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Defesas de Dida evitaram um vexame maior para o time de Parreira.

Os planos de Parreira caíram por terra. A seleção brasileira foi derrotada por 1×0 pelo Equador, em Quito, perdeu a invencibilidade e terminou sua participação em 2004 com a mesma pontuação obtida na eliminatória passada: 20 pontos. O caminho, no ano que vem, pode ser mais tortuoso do que se esperava.

A "economia" de oxigênio marcou todo o primeiro tempo do jogo. A seleção brasileira procurou cadenciar suas ações e como o Equador em momento algum tentou se impor na condição de mandante, o resultado foi uma partida monótona e com escassos lances de área. Principalmente após os vinte minutos, quando os equatorianos acertaram a marcação no meio-de-campo.

Diante de uma zaga "em linha", Ronaldo e Ronaldinho Gaúcho encontravam espaços para tabelas rápidas e a sensação é de que o gol não tardaria. Porém, Kaká não esteve em sintonia com a dupla e as jogadas não fluiam como se esperava. Logo aos 9 minutos, Ronaldo recebeu lançamento longo de Ronaldinho Gaúcho, dominou no peito, mas Hurtado chegou a tempo para fazer o corte.

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No lance seguinte, Ronaldinho recebeu livre na esquerda, entrou na área e bateu cruzado, de canhota, mas a esquerda do gol. Se a seleção brasileira era mais presente no ataque, a melhor chance esteve na cabeça de Delgado. O gol só não saiu devido à excepcional defesa de Dida. Ele pegou o arremate à queima-roupa do atacante equatoriano.

Kaká ainda teve uma chance aos 19 minutos, mas bateu para fora, mostrando que não vive um bom momento. O Equador ainda reclamou um pênalti de Roberto Carlos, mas o lateral impediu a finalização de Delgado de forma legal. No último lance, Cafu foi à linha de fundo e cruzou para Kaká, que frente a frente com Villafuerte conseguiu tocar pela linha de fundo.

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O técnico Luís Fernando Suárez decidiu ousar e voltou para o segundo tempo com Salas no lugar de Urrutia. A recompensa tardou, mas não falhou. A equipe de Parreira até ameaçou com Ronaldinho Gaúcho – que acertou o travessão – e Kléberson – batendo de fora da área -, mas muito pouco para quem pretendia terminar o ano na ponta da tabela.

Kaviedes recebeu na área livre de marcação, mas Dida abafou a tempo. Na sobra, Delgado tentou de cabeça, mas encobriu o travessão. Conservador ao extremo, Parreira trocou apenas peças, sem alterar o esquema. Foi então que a seleção equatoriana conseguiu vencer Dida. Méndez, de fora da área, acertou o canto direito do goleiro, para assegurar a invencibilidade de sua equipe na altitude de Quito. Nem a entrada de Adriano alterou o andamento do jogo, que terminou aos gritos de "olé" da torcida equatoriana.

Parreira: seleção já tem um perfíl

Guayaquil – O Brasil só voltará a campo pelas eliminatórias em março de 2005. Provavelmente em Goiânia contra o Peru. Já é possível recomendar agora, em novembro, que não se espere grandes surpresas. Ou mais até para a Copa de 2006.

"Comigo não existe essa história de grupo fechado. Mas com muita alegria eu posso dizer que a essência do que eu quero para a seleção brasileira para o mundial já está como desejo. O time já tem um perfil, uma cara. Isso é bom demais. Existem várias seleções montando seus times agora. O Brasil está na frente por causa do seu planejamento", resume o treinador.

Parreira nunca foi um técnico que apostasse em quem não conhece. Desde que reassumiu a seleção ele vem mantendo como base a geração que ganhou a Copa do Mundo de 2002. A grande ausência é Rivaldo, que depois de várias confusas transações parece dar sinal de recuperação no futebol grego. Não tão grande a ponto do técnico o recolocar entre o grupo que formou e considera vencedor. "Eu, sinceramente, preciso me convencer que o Rivaldo recuperou o amor ao futebol. A vontade de vencer. Quando tiver convicção que a sua gana é a mesma da Copa do Japão, vamos ver o que acontece", diz, enigmático, Parreira.

Não bastasse essa equipe continuar dando resposta, Parreira ficou profundamente contente com o que aconteceu na Copa América do Peru. Não só na conquista. Mas pelo comportamento de vários jogadores. Os maiores exemplos foram Adriano, Juan e Júlio César.

O treinador brasileiro não é daqueles que se empolgam assistindo os gols da rodada. Ele não convoca atletas que esteja familiarizado, que tenha o perfil psicológico. Por isso as revelações têm de passar pelo seu processo todo particular de triagem. "Eu não seria louco de dizer que até o meio de 2006 não podem surgir grandes revelações. O futebol brasileiro é surpreendente. A seleção estará sempre atenta a isso. Só que aqui nunca foi lugar para experiência em competições. Primeiro qualquer atleta precisa ser testado em amistosos, em jogos menores", repete o precavido treinador.

O milagre que Parreira e Zagallo conseguiram é que com exceção da grandes estrelas como Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Roberto Carlos, Cafu, Kaká e Dida, o discurso dos demais é que precisam se firmar para garantir estar na Copa da Alemanha. "O jogador que pensar que tem vaga garantida com o Parreira está dando um grande erro. Tudo o que ele já deixou claro que não quer é acomodação. Por isso a gente se dedica tanto em cada treino", afirma Renato. "Não é grupo fechado. O que acontece é que grandes competições como uma Copa do Mundo não se ganha de uma hora para outra. É preciso planejamento com muita antecedência. Outras seleções podem no máximo ter igual ao do Parreira. Mas melhor ninguém tem, não", garante Zagallo.