A seleção brasileira feminina de basquete está a 40 minutos dos Jogos Olímpicos de Pequim. É o tempo de quadra necessário para nesta sexta-feira (13) a seleção da Bielo-Rússia pelas quartas-de-final do Pré-Olímpico Mundial, a partir das 14h30 (de Brasília) e carimbar o passaporte para a China. São quatro quartos de 10 minutos que separam o basquete comandado pelo técnico Paulo Bassul, e que tem na armadora Claudinha e na ala Iziane duas de suas principais jogadoras, da quinta participação brasileira seguida em olimpíadas, com duas medalhas na bagagem – prata em Atlanta/96 com Hortência e Magic Paula; e bronze em Sydney/2000, já sem as duas.
O jogo será o último do dia no ginásio da Telefônica Arena Madrid, e não é a chance derradeira do Brasil no torneio. Se não vencer, terá uma repescagem contra o perdedor de Angola e Letônia. Aí terá de vencer para cruzar com outro finalista e lutar pela quinta e derradeira vaga.
"Não pensamos em levar esse torneio adiante, embora exista outra chance. Queremos ganhar a vaga amanhã (sexta). A euforia da vitória contra a Espanha ficou para trás. Baixamos a ansiedade e estamos prontas para o jogo com a Bielo-Rússia", diz Claudinha, 33 anos, líder e capitã, remanescente do time que foi bronze há oi to anos, na Austrália.
O Brasil chega para decidir a vaga depois de vencer Ilhas Fiji (125 a 45) e a anfitriã Espanha (71 a 68), num jogo duríssimo e equilibrado. Todas as jogadoras estão bem fisicamente e não houve contratempo nos trabalhos desta quinta-feira, véspera do jogo. Bassul sabe, porém, que precisará mudar o estilo da seleção diante de um rival de jogadoras altíssimas, mas um tanto lentas e sem agilidade.
Yelena Leuchanka tem 1,94m. É a número 11 da Bielo-Rússia, uma das melhores da equipe. Sviatlana Volnaya mede 1,87 metro e é perigosíssima nos arremessos. Diferentemente do que fez contra a Espanha, o Brasil estará dentro do garrafão, pressionando as grandalhonas da Bielo-Rússia para não terem facilidades nos rebotes. O time treinou bem.
A seleção também sairá em velocidade para a cesta, tentará atrapalhar a condução de bola das adversárias e provocará os erros delas na saída. Conta ainda com a mão boa de Iziane nas cestas de três pontos. Na teoria, muito fácil. Mas na prática…
"Teremos de construir a vitória quarto a quarto, sem deixar que a ansiedade nos atrapalhe", diz a pivô Kelly, a única em igualdade de tamanho com as rivais, 1,92 metro. "Quem falar que não sente aquele frio na barriga pode se aposentar", diz Bassul. "Mas a experiência faz a gente transformar esse sentimento em algo positivo. O basquete é feito de erros e acertos e temos de jogar com naturalidade, mesmo sabendo que é a partida que nos levará para os Jogos de Pequim." Ele sabe que serão os 40 minutos mais demorados de sua vida.