Contra o desconhecido, a cautela. O técnico Ricardo Gomes só anunciará hoje, mas deu todas as pistas de que Fábio Rochemback começará jogando em lugar de Daniel Carvalho na partida de hoje à noite (23h10, horário de Brasília) contra o Paraguai, pela segunda rodada do Torneio Pré-Olímpico.
A comissão técnica brasileira não tem nenhuma informação sobre o time paraguaio. Ou melhor, tem informações que provavelmente estão desatualizadas. ?Faz meses que não conseguimos nada de novo sobre o Paraguai. Sabemos que é a equipe que se preparou melhor para a competição ao lado da Venezuela, mas só vamos conhecê-los mesmo quando o jogo começar. Esse desconhecimento me assusta?, afirmou Ricardo Gomes.
O técnico lembra que o Brasil mudou bastante da Copa Ouro para cá, até mesmo em relação aos amistosos de novembro contra Corinthians e Santos, e que se surpreendeu com a ausência dos zagueiros Lago e Bizera na lista de inscritos do Uruguai. ?Nesse faixa de idade, os times mudam muito rapidamente. Por isso, pode ser que as informações que temos sobre o Paraguai não valham mais muita coisa agora. Temos uma idéia de como eles jogam, mas talvez só no intervalo eu tenha condição de arrumar o time em função do que vir nos primeiros 45 minutos.?
A falta de informações sobre o adversário de amanhã é um dos motivos que devem levar à entrada de Rochemback no meio-de-campo. Diante de um rival com mais tradição – e também com mais ambição – do que a historicamente frágil Venezuela, é pouco provável que o treinador repita o esquema ultraofensivo da estréia, com quatro jogadores que não sabem marcar – Diego, Robinho, Dagoberto e Daniel Carvalho.
Um detalhe que Ricardo Gomes observou no jogo contra os venezuelanos indica que a ?farra? acabou. ?Fiquei preocupado com o desgaste do Elano. Ele ficou muito sobrecarregado e acabou se cansando, o que fez cair seu rendimento tanto na marcação como na parte técnica. Foi por isso que coloquei o Rochemback, para dividir melhor o trabalho com ele e o Paulo Almeida.?
Como o Paraguai não jogou na rodada de abertura e está mais ?inteiro? fisicamente, o treinador não deve correr o risco de expor novamente o jogador do Santos ao risco de se desgastar além da conta, ainda mais sabendo que o Brasil voltará a campo num intervalo inferior a 48 horas para enfrentar o Uruguai domingo à tarde.
Ricardo Gomes tentou criar um clima de mistério em relação à mudança que provavelmente fará e lançou no ar os nomes de Wendell e Dudu Cearense como outras ?ótimas opções? que tem para encorpar o meio-de-campo e aliviar a barra de Elano. Mas quem vê o entusiasmo com que ele fala de Fábio Rochemback não tem dúvida de que o volante do Sporting será o escolhido. Ele só não foi titular na estréia porque teve de jogar pelo seu time contra o Benfica, domingo. E no início da semana o treinador declarou que Rochemback seria sua primeira opção para reforçar o meio-de-campo a partir do segundo jogo.
A utilização do volante em lugar de Daniel Carvalho nos últimos 15 minutos da partida de quarta-feira foi uma demonstração da admiração que o treinador tem por ele. ?Coloquei o Rochemback em campo como uma recompensa por todo o esforço que ele fez para estar aqui conosco?.
Paraguaios não temem a seleção brasileira
O Paraguai estréia contra o Brasil no Torneio Pré-Olímpico e garante que não teme a força do rival, já considerado um dos favoritos da competição. A goleada brasileira sobre a Venezuela por 4 a 0 não preocupa os paraguaios, que acreditam ter encontrado a fórmula para derrotar o adversário: explorar as deficiências dos zagueiros verde-amarelos. ?A lentidão da defesa brasileira será nosso passaporte para a vitória?, disse Antonio Zaracho, auxiliar-técnico do treinador Carlos Jara Saguier, que comandou ontem um treino de reconhecimento do campo de jogo no Estádio Municipal de Concepción.
Vários jogadores paraguaios admitiram que ?do meio-campo para frente? o Brasil é uma equipe ?muito perigosa, com jogadores muito habilidosos?, também afirmaram que os defensores ?são muito altos, fortes, mas muito lentos?, que pode abrir possibilidades para um triunfo guarani.
Na opinião do atacante Pablo Giménez, que preferiu disputar o Pré-Olímpico e não viajar para a Coréia do Sul, mesmo sendo vendido por seu clube, o Guarani, a defesa brasileira foi dominada pelo ataque da Venezuela.?Tiveram de cometer um pênalti e permitiram vários chutes ao gol, que para azar da Venezuela, não entraram.?
Para o treinador Carlos Jara Saguier, um triunfo sobre os brasileiros não deveria ser visto como surpreendente. ?Eles têm excelentes valores individuais, mas precisam ter cuidado, pois nosso ponto forte é o jogo coletivo?.