O segundo rival do Brasil no ciclo de preparação para a Copa do Mundo de 2022, no Catar, será uma equipe com ambições bem mais modestas do que jogar um Mundial ou conviver com salários milionários. Em Washington, nesta terça-feira, às 21h30, os jogadores de El Salvador vão entrar em campo mais preocupados em dividir espaço com os astros brasileiros, deixando momentaneamente de lado problemas como atrasos salariais na liga local e rotina de jogos com seleções inexpressivas.

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O encontro com o Brasil é como um oásis na agenda da seleção salvadorenha. A equipe disputa as Eliminatórias para a Copa Ouro, competição da América Central equivalente à Copa América. Até o fim do ano, os compromissos são contra os frágeis rivais Barbados e Bermuda.

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No sábado, El Salvador encarou pelo torneio classificatório o arquipélago de Montserrat, território pertencente ao Reino Unido e que tem população inferior a 5 mil pessoas. Ganhou por 2 a 1, com o gol da virada marcado nos acréscimos da disputa.

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“Existe uma diferença enorme entre as duas seleções hoje. O Brasil tem jogadores nas melhores ligas do mundo. Nossa seleção tem apenas alguns atletas que atuam fora. Espero apenas que possamos fazer um papel minimamente digno”, disse ao Estado o treinador de El Salvador, o mexicano Carlos de Los Cobos. Ex-volante, ele fez carreira no América do México e disputou a Copa de 1986.

O técnico está pela segunda vez no comando da seleção, 72.ª colocada no ranking da Fifa. El Salvador tem o nome marcado no futebol por ter sofrido a maior goleada da história das Copas: 10 a 1 diante da Hungria, em 1982, na segunda e última vez em que o time disputou um Mundial. Nas duas tentativas mais recentes, a equipe não chegou à fase decisiva, o hexagonal final.

“O nível da nossa liga é muito baixo. São 12 equipes, todas com instalações precárias e estádios públicos. Os jogadores têm poucos recursos para desenvolver suas capacidades. O universo de atletas que podemos convocar é restrito”, afirmou o treinador mexicano.

A convocação de El Salvador deixou fora do amistoso jogadores que, em 2013, envolveram-se em escândalo de arranjo de resultados de partidas da seleção pelas Eliminatórias.

Há mais de um ano, El Salvador não enfrenta um adversário de outro continente. O último encontro foi com o Equador, em junho do ano passado.

O atacante brasileiro Ricardinho conhece bastante o futebol local, onde atua há quatro anos pelo Santa Tecla, que ganhou fama internacional em 2016 ao contratar o uruguaio Loco Abreu. O clube forneceu quatro jogadores para a seleção.

“As equipes passam dificuldades, demoram a pagar salário. No meu time, o máximo que ocorreu foi ficar um mês sem receber. O futebol daqui é bom, mas não é do nível do brasileiro”, explicou ao Estado. O capixaba de 31 anos recebeu sondagem tempos atrás para se naturalizar salvadorenho, mas disse que a corrupção no passado do futebol local esfriou o apoio da torcida à seleção do país.

Segundo Ricardinho, a equipe convive com grande cobrança para conseguir voltar a uma Copa. No futebol regional, os clubes têm conseguido melhorar a estrutura de trabalho aos poucos. “Os times têm estrutura de equipe da Série A do Paulista. Mas existem diferenças. No Brasil, até os clubes menores oferecem refeição após o treino. Começamos a ter isso neste ano”, contou.

BRASIL COM MUDANÇAS – O técnico Tite vai fazer testes na seleção brasileira no amistoso contra El Salvador – serão seis alterações em relação ao time que iniciou o jogo com os Estados Unidos.

Esta noite, Neto, Éder Militão, Dedé, Alex Sandro, Arthur e Richarlison serão titulares. Segundo Tite, o amistoso é a oportunidade de trabalhar o espírito de equipe e a confiança dos jogadores. Mas alertou. “Não tem (jogo) relaxado, não, o futebol não permite isso. O futebol permite por vezes a equipe com nível técnico inferior vencer jogos e sabemos disso”, afirmou.

O treinador também já avisou que Neymar, Paquetá, Philippe Coutinho e Dedé não irão jogar o jogo inteiro, pois têm partidas decisivas por seus times nos próximos dias. “Eu tenho que ter a responsabilidade pela saúde do atleta.”