Cafu vai ser novamente
o capitão da seleção brasileira.

Fortaleza – A seleção brasileira volta a campo hoje para um jogo festivo, de entrega de faixas pelo título de pentacampeão. Vai enfrentar o Paraguai, às 16h, no estádio Castelão, em Fortaleza, numa partida que os próprios atletas consideram como extensão das comemorações pela conquista invicta da Copa de 2002. “A gente veio aqui para brindar a torcida e brincar um pouco”, revelou o atacante Ronaldinho Gaúcho.

A torcida cearense deve ver 21 jogadores do Brasil em ação, sob um calor estimado de mais de 35 graus. A partida vai marcar a despedida do técnico Luiz Felipe Scolari da seleção, embora ele tenha acenado na segunda-feira com a possibilidade de voltar a comandá-la em 2003.

Hoje, a torcida vai fazer um apelo a Felipão: que fique na seleção. Faixas e cartazes pedirão sua permanência. Desde segunda-feira, o treinador tem recebido manifestação idêntica dos jogadores. Ontem, em rápida entrevista, ele repetiu que sonha em trabalhar na Europa e não descartou a hipótese de voltar à seleção. Mudou apenas a data: “Talvez em dois ou três anos”.

Dos 24 convocados, dois foram cortados por contusão: o zagueiro Lúcio e o meia Juninho. Com uma faixa, os jogadores da seleção homenagearam Juninho ontem, antes do treino no Castelão: “Juninho, estamos com você. Até breve”, dizia o cartaz. O jogador do Middlesbrough deve voltar a jogar futebol só em 2003.

Roque Júnior, do Milan, apresentou-se machucado e também está fora do jogo. Felipão vai escalar Ronaldo, da Inter, por apenas 30 minutos, atendendo a um pedido do próprio atleta, que deverá ser substituído por Edílson. Rivaldo chegou nesta quarta-feira de viagem da Itália e também está confirmado na equipe, assim como o capitão Cafu.

O técnico pediu publicamente desculpas antecipadas aos torcedores pelo excesso de alterações que serão feitas no decorrer do jogo. “Todo mundo, em condições, têm que participar da festa”, explicou Felipão. A novidade será a presença do volante Emerson, cortado da seleção na véspera da estréia da Copa, por causa de uma lesão de ombro. Emerson lembrou dos momentos difíceis durante a Copa do Mundo, quando se esforçava para conseguir assistir aos jogos da seleção pela TV. “Era muito sofrimento estar fora, uma dor incrível, mas agora estou superando isso e já pensando em 2006” avisou.

Rivaldo pode se despedir

Fortaleza – Ainda cansado depois de uma longa viagem de Milão para Fortaleza, com escala prolongada em São Paulo, Rivaldo foi o centro das atenções ontem na seleção brasileira. O assédio ao craque do Milan aumentou depois de algumas especulações, durante o dia, de que ele também se despediria da seleção na partida desta tarde, contra o Paraguai. O jogador não confirmou nem desmentiu a informação. Insinuou porém que o assunto vai ser analisado.

“Primeiro, temos de saber se o próximo técnico vai me convocar. Se houver essa situação, tenho que pensar direito no que fazer.” Rivaldo deixou escapar que não acredita na possibilidade de fazer parte da seleção na Copa do Mundo de 2006 e que, portanto, deveria dar oportunidade a outros. Na entrevista, comentou que não gostaria de passar novamente pelo desgaste com as sucessivas cobranças sobre sua performance na seleção.

Até o Mundial de 2002, ele recebia críticas a respeito de más atuações em jogos decisivos da seleção. Foi assim na Olimpíada de 1996 e na Copa do Mundo de 1998. “Quando perdi o Mundial da França, eu repeti para mim mesmo: se o Brasil for à final em 2002, vai ser campeão.” O jogador assegurou que sempre teve auto-estima e nunca duvidou de seu potencial. “Sempre fui o mesmo no Barcelona e na seleção.” “Não tomei decisão sobre o futuro, ainda é cedo.”

Rivaldo estava feliz pelas declara-ções de Scolari em Fortaleza atribuindo-lhe o título de melhor jogador do Mundial. “Agradeço muito o treinador por isso.” Sobre os primeiros dias de trabalho no Milan, o novo clube, afirmou estar gostando da experiência de atuar no futebol italiano, o qual considera mais difícil que o espanhol, de seu ex-clube, o Barcelona. “Tem mais pegada, mais marcação, é complicado, mas é um desafio.”

Nada de política, só bola

Fortaleza

– A exploração política do amistoso do Brasil, hoje, em Fortaleza, por causa da presença do candidato a presidente Ciro Gomes (PPS), a convite da direção da CBF, foi rejeitada pelos jogadores. A maioria não admite o eventual uso de suas imagens para outros fins. “Eu vim aqui para jogar futebol, só isso”, declarou o lateral Roberto Carlos.

Rivaldo até se surpreendeu ao saber que a equipe de Ciro pretende gravar passagens do candidato no vestiário da seleção. “Não fui informado sobre nada disso e nem quero opinar.” Pouco a pouco, outros jogadores tomavam conhecimento da intenção real da CBF ao marcar uma partida novamente para Fortaleza, como ocorreu em março, no último amistoso do Brasil no País – contra a Iugoslávia – antes do Mundial.

O lateral Cafu, o mais veterano do grupo, seguiu a linha de Roberto Carlos e disse que foi convocado somente para um jogo de futebol. “É o que sei fazer, não quero me envolver em outras questões.”

O meia-atacante Kaká também deixou seu recado ao assegurar que não posaria para foto com políticos. “Não gosto disso.”

O zagueiro Anderson Polga foi outro que rechaçou qualquer uso político do amistoso do penta. “Não vim a Fortaleza com outro pensamento se não o de atuar pela seleção. Procuro separar bem as coisas.” Ronaldo não deu entrevistas ontem, mas dificilmente se deixará filmar ao lado do presidenciável.

Luizão

Uma oficial da Justiça do Trabalho entregou uma notificação ao atacante, na qual se exige que ele compareça à Justiça de Porto Alegre em 30 de setembro para uma audiência sobre um processo movido pelo Grêmio. O clube gaúcho alega que Luizão lhe deve R$ 400 mil, por ter rompido contrato. À noite, o atleta parecia mais calmo e disse que vai passar o caso a seus advogados para análise.

Com o mundo à sua frente

A cena de torcedores se acotovelando e gritando no saguão do aeroporto Pinto Martins, em Fortaleza, na passagem do atacante Kaká, tem sido uma constante na vida do jovem são-paulino. Mesmo que tenha atuado durante apenas 15 minutos na Copa do Mundo, o mundial alçou o caçula da seleção ao posto de ídolo absoluto da seleção brasileira. Nenhum outro jogador causou tanto frisson quanto ele na chegada à Fortaleza, onde hoje o Brasil enfrenta o Paraguai, em partida amistosa que marca a despedida do técnico Luiz Felipe Scolari.

Com jeito tímido, Kaká afirma que gosta do carinho dos fãs – especialmente das fãs -, mas que se surpreende com o sucesso. “É algo muito bom, o reconhecimento do trabalho. Sempre que posso tento dar atenção aos torcedores”.

Foi justamente o que aconteceu em Curitiba, na passagem do São Paulo para o compromisso contra o Paraná Clube, no último domingo. Na chegada da delegação ao Hotel Bourbon, no sábado, algumas torcedoras o aguardavam para tirar uma foto e conseguir um autógrafo, verdadeiros troféus para as admiradoras do jovem talento. “Ele é um docinho, uma graça e muito educado”, comprovou a estudante Fernanda Tiemi. Apesar do cansaço, Kaká atendeu a todas pacientemente e ainda conversou com Tribuna, com exclusividade.

Segundo o jogador, a sua vida teve uma grande mudança após a Copa do Mundo. É bem verdade que, especialmente, em São Paulo ele já era respeitado como jogador. Mas agora, o Brasil e o mundo prestam atenção no desempenho de Kaká “A Copa mudou a minha vida. É uma experiência inexplicável ter a oportunidade de defender um seleção que se consagra campeã do mundo”, diz com os olhos brilhando.

Futuro

Justamente por ter recebido essa oportunidade do técnico, que o chamou para ser o caçula da Família Scolari, Kaká lamenta a saída do treinador. “Já sabíamos da intenção dele, mas não há como não ficar triste. Ele foi como um pai para todos nós e vamos sentir saudades”.

Com plena confiança em suas condições, o jogador acredita que independente do nome do novo treinador da seleção, ele tem um longo caminho a percorrer com a camisa amarelinha. “Não tenho nenhuma preferência, pois sei que se eu mantiver a evolução que venho apresentando, tenho boas chances de me manter na seleção brasileira”.

Apesar de confiante, o atacante prefere evitar qualquer tipo de comparação com o fenômeno Ronaldinho. Como aconteceu com o são-paulino, Ronaldo era o caçula da seleção de 94 e sequer jogou. Mas chegou em 98 com o peso de ser o melhor jogador do mundo – que muitos dizem, resultou na convulsão que o abateu para a grande final contra a França. “Não acredito que possa sofrer, no próximo mundial, a pressão que Ronaldinho sofreu. Não costumo pensar tão longe. A única coisa que projeto é continuar na seleção”.

Paralelo aos jogos da seleção brasileira, Kaká pretende continuar arrebentando no meio-de-campo do São Paulo, líder do Brasileirão de 2002. “Há algum tempo não conquistamos um título expressivo. Ainda é cedo para dizer, mas vamos continuar trabalhando forte para conquistar o Brasileirão”. Com a estrela que tem, não duvide se o desejo do jogador se tornar realidade.

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