Era uma vez uma camisa amarela. Com ela, os maiores jogadores do mundo entravam em campo e eram garantia de espetáculo.
Era o manto sagrado de Pelé, Didi, Garrincha, Rivelino, Gérson, Zico, Falcão e Romário, entre tantos outros. Os estádios ficavam lotados para ver as mágicas camisas amarelas desfilarem o mais belo futebol que existia. Mas faz tempo, e só a memória serve como alento daquela era.
Só que a vida passa, os craques passam – tudo passa, já diria aquele cantor. E a camisa amarela mudou. Não é mais somente amarela, tem um design arrojado e manjado, já que a camisa é igual à de tantas outras seleções. E os jogadores também não são mais aqueles. Por isso, a seleção brasileira perdeu o encanto e o bom futebol. Ontem, em Arequipa, no Peru, na estréia da Copa América, o Brasil venceu o Chile por 1×0, com um gol de Luís Fabiano aos 45 do segundo tempo. O jogo fechou a primeira rodada do grupo C, que foi aberto com Paraguai 1×0 Costa Rica.
E a imagem dessa seleção sem encanto é a do técnico Carlos Alberto Parreira avisando seus comandados que faltavam cinco minutos para acabar a partida. Ali, já se estava considerando o empate um ótimo resultado. E realmente era, porque o Brasil fazia uma de suas mais lamentáveis atuações nos últimos anos. Sem criação no meio-de-campo e isolando os atacantes, a seleção tinha posse de bola – verdadeira obsessão de Parreira -, mas não fazia nada de interessante na frente.
O time sofre com os desfalques, é verdade. Dos titulares que participaram das últimas partidas das Eliminatórias, apenas Juan estava em campo. Falta entrosamento, falta preparação tática e falta liderança. Mas nada explica a ausência de vibração em quase toda a partida – só se via reação dos jogadores do Brasil quando o árbitro marcava faltas contrárias à seleção. Só que uma bobeada do mexicano Marco Rodríguez ajudou. Primeiro, ele marcou um pênalti duvidoso de Edu em Valenzuela. Depois, impugnou o gol de González alegando que Mirosevic invadiu a área. Na segunda cobrança, o centroavante chileno mandou longe.
Se no primeiro tempo a atuação foi apática, no segundo foi terrível. A seleção acertava poucos passes, e jogadores considerados fundamentais por Parreira, como Renato e Alex, viviam péssima noite. Além disso, Mancini não conseguia se adaptar à lateral-direita, função que não ocupa mais desde que saiu do País para jogar na Itália. Mas quando o jogo se encaminhava para o justo 0x0, Alex cobrou escanteio, Luís Fabiano cabeceou e Varas nada pôde fazer. Gol do Brasil, 1×0. E só.