Brasil enfrenta Chile pelo 1.º lugar no Pré-Olímpico.

Concepción – O Brasil define hoje o caminho que seguirá no pré-olímpico e só uma vitória contra a empolgada seleção chilena, às 23h10, garantirá vaga no quadrangular final – que será disputado nos dias 21, 23 e 25 em Valparaíso e Viña del Mar. Se empatar ou perder, o time ficará em segundo lugar e terá de jogar a repescagem contra o terceiro colocado da outra chave no domingo.

Os 30 mil ingressos colocados à venda estão esgotados e pela única vez na competição – a rodada de hoje será a última em Concepción – o Estádio Municipal receberá público total. Os chilenos estão entusiasmados com o aproveitamento de 100% da equipe dirigida por Juvenal Olmos e prometem gritar muito esta noite, mas Ricardo Gomes tem certeza de que seus jogadores não vão sentir a pressão. “Nosso time é formado por jogadores maduros. Estamos preparados para tudo e tenho muita confiança na vitória.”

O treinador brasileiro está procurando passar para os jogadores a tranqüilidade que demonstra no dia-a-dia. Estádio lotado, arbitragem caseira, necessidade de vencer para escapar da repescagem, nada disso parece tirar o seu sono. “Temos um time de qualidade, tivemos tempo para descansar e dependemos apenas de nosso resultado para conquistar o primeiro lugar. Jogar pela vitória não é nenhuma novidade para nós. O Brasil joga sempre para ganhar e jogaria assim mesmo que tivesse a vantagem do empate. Está tudo normal.”

Nem a possibilidade de precisar fazer um jogo de vida ou morte no domingo para tentar manter vivo o sonho de ir às Olimpíadas o incomoda. “Queremos o primeiro lugar, mas se for preciso jogar a repescagem não tem problema. Nosso objetivo é a classificação para os Jogos Olímpicos e acredito que vamos conseguir, independentemente de termos de jogar a repescagem ou não.” Ricardo Gomes esteve no estádio terça-feira à noite e viu o Chile penar para ganhar de virada do Paraguai por 3 a 2, apesar de o adversário ter tido um jogador expulso aos 25 minutos do primeiro tempo, quando o jogo estava 0 a 0. Ele não quis falar sobre os pontos fracos que observou no líder da chave, mas abriu o jogo sobre as qualidades. “É um time que tem atacantes rápidos e que se movimentam muito. Joga bastante pelo lado direito e vai muito no entusiasmo da torcida. É uma equipe muito boa.”

Uma vantagem que o Brasil poderá ter é o fato de estar mais “inteiro” que o time da casa. Os chilenos precisaram correr bem mais do que imaginavam para derrotar o Paraguai e ainda sofreram com o jogo violento do adversário. Enquanto isso, a seleção folgou na rodada de terça-feira e teve quatro dias para recuperar a energia depois da partida contra o Uruguai. “O Chile realmente se desgastou muito, mas, como tinha folgado domingo, não está tão cansado como nós estávamos contra o Uruguai porque aquele era o nosso terceiro jogo em quatro dias. Sem dúvida nós estamos em melhores condições para esta partida e vamos tentar tirar proveito disso mantendo a posse de bola o maior tempo possível.”

Cinco titulares brasileiros entrarão pendurados em campo: Edu Dracena, Maxwell, Fábio Rochemback, Diego e Dagoberto. O reserva Paulinho também tem um cartão amarelo.

Elano garantido como titular

Elano participou com desenvoltura do treino tático, fez um belo gol por cobertura com o pé esquerdo e garantiu sua escalação para a partida de hoje, quando o Brasil enfrenta o Chile. Assim, entra no lugar de Wendell, apenas seis dias depois de ter sofrido uma torção no tornozelo esquerdo.

“A volta do Elano é um grande reforço para nós e deixa o time mais equilibrado. Foi com a formação que jogará amanhã (hoje) que tivemos nossa melhor atuação na competição, na vitória sobre o Paraguai”, disse o técnico Ricardo Gomes. “Nosso departamento médico fez um excelente trabalho.”

O meia do Santos estava esbanjando alegria. Ele contou que ficou bastante abatido quando sofreu a contusão, no primeiro tempo do jogo de sexta-feira contra os paraguaios. “Lutei tanto para chegar à seleção e poderia ficar fora do torneio tendo feito só um jogo completo. Mas me dediquei ao tratamento com força de vontade, todo mundo me deu a maior força e graças a Deus estou pronto para ajudar o Brasil. Essa recuperação foi uma bênção para mim.”

No treino de ontem, nem parecia que cinco dias antes ele estava com o tornozelo imobilizado e inchado. Elano correu, cruzou, chutou e fez um golaço por cobertura em Juninho, depois de uma linda tabela com Diego. “Estou me sentindo 100%”, contou o jogador.O treino, realizado sob um vento gelado, foi o último da seleção no estádio do Huachipato, em Talcahuano. Qualquer que seja o resultado da partida com o Chile, na sexta à tarde a delegação deixará Concepción e se deslocará para Viña del Mar.

Na despedida, havia um grupo de garotos com uma bandeira do Chile que ficava provocando os jogadores do Brasil, mas ninguém deu bola. “Deixa falar. O pessoal do Paraguai falou a mesma coisa e na hora do jogo eles não conseguiram fazer gol na gente”, afirmou o zagueiro Alex.

Seleção de olho no “apito”

A desastrada atuação do colombiano Fernando Paneso na vitória do Chile sobre o Paraguai por 3 a 2 deixou o Brasil preocupado com a arbitragem para a partida decisiva de hoje. O receio é encontrar pelo caminho um juiz “caseiro”, que se intimide por causa da pressão da torcida chilena. “Viemos aqui para jogar futebol e não queremos ser prejudicados. Estamos de olho na arbitragem e esperamos que a Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) escale um árbitro de pulso, porque o que apitou Chile e Paraguai se perdeu completamente”, disse Branco, o chefe da delegação.

A comitiva brasileira que esteve no estádio terça-feira à noite – Branco, a comissão técnica e alguns jogadores – achou que Paneso favoreceu muito o time da casa. Argumentam que o pênalti que originou o primeiro gol não existiu, que só houve rigor na distribuição de cartões para os paraguaios, que em lances duvidosos o árbitro marcava sempre para o Chile e que houve um momento da partida em que os anfitriões ficaram com 12 jogadores em campo. “Deixar o Chile ficar um minuto jogando com 12 foi ridículo. Isso não pode acontecer numa competição tão importante e só mostra que o árbitro estava perdido”, afirmou Branco.

O técnico Ricardo Gomes considerou “complicada” a atuação do colombiano. Mas, para não tornar o assunto uma paranóia para seus jogadores, tratou de dizer que não tem medo de ser prejudicado hoje. “Não tenho nenhum temor em relação a isso.” Na verdade, a delegação brasileira está preocupada com a arbitragem desde o empate de domingo com o Uruguai, que ofereceu ao Chile a oportunidade – aproveitada terça-feira – de se isolar na liderança da chave e chegar à ultima rodada com a vantagem de jogar pelo empate para garantir o primeiro lugar. Logo depois daquele jogo, Robinho disse ter certeza de que no jogo contra os chilenos o juiz marcaria falta para o time da casa em todas as divididas e que o Brasil teria de superar “mais esse obstáculo” para se classificar.

No Estádio Municipal, a seleção chilena usa uma tática manjada para pressionar a arbitragem, que também é muito comum no Brasil: seu banco de reservas fica atrás do bandeirinha. No jogo de terça-feira, houve um lance no primeiro tempo que mostra bem a “utilidade” de o banco ser ali. Depois da cobrança de um escanteio, um zagueiro chileno cabeceou, a bola bateu no travessão, quicou perto da linha e foi afastada pela zaga paraguaia. Imediatamente, o técnico Juvenal Olmos e alguns auxiliares partiram para cima do bandeirinha gritando que a bola havia entrado. Um deles chegou a correr ao lado do bandeira enquanto ele voltava para a intermediária acompanhar a zaga paraguaia.

Paraguai reclama do árbitro

Carlos Jara, técnico da seleção sub-23 do Paraguai, e dirigentes da federação do país apresentarão uma queixa na Confederação Sul-Americana de Futebol pelas irregularidades ocorridas na derrota por 3 a 2 para o Chile, terça-feira. Jara apontou o árbitro colombiano Fernando Paneso como principal responsável pelas irregularidades.

A situação que mais preocupou os paraguaios ocorreu aos 44 minutos do segundo tempo, quando o chileno Mark González foi substituído por Miguel Aceval e, depois de deixar o campo e receber atendimento médico, voltou ao campo. Com isso, por dez segundos, o Chile teve doze jogadores em campo.

“Isso é punido com a perda dos pontos, mas deixaremos a questão em aberto. Pode haver um monte de sanções, mas nunca ganharemos os três pontos”, disse Jara.

O Paraguai tem três pontos no grupo A e jogará hoje contra o Uruguai, com dois. A partida define a repescagem.

Brasil segue líder do ranking da Fifa

O Brasil segue na liderança do ranking da Fifa, publicado ontem pela entidade máxima do futebol. Na lista inaugural de 2004, nenhuma alteração entre os dez primeiros colocados. O pentacampeão mundial permanece à frente dos demais com 848 pontos. A França vem em segundo com 826 e a Espanha em terceiro, com 798.

PRÉ-OLÍMPICO DE FUTEBOL
CHILE X BRASIL

Chile: Bravo; Contreras, Fuentes e Riffo, Gonzales, Figueroa, Carrasco, Millar e Valdivia, Soto e Villanueva. Técnico: Juvenal Olmos.

Brasil: Gomes; Maicon, Edu Dracena, Alex e Maxwell; Paulo Almeida, Fábio Rochemback, Wendell (Elano) e Diego; Robinho e Dagoberto. Técnico: Ricardo Gomes

Súmula
Local: Municipal de Concepción
Horário: 23h10 (de Brasília)
Árbitro: Claudio Martin (ARG)

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