Brasil e Itália escrevem nesta terça-feira (10), às 17h45 (horário de Brasília), no Emirates Stadium, em Londres, 12 anos após o último confronto, mais um capítulo da história do clássico entre dois maiores campeões do mundo, mas desta vez cercados de precariedades e polêmicas extracampo. Em 12 jogos, com cinco vitórias e 19 gols marcados de cada lado, a importância do jogo deveria falar por si só.
Mas tantas controvérsias antecederam o confronto que Rodrigo Paiva, assessor de imprensa da CBF, fez uma “lembrança” aos jornalistas antes da entrevista de Dunga, nesta segunda: “Tem um jogo amanhã (terça) contra a Itália”.
O objetivo foi devolver o foco ao confronto contra a Azzurra, um dos mais importantes do futebol mundial. Há mais de 10 dias problemas como a denúncia de violência sexual contra Robinho, a convocação frustrada do atacante Amauri, da Juventus, a demissão de Felipão e até a extradição de Cesare Battisti não param de se suceder. Diante de tantas perguntas sobre temas externos, Dunga foi lacônico: “Acabei de treinar agora. Estou preocupado com a seleção”.
Para este confronto, a preparação foi longe do ideal. Sem Kaká, Luís Fabiano e Anderson, cortados por contusões, e Amauri, convocado fora do prazo, Dunga conta apenas com 19 jogadores no elenco que enfrentará a atual campeã mundial. “Esta partida é um pouco diferente das outras”, avaliou o treinador, referindo-se às circunstâncias adversas. “Tudo aconteceu de última hora. Tenho de procurar as alternativas para os desfalques dentro do grupo”.
Além dos desfalques no time, outro problema foi a falta de descanso e treinos. O grupo só ficou completo, em Londres, na manhã de segunda – cerca de 30 horas antes do jogo – com a chegada do volante Gilberto Silva e do zagueiro Luisão ao hotel Hilton Park Lane. Depois disso, houve apenas um treinamento, de uma hora de duração, realizado em meio campo, sob chuva e frio de três graus.
“Em outros amistosos, os jogadores tinham mais tempo para repousar depois de jogar no domingo e tínhamos pelo menos um dia para treinar o esquema”, ponderou, argumentando: “Hoje (segunda) o campo estava pesado e não deu para treinar muito. Amanhã (terça), já vão jogar. Tudo isto nos deixa um pouco limitados”.
Como de praxe, Dunga não revelou a escalação do time e, sem coletivo, o treino pouco ajudou para dirimir as dúvidas. O treinador insistiu em bolas aéreas – revelando preocupação com a estatura de atacantes italianos como Luca Toni – e, a seguir, coordenou a movimentação do ataque contra a defesa.
Para a ausência de Kaká, no entanto, as opções parecem se limitar a duas: Elano ou Júlio Baptista. Sem treinos adequados, a disputa pela posição foi mais verbal do que atlética. “Eu sei da minha qualidade. O Júlio é um bom jogador, mas vou fazer de tudo para, se for escolhido, corresponder, fazer gols e ajudar a seleção brasileira”, disse o ex-santista. O meia do Roma foi no mesmo tom: “Eu e outros queremos esta oportunidade. Eu quero dar meu melhor e voltar a ser lembrado na seleção”.