Três anos se passaram desde que o Brasil fez um papel decepcionante na Copa do Mundo da África do Sul e, neste período, uma renovação profunda na seleção foi iniciada por Mano Menezes e completada por Luiz Felipe Scolari.
E, neste sábado (15), esse longo e cansativo trabalho será colocado à prova na abertura da Copa das Confederações contra o Japão, às 16 horas, no novo estádio Nacional (Mané Garrincha).
Para um grupo de jogadores que tem a missão de resgatar o amor da torcida brasileira pela seleção, vencer os japoneses é absolutamente fundamental. Um mau resultado vai espalhar o pessimismo pelo País e azedar o clima entre a equipe e os torcedores.
O primeiro a admitir que a seleção está obrigada a vencer os japoneses é Felipão. E ele tem bagagem para dizer isso. A situação que o gaúcho vive hoje lembra a da Eurocopa de 2004, em Portugal.
Ele dirigiu o time português naquele torneio e conviveu com a gigantesca expectativa dos torcedores lusitanos por uma campanha histórica. E tem péssimas recordações do jogo de abertura, com derrota para Grécia por 2 a 1.
“É horrível jogar o primeiro jogo de um torneio em casa e perder”, comentou o técnico. “O ambiente fica muito difícil de administrar, é algo que não deve acontecer”.
As armas que Felipão usará para ganhar do Japão ele já apresentou nos dois últimos amistosos disputados pela seleção, contra Inglaterra e França (empate com os ingleses e vitória sobre os franceses).
O centroavante Fred vai ser abastecido por uma linha de três jogadores que fica logo atrás dele – formada por Oscar, Neymar e Hulk. No início da partida, Oscar se posiciona pelo lado direito, Neymar fica pelo meio e Hulk joga pela esquerda, mas eles têm liberdade para trocar as posições ao longo da partida, na tentativa de confundir a marcação adversária.
Um outro recurso importante da seleção é a presença dos laterais no ataque – um clássico do futebol brasileiro. Daniel Alves e Marcelo atacam bastante, por vezes ao mesmo tempo, e abastecem tanto Fred quanto os jogadores de meio de campo que entram na área inimiga.
Mas há um problema: para não deixar a defesa abandonada quando os laterais estão no ataque, Felipão contém o avanço dos volantes Luiz Gustavo e Paulinho. O mais prejudicado é o jogador do Corinthians, que em seu clube se destaca pela facilidade para fazer gols, mas na seleção tem de ser um pouco mais conservador.
No período de treinos que a seleção fez em Goiânia, Felipão ensaiou bastante a marcação por pressão sobre a defesa adversária. Esse recurso deverá ser usado especialmente no começo da partida, para “assustar” os japoneses.
Um gol da seleção logo de cara certamente obrigará os campeões asiáticos a se abrirem e isso dará espaço para os sempre perigosos contra-ataques do Brasil. Foi justamente em um contra-ataque, aliás, que a seleção fez seu segundo gol no amistoso contra a França.
Se tudo der certo, a seleção vai contar com o apoio da torcida em Brasília, como contou no Rio de Janeiro, contra a Inglaterra, e em Porto Alegre, diante dos franceses.
O xis da questão é saber como os torcedores se comportarão caso as coisas comecem a dar errado – se o Japão abrir o placar, por exemplo. Com a palavra, Felipão: “Se nós tivermos alguma dificuldade e o torcedor não nos ajudar, aí jogar em casa não será uma vantagem para nós”.
O gaúcho está colocando todo o seu carisma em jogo para tentar conquistar o apoio dos brasileiros e passará por uma dura prova neste sábado em Brasília. Assim como serão testados os seus jogadores e a organização do torneio. E por que não dizer também a torcida?