Lima – Duas duplas merecem destaque na radiografia tática que explica o sucesso do Brasil na Copa América. E ninguém poderia garantir que elas dariam certo antes do início da competição. Luisão e Juan e Adriano e Luís Fabiano provaram que estão mais do que prontos para atuar na seleção principal. Separados ou até juntos. “Estava cansado de ouvir que em toda competição que o Brasil disputa é preciso tomar cuidado por causa dos zagueiros que são fracos. Eu e o Luisão conseguimos mostrar que isso é uma bobagem. Sem termos jogado juntos antes em uma competição mostramos o nosso potencial aqui no Peru. Acho que o Parreira não tem queixa, não”, provoca Juan, do Bayer Leverkusen. “O que contou para o nosso entrosamento além do nosso futebol foi a vontade que temos de vencer com a camisa do Brasil. O Juan é muito inteligente e técnico. Eu tenho mais força. Desde os primeiros treinos na Granja Comary havia percebido que poderíamos dar certo”, afirma Luisão, do Benfica.
Contra a Argentina os dois garantem estar preparados para o que vier. “O Bielsa é um treinador muito inteligente. Tenho certeza de que ele tentará utilizar o entrosamento do time. Na frente, todos sabem que o Saviola, o Cristian González, o Figueroa são ótimos jogadores. Fora o apoio que terão do D?Alessandro, do Sorín, do Zanetti. Não será fácil. Eu e o Juan conversamos e só não podemos perder a tranqüilidade porque, além de bons, eles são manhosos. A saída é antecipar e jogar com firmeza, sem violência, mas firmes na bola. Também treinamos demais as bolas pelo alto. Estou confiante no nosso desempenho”, aposta Luisão.
A dupla da frente tem talento e vigor físico. “Eu descobri no Luís Fabiano um excelente companheiro. Ele é um jogador que não dá uma bola como perdida. Além disso, tem habilidade e sabe como servir quem está melhor colocado na área. E tem o detalhe que todos o conhecem do São Paulo. Ele atrai a marcação e me deixa com mais espaço para concluir. O Parreira acertou mais uma vez. Nossa dupla deu certo”, elogia Adriano, da Inter de Milão, artilheiro da Copa América com seis gols.
Luís Fabiano, que fez ?só? dois gols, segue pelo mesmo caminho. “O Adriano tem um estilo que parece com o meu. Só que tem mais explosão. Leva os zagueiros no peito. Eu vou mais no toque, na deslocação. Um completa o outro.” Para a decisão de amanhã contra a Argentina, os dois estão sedentos para marcar gols. “É como se tudo o que passou não tivesse valor: a nossa campanha, as vitórias, os gols. Ter pela frente os argentinos valendo o título ganha uma dimensão imensa na carreira do jogador brasileiro. Eu cresci sonhando com essa chance. Estou louco para ganhar e marcar. Não poderia estar mais estimulado”, garante Adriano. “Eu quero fazer gols e ajudar o Brasil a ficar com esse título. Não tem essa conversa de que segundo lugar está bom. Perder para argentino é uma das piores coisas no futebol. Não quero nem pensar nessa possibilidade”, fala Luís Fabiano.
Parreira irá manter a postura que agradou aos dois atacantes ontem. “No começo da Copa América, ele bateram um pouco de cabeça correndo para o mesmo lugar. Agora o Luís Fabiano vai para a direita e o Adriano para a esquerda. Os dois formam uma dupla poderosa. Confio demais nos dois nesta decisão”, avalia, empolgado, Parreira.