Ronaldo comemora o primeiro gol da seleção. |
São Paulo – A seleção brasileira teve pressa, na partida de ontem à tarde contra a Bolívia, no Morumbi. Talvez para compensar a execução bonita, mas demorada, do hino nacional, Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Adriano & cia. partiram para cima dos lanternas das Eliminatórias da América do Sul e mostraram, com menos de um minuto, quais eram os donos da bola. Para não deixar dúvidas, marcaram três gols no primeiro tempo e ensaiaram uma lavada. Mas no fim, saíram do estádio paulistano com 3 a 1, que lhes manteve a liderança com 16 pontos e a invencibilidade – 4 vitórias e 4 empates.
O próximo compromisso será quarta-feira, em amistoso com a Alemanha, em Berlim.
Assim que o pianista Artur Moreira Lima e a orquestra do Instituto Bacarelli deixaram o gramado, começou aquela que parecia exibição histórica do Brasil. Logo na saída, Ronaldo é lançado, em impedimento só captável pelo tira-teimas, e provoca escanteio. Na cobrança de Juninho Pernambucano, o volante Edu sobe mais do que a zaga boliviana e encontra Ronaldo livre, com o trabalho de empurrar para o gol.
Eram passados só 50 segundos de jogo e os 56 mil torcedores que aproveitaram a bonita tarde de fim de inverno já se encantavam com os maestros da bola. Euforia que aumentou aos 12 minutos, quando Roberto Carlos cobrou falta e encontrou Roque Júnior no meio da área rival. O zagueiro do Bayer Leverkusen dominou, deu o corte em Cristaldo, mas foi derrubado. O encarregado de cobrar o pênalti foi Ronaldinho Gaúcho, que cobrou fora do alcance de Fernandez.
Não faltava mais nada. Com
2 a 0 em tão pouco tempo, ruíam os sonhos do técnico Blacut de voltar para La Paz com um ponto. A Bolívia entregou-se e viu o Brasil tocar a bola. Os jogadores perceberam a fragilidade do rival e trataram de não se desgastar. A torcida fez sua parte, ao comandar ?olé?, aos 43 minutos. Depois de bela troca de passes, Ronaldinho Gaúcho lançou para o alto e Adriano fez 3 a 0, de cabeça.
A Bolívia tentou mudar, na etapa final, com a entrada de Tufiño e Arana para fazer companhia a Bottero, que passou o primeiro tempo na correria, abandonado no ataque. A tática aparentemente deu certo, aos 3 minutos em chute de Cristaldo que foi ao gol, mas contou com a ajuda de Edmilson, que deslocou Júlio César com uma cabeçada fora de hora.
O Brasil não alterou o ritmo, sem forçar foi criando oportunidades, mas Ronaldo, Alex, Adriano, Ronaldinho Gaúcho viram seus chutes pararem nas mãos de Fernandez, que evitou um vexame de sua seleção. De qualquer forma, meio tempo bastou para a seleção provar o que todo mundo sabia: ganharia sem muito esforço.
Parreira lamenta “desperdício”
São Paulo – Uma mistura de satisfação e lamentação. Assim se pode definir o sempre sério e coeso técnico Carlos Alberto Parreira após a fácil vitória por 3 a 1 sobre a Bolívia, no Morumbi, ontem. A alegria vista durante a partida em suas conversas ao lado do coordenador técnico e fiel escudeiro Mário Jorge Lobo Zagallo, durante as belas trocas de bola e futebol envolvente, principalmente no primeiro tempo, no fim mudou. Tudo parecia perfeito, mas algo decepcionou o treinador: a falta de mais gols. “Perdemos boa oportunidade para melhorar nosso saldo, foram nove chances desperdiçadas”, concluiu.
O Brasil soma 6 gols positivos contra 7 da rival Argentina. “Fizemos três ou quatro jogadas lindas, mas podia ter tido mais,” continuou a avaliação, uma espécie de ducha fria nos ânimos dos jogadores. Por quê? Simples, o adversário não pode ser usado como parâmetro, já que está na lanterna das Eliminatórias e tem elenco fraco tática e tecnicamente. No intervalo, após 3 a 0, o treinador chegou a dizer que usaria o segundo tempo para treinar. “E aproveitar para fazer um placar gostoso.”
Mas viu-se um Parreira também aliviado após o triunfo. Ele sabia da grande exigência dos paulistas. No último jogo no Morumbi, 1 a 0 contra a Colômbia (gol de Roque Júnior aos 48 minutos do segundo tempo), ainda sob o comando de Emerson Leão, em 2001, bastantes protestos e cobranças. “Esperava jogo encardido, retrancado, mas o gol no início mudou a cara do jogo”, revelou. “A vantagem do futebol brasileiro é você deixar cinco jogadores importantes de fora e o time continua forte”, disse sobre a ausência de Dida, Cafu e Kaká, ambos do Milan, e a dupla Zé Roberto e Lúcio, do Bayern de Munique.
Voltam contra a Venezuela? “Só consigo vislumbrar o jogo contra a Alemanha (quarta-feira, em Berlim).” Fechou o dia dizendo não fazer competição paralela com a Argentina. “Só queremos uma classificação sem problemas.”