Leipzig – Ironia do destino. Zico, um dos maiores ídolos da história do futebol nacional, estará no caminho do Brasil, na corrida pelo hexacampeonato mundial.
O craque que encantou torcidas nos anos 70 e 80 comandará o Japão, no duelo contra o time de Carlos Alberto Parreira, em Dortmund, no dia 22 de junho de 2006, no encerramento do Grupo F da Copa da Alemanha. Os dois times caíram na mesma chave, no sorteio realizado ontem à noite em Leipzig, em festa que reuniu grandes personalidades do esporte numa das cidades mais bonitas da antiga Alemanha Oriental.
?Será um desafio enorme?, admitiu o Galinho, que em junho viveu momento de emoção ao jogar com o Brasil, na Copa das Confederações, na Alemanha. O jogo em Colônia terminou com empate de 2 a 2 e os japoneses deram trabalho e ainda lamentaram erros da arbitragem que lhes tiraram a possibilidade de seguir adiante. Os pentacampeões
do mundo estréiam diante da Croácia, no dia 13 de junho, em Berlim, e em seguida pegam a Austrália (dia 18), em Munique. Apenas os dois primeiros colocados de cada série seguem adiante. A partir das oitavas-de-final, os jogos são eliminatórios.
A abertura da 18.ª edição do Mundial de futebol, na sexta-feira, dia 9 de junho, no Estádio Allianz, de Munique, terá a anfitriã Alemanha contra a Costa Rica, equipes que ficaram no Grupo A.
Os donos da casa levaram tremenda sorte, na cerimônia que contou com participação de Pelé, Cruyff, Roger Mila, Matthaeus, entre outros.
O time dirigido pelo ex-centroavante Jurgen Klinsmann terá ainda como rivais na sua primeira fase Equador e Polônia.
O Brasil tem de ficar de olho no Grupo E, de onde sai seu adversário nas oitavas-de-final, desde que se classifique. Nessa chave, ficaram Itália, Gana, EUA e República Checa.
A Argentina outra vez foi castigada pelas bolinhas.
O grande rival do Brasil ficou no Grupo C, em que terá pela frente a Costa do Marfim, estreante africana, além de Holanda e Sérvia e Montenegro, duas forças européias.
Parreira agradece ?mãozinha de Pelé?
Leipzig – Carlos Alberto Parreira festejou o sorteio dos grupos da Copa do Mundo, ontem, em Leipzig. Embora não tenha afirmado de maneira explícita, considerou excelente para o Brasil o fato de não ter de enfrentar nenhuma seleção de grande tradição na primeira fase da competição. E deixou claro que a equipe só não se classifica se jogar muito mal e menosprezar os adversários.
?O Pelé deu uma mãozinha, mas nosso grupo não é tão fácil?, declarou o treinador. Pelé sorteou a Croácia para o Grupo F e livrou do Brasil rivais bem mais fortes, como Holanda, Portugal e República Checa. Em agosto, Brasil e Croácia se enfrentaram em partida amistosa em Split e o jogo terminou empatado por
1 a 1. O gol brasileiro foi feito por Ricardinho, em cobrança de falta. ?Foi um jogo duro, a Cróacia tem jogadores fortes fisicamente?, comentou o técnico brasileiro.
Parreira declarou que ?tecnicamente o Brasil é, de longe, a melhor equipe do grupo, mas, se entrar mole, achando que já ganhou, pode levar uma trombada feia?. Ele lembrou que, na Copa das Confederações, em junho e julho, na Alemanha, o time apenas empatou com o Japão (2 a 2). ?Depois que o Zico assumiu, o Japão passou a jogar em um 4-4-2 elástico, aberto, e eles avançam com muita velocidade?, analisou.
O técnico campeão mundial em 1994 fez questão de dizer que, se o Brasil chegar à terceira rodada da primeira fase classificado, não vai facilitar o jogo para o Japão, apesar da amizade com Zico. ?Não tem essa de dar uma força para o Japão, não. O Zico é um grande amigo meu, mas as coisas não funcionam assim?. Japoneses e brasileiros enfrentam-se no dia 22 de junho em Dortmund.
Parreira destacou, também, que a Austrália, dirigida pelo competente holandês Guus Riddink, é experiente e pode dar trabalho. ?Os jogadores atuam na Europa, o treinador é experiente e o time tirou da Copa uma seleção bicampeã mundial, o Uruguai?.
Caso avance para as oitavas-de-final, o Brasil tem boas possibilidades de encarar Itália ou República Checa (Grupo E). Duelo bem mais complicado, observa o treinador brasileiro.
?A República Checa é a segunda do ranking da Fifa, atrás apenas do Brasil, e a Itália é sempre perigosa e conta com boa safra de jovens?.
Ronaldo fala em equilíbrio
São Paulo – O atacante Ronaldo, o Fenômeno, considerou o grupo do Brasil equilibrado, com destaque para a Croácia, que segundo ele, deve representar a partida mais importante da seleção na primeira fase da Copa do Mundo. ?O sorteio nos proporcionou um grupo nem muito fácil, nem muito difícil?, disse o jogador do Real Madrid.
Ele considerou a situação da Argentina, entre as cabeças-de-chave, como a mais complicada. ?Holanda e Sérvia e Montenegro são muito fortes. Vai ser uma disputa acirrada?, prosseguiu Ronaldo.
No entanto, fez uma ressalva, ao dizer que Argentina e também a França chegaram à Copa do Mundo de 2002 como favoritas e não conseguiram classificação para as oitavas-de-final. ?Em Mundial não existe muito essa lógica?.
Ronaldo elogiou as seleções do Japão e da Austrália, além de comentar sobre o grupo da Espanha, cujos adversários são Tunísia, Ucrânia e Arábia Saudita.
Tranqüilidade
O grupo do Brasil é mais difícil do que o da edição anterior da Copa do Mundo, mas a seleção tem todas as condições de passar facilmente por Croácia, Austrália e Japão. E, se as bolinhas sorteadas podem ter privilegiado a equipe de Parreira, a opinião geral é de que a Argentina ?se deu mal?.
?A seleção caiu num grupo em que passa com facilidade.
A Croácia caiu um pouco, a Austrália é uma surpresa e o Japão ainda precisa de mais desenvolvimento?, disse o ex-técnico da seleção Carlos Alberto Silva. ?Agora, a Argentina que se ferrou. Vá para o diabo que a carregue e morra lá?.
Show com jeito de oscar
Leipzig – Celebridades, autoridades e craques do futebol mundial, com discursos emocionados sobre o esporte mais popular do planeta, marcaram presença nas quase 2h30 de duração da cerimônia que definiu os grupos da Copa de 2006. Cerca de 350 milhões de pessoas ao redor do mundo acompanharam o evento, onde desfilaram jogadores históricos, além do tenista Boris Becker, do presidente alemão Horst Kohler e da chanceler Angela Merkel.
Ao contrário do jeito sisudo dos alemães, a festa em Leipzig, capitaneada pela supermodelo Heidi Klum e o apresentador de TV Reinhold Beckmann, teve show de mágica, música e momentos de bom humor.
Leipzig, antes localizada no lado oriental do país, nunca havia sido sede de algo tão importante como o evento de ontem à noite.
Trocando figurinhas
Leipzig – Dois treinadores brasileiros que estarão na Copa do Mundo de 2006 – Felipão, por Portugal, e Zico com o Japão -aproveitaram os momentos após o sorteio dos grupos para ?trocar figurinhas? sobre seus adversários na primeira fase. Num papo bem descontraído, em entrevista ao canal SporTV, os dois ressaltaram as dificuldades de suas equipes.
?As pessoas não conhecem a realidade. O Brasil, que é o melhor time do mundo, sofreu com o México na Copa das Confederações. Então, por que nós não teríamos??, disse Felipão sobre um dos rivais de Portugal – os outros são Irã e Angola. ?O Irã é um time forte, joga um futebol muito bom. O Zico jogou contra eles nas Eliminatórias e sabe do que estou falando?.
O treinador do Japão concordou com Felipão e contou que terá muito mais dificuldade em sua chave -Brasil, Austrália e Croácia são os adversários. ?Na Copa, você tem que estar preparado para tudo. Eu vou me preparar bem para vencer o jogo de estréia contra a Austrália. Nem estou pensando no Brasil?, disse o brasileiro, que torceu para não cair na chave da Argentina, considerada a mais difícil. ?Só não queria cair com os argentinos, pois lá já estavam Holanda e Costa do Marfim, que é a melhor equipe da África?.
