Brasil e Inglaterra fazem final antecipada da Copa

Hamamatsu, Japão (AE) – O Brasil aposta no talento e no poder de criação de seus craques. A Inglaterra tem qualidade, mas joga com rígidos padrões táticos. A eficiência dos dois métodos será colocada à prova a partir das 3h30 de amanhã, no estádio de Shizuoka, no confronto entre duas das mais importantes escolas de futebol do mundo. O time de Felipão luta para continuar no caminho do pentacampeonato, no dia em que se comemoram os 32 anos da conquista do tri, no México. A equipe de Eriksson pretende retomar a hegemonia internacional, o que não ocorre desde 1966, quando foi a anfitriã e ganhou seu único título. O jogo mais aguardado das quartas-de-final terá transmissão ao vivo pela Globo e pelo Sportv.

Há expectativa em torno do que apresentarão brasileiros e ingleses, que não se enfrentam em copas desde 1970. Cada equipe tem seus pontos fortes e aspectos polêmicos. Os sul-americanos mais uma vez têm a obrigação de honrar a tradição da região e têm o melhor ataque, com 13 gols em quatro partidas. Seus dois principais astros são Rivaldo (4 gols) e Ronaldo (5). A defesa, muito criticada, levou três.

Os europeus ganharam elogios e tiveram sua cotação aumentada depois de baterem a Argentina (1 a 0), na primeira fase. O sistema defensivo é a referência obrigatória, pois só sofreu um gol. Mas o ataque marcou apenas 5, mesmo com atletas como Owen e Heskey. Ainda assim, as apostas em Londres indicam favoritismo do English Team, porque é mais coeso e tem conjunto mais harmonioso do que o dos rivais.

Essa tese não seduz Felipão. O treinador da seleção não concorda com a ressalva que se faz à equipe, de que depende muito da inspiração de jogadores que desequilibram, com os Rs (incluídos aí Ronaldinho Gaúcho e Roberto Carlos). Em sua avaliação, há equilíbrio no Brasil entre esquema tático e improviso. Daí, o sucesso do time, único a vencer os quatro jogos que disputou até agora. “Não tolho a individualidade, que também cresce porque há ordem tática por trás disso”, tem comentado, quando se destaca o poder de decisão dos craques. “O trabalho é coletivo”, insiste.

Mudanças

A força da Inglaterra não passa despercebida por Felipão. Tanto que há dias estuda relatórios apresentados por seus observadores, o primeiro deles elaborado por Flávio Murtosa, fiel escudeiro. Há possibilidade de a equipe ser alterada – se falou em Kléberson ou Ricardinho no meio-campo -, mas o segredo está guardado ainda. Ontem o treinador despistou todo mundo, ao dar treino tático em vez de coletivo. O zagueiro Lúcio não participou, por precaução, mas o médico José Luiz Runco garantiu sua liberação. “Devemos nos preocupar em jogar nosso futebol”, afirmou o capitão Cafu, ao dar o tom do discurso dos jogadores.

“Se a Inglaterra tem Owen, Beckham, Heskey, nós temos Ronaldo, Rivaldo e Ronaldinho”, retrucou Edmílson. “Não precisamos mudar nossa forma de atuar”, emendou Roberto Carlos. “Só é preciso mais atenção e menos espaço para erros”, observou Gilberto Silva. “É a partida mais importante da Copa” comparou Denílson. “Porque não adianta nada pensar em semifinal ou final. Se perdemos agora, acabou tudo.” O Brasil entra de azul, por imposição da Fifa (os ingleses jogam de camisa branca), e preparado para disputar prorrogação, se for necessário. “O grupo agüenta ritmo forte”, avisa o preparador físico Paulo Paixão. O temor é a morte súbita, mais preocupante depois da eliminação da Itália. “Melhor decidir no tempo normal”, avisa Júnior, que teve atuação muito boa contra a Costa Rica e sonha com nova oportunidade.

Rivaldo recupera prestígio

Shizuoka

(AE) – Rivaldo divide com Ronaldo o foco da seleção brasileira no Japão e está cada vez mais presente no noticiário internacional. Tema de um programa especial da principal emissora de TV de Shizuoka, levado ao ar ontem por mais de 20 minutos, com a história de sua carreira e a exibição de alguns de seus gols mais bonitos, Rivaldo é forte candidato novamente ao título de melhor jogador do mundo.

A partida de amanhã contra a Inglaterra pode definir muita coisa na vida do meia: não quer se despedir de copas do mundo numa quarta-de-final. Como conseqüência de uma eventual classificação à semifinal, uma dessas mudanças poderia ser acelerada – sua transferência do Barcelona para outro clube da Europa.

Ele recebeu várias sondagens, duas delas dos ingleses Manchester United e Arsenal. Prefere, por enquanto, fazer comentários somente sobre seleção brasileira.

Aos 31 anos, o craque pernambucano está preparado para enfrentar a Inglaterra. Temor não existe. Afinal, Rivaldo endossa, o Brasil já chegou a seis finais e a Inglaterra, a apenas uma.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo