atrás delegações dos Estados Unidos e do Canadá”.

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No último ciclo olímpico, as confederações de neve e gelo receberam pouco mais de R$ 8 milhões cada da Lei Agnelo/Piva. O investimento foi distribuído entre todas as modalidades, desde categorias de base até para o treinamento de atletas de elite, e também utilizado para organizar competições nacionais e garantir o intercâmbio com os países que possuem infraestrutura para a prática das modalidades.

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Na CBDN, por exemplo, em 2015 foi feito um planejamento estratégico baseado em alguns pilares importantes como gestão profissional, boas práticas de governança, ciência do esporte e o talento dos atletas. A intenção é desenvolver as modalidades de neve no Brasil em três ciclos, ou seja, até 2026.

“O ciclo dos Jogos de Pyeongchang foi o primeiro dentro desse planejamento. O principal objetivo foi o desenvolvimento da base, com consolidação da posição do Brasil no ranking continental das modalidades, em especial na categoria júnior. O balanço é positivo. Além da diminuição da média de idade dos praticantes, o Brasil teve 24 atletas que alcançaram o critério técnico de classificação para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, contra 13 no ciclo anterior”, explicou Pedro Cavazzoni, CEO da CBDN.

Para a CBDG, que teve bons resultados em Pyeongchang na patinação artística (primeira vez que o Brasil chega à final, com o 24.º lugar de Isadora Williams) e no quarteto do bobsled (23.ª colocação), o último ciclo foi bem proveitoso, com a primeira medalha de ouro da história do Brasil na patinação, quando Isadora venceu o Troféu Sofia, na Bulgária, no ano passado, e com a 17.ª posição do bobsled nacional no ranking mundial, também em 2017.

Outro ponto é que os atletas das duas confederações fazem parte do programa Bolsa Atleta. Na CBDN, 25 pessoas foram contempladas, enquanto que na CBDG a bolsa alcançou seis atletas. A tendência é que, com a popularização das modalidades de inverno, mais competidores façam parte do programa e possam se dedicar com mais tranquilidade às modalidade.

CRIATIVIDADE – Para tentar ampliar as receitas, a CBDN lançou o Snow Club, primeiro programa de benefícios para associados de confederações olímpicas do Brasil. A CBDG também aposta na modernização e criou a marca Ice Brasil, a fim de reforçar sua identidade visual.

Além disso, a inserção dos países tropicais nos esportes de inverno faz parte de um planejamento do Comitê Olímpico Internacional (COI) para aumentar a quantidade de países nos Jogos. Tanto que a edição deste ano teve recorde de nações participantes e em 2022, em Pequim, na China, esse número deve aumentar.

Como possibilita lindas imagens, os esportes de inverno também chamam muita atenção. A Disney Pixar, por exemplo, vai abordar essa temática no filme Os Incríveis 2. Os atletas são homenageados na produção, que será lançada em 28 de junho, com a abordagem de diferentes modalidades como curling e snowboard.

De qualquer maneira, o COB pretende fazer reuniões técnicas com as Confederações de Gelo e de Neve para avaliação do desempenho dos atletas e para planificar ações visando à próxima edição dos Jogos de Inverno. A medalha, por enquanto, é um sonho distante. “Para se chegar a essa medalha durante a competição temos que obrigatoriamente passar as fases classificatórias e alcançar as finais. E isso o Brasil alcançou em Pyeongchang. Por isso estamos satisfeitos com as etapas alcançadas neste evento”, concluiu Jorge Bichara.