Brasil muda estilo para evitar fracasso

Viña del Mar, Chile ? A necessidade de jogar a repescagem amanhã para manter vivo o sonho de ir à Olimpíada pode provocar uma revolução na forma de jogar da seleção brasileira. Como Diego e Fábio Rochemback cumprirão suspensão automática por terem recebido o segundo cartão amarelo contra o Chile e Dagoberto dificilmente atuará por causa de um problema muscular na coxa direita, é provável que Marcel comece jogando para servir como referência na área e tentar acabar com a falta de contundência do ataque.

Se optar mesmo por Marcel e mantiver Nilmar no banco, o técnico Ricardo Gomes deverá escalar Daniel Carvalho no lugar de Diego. A dica de que Marcel precisa de um jogador como Daniel Carvalho foi dada pelo técnico após a partida contra os chilenos na quinta-feira. “A equipe é leve e muda com a entrada do Marcel, tanto que normalmente preciso fazer outra substituição para ajustar o time”, afirmou.

Tirando o jogo contra a Venezuela, em que Marcel entrou no fim, em lugar de Dagoberto, e Daniel Carvalho foi titular e deu lugar a Rochemback, os dois sempre foram lançados no segundo tempo pelo treinador.

Daniel Carvalho é fisicamente forte e serve como opção de cruzamentos pela esquerda para Marcel, pois Maxwell é tímido no apoio. Robinho passaria para o lado direito, por onde o time conta com as subidas de Maicon.

Se optar por Nilmar para a vaga de Dagoberto, o técnico estará apostando na manutenção do “estilo leve”. Nesse caso, o substituto de Diego deverá ser Paulinho, que joga em velocidade e gosta de tentar as tabelas pelo meio. Dudu Cearense entrará no lugar de Rochemback.

Abatimento

Além de tentar resolver o problema da falta de peso do ataque dentro da área, Ricardo Gomes terá de trabalhar muito a cabeça dos jogadores, que ficaram abatidos com o fato de não terem conseguido a primeira posição da chave. “É claro que todos ficaram tristes por não termos vencido o Chile, mas garanto que vamos conseguir a classificação para o quadrangular”, avisou o treinador.

Para o técnico, o Brasil merecia ter vencido os chilenos pelo número de chances que criou. “Com um pouquinho mais de sorte, teríamos traduzido em gols a superioridade que tivemos em quase todo o jogo. Se tivéssemos jogado contra o Uruguai o que jogamos contra o Chile, teríamos ficado em primeiro na chave”, avaliou.

O desastroso empate contra os uruguaios é algo que Ricardo Gomes quer esquecer. “O jogo contra o Uruguai não serve como referência. Acho que fomos muito bem contra o Paraguai, no segundo tempo contra a Venezuela e tivemos boa atuação contra o Chile. Só ficamos devendo no primeiro tempo da partida de estréia.”

Dudu assume a responsabilidade

A estrela de Dudu Cearense voltou a brilhar. Um mês depois de ser um dos artilheiros do Mundial Sub-20 com quatro gols e o destaque do Brasil na conquista do título, ele agora ganha espaço na seleção sub-23.

Embora o técnico Ricardo Gomes ainda não tenha confirmado para os jornalistas que o escolheu para substituir Fábio Rochemback, ele já fala como novo titular desde que deixou o vestiário após a partida de quinta-feira contra o Chile. “Chegou a minha chance.” Tamanha convicção vem dos elogios que vinha recebendo por seu rendimento nos treinos e pela personalidade que mostrou ao entrar contra os chilenos no lugar de Paulo Almeida – melhorou a distribuição da bola e quase fez o gol da vitória numa cabeçada aos 44 minutos – lhe dão a convicção de que começará jogando amanhã.

Como Paulo Almeida é o primeiro volante, ele poderá jogar como gosta, com liberdade para se lançar ao ataque e aparecer de surpresa na área para finalizar.

Dudu brilhou no Mundial Sub-20 e tem esperança de ser novamente um jogador fundamental em uma conquista do Brasil. “O mais importante é a gente passar pela repescagem e depois conseguir a classificação para a Olimpíada. Ser um dos protagonistas disso não é meu primeiro objetivo, mas também seria muito bom para a minha carreira.” O volante vê semelhanças na situação em que se encontra o time com a que enfrentou a equipe Sub-20 depois de perder para a Austrália na última rodada da primeira fase no Mundial dos Emirados Árabes Unidos.

“Quando perdemos aquele jogo, fomos muito criticados e colocaram em dúvida a nossa capacidade. Mas quando começaram os mata-matas e não dava mais para errar, nós embalamos e chegamos ao título. Aqui no Pré-Olímpico chegou a hora da decisão e tenho certeza de que vamos crescer como fez o time Sub-20.”

Teixeira detona “chororô” dos garotos

Rio

– O presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Ricardo Teixeira, mostrou ontem sua irritação e criticou a seleção sub-23, por causa do empate contra o Chile, que levou a equipe para a disputa da repescagem do Torneio Pré-Olímpico. O dirigente, empossado na sede da entidade para o seu quinto mandato, não citou nominalmente jogadores, mas indiretamente também se referiu aos meias Diego, Fábio Rochemback e ao atacante Dagoberto, por causa do excesso de reclamações ao juízes, as faltas desnecessárias, além da ausência de garra no time.

“A seleção vinha bem, mas nos últimos jogos e principalmente no último foi decepcionante. Acho que faltou garra ao time”, afirmou o presidente da CBF. “O Chile cresceu muito após as modificações e a seleção não soube traduzir em gols o que jogou no início da partida.” Teixeira foi enfático ao destacar que o juiz da partida, o argentino Claudio Martin, não teve qualquer influência sobre o resultado. E uma de suas principais irritações foi com o excesso de reclamações feitas pelos jogadores brasileiros ao árbitro.

“Meu recado é para o jogador brasileiro que precisa se conscientizar de que não adianta reclamar do juiz. Não conheço um que tenha voltado atrás em sua decisão e o árbitro de ontem não prejudicou o Brasil”, disse Teixeira. “O árbitro até não marcou algumas faltas, como aquela do início da partida, quando o jogador (Dagoberto) deixou o cotovelo e poderia ter sido expulso.” As suspensões automáticas que Diego e Rochemback, por causa da advertência pelo segundo cartão amarelo, terão que cumprir na próxima partida também foram lembradas por Teixeira. O dirigente frisou a falta que ambos atletas farão ao time.

“Terminamos tendo dois jogadores suspensos para um jogo importante, que será nossa prova de fogo”, criticou o presidente da CBF. Amanhã, o Brasil vai decidir em uma partida se prosseguirá no Torneio Pré-Olímpico. Quanto ao provável adversário desta partida, Teixeira reforçou que a seleção não pode temer qualquer adversário.

“O time tem que entrar para ganhar e esquecer o árbitro”, afirmou o presidente da CBF.

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