Paulo comemora no pódio |
O brasileiro Pablo Paulino derrotou ontem o havaiano Dustin Cuizon na final do Billabong World Junior Championship – campeonato mundial sub-20 de surfe – e trouxe o título para o Brasil, somando o terceiro título do País na categoria. O jovem de 19 anos apresentou um ótimo surfe em codições de um mar agitado e pesado. Surfando com perspicácia e rapidez, ele dominou seus adversários nas fases finais do evento e ficou com o título de campeão mundial júnior da ASP.
Pablo adicionou seu nome à lista de honra dos que já obtiveram o título, como o atual tricampeão mundial WCT Andy Irons, que venceu em 1998, o atual n.º 2 do ranking Joel Parkinson, campeão em 1999 e em 2001 e também seus companheiros, os brasileiros Pedro Henrique, vencedor de 2000, e Adriano de Souza, campeão em 2003 – em 2004 o evento foi cancelado.
Como o alemão Marlon Lipke observou a respeito do vento maral que bateu ao norte de Narrabeen ontem pela manhã, "vai ser realmente difícil…", de fato os ventos que sopraram durante a noite e continuaram durante o dia, fizeram com que as condições de ontem fossem de um mar agitado e pesado, com ondas de 0,5m a 1,5m. Mas mesmo assim, os melhores surfistas da categoria júnior do mundo partiram para o desafio.
Desafiando as péssimas condições, Paulino fez as escolhas certas das ondas. Natural de Fortaleza (CE), litoral do nordeste brasileiro onde as condições são similares, Pablo surfou nas dificuldades às quais está acostumado.
Enquanto seu adversário Lipke demonstrava grandes dificuldades para encontrar alguma onda considerada por ele ideal para se encarar, o brasileiro deslizava sobre as águas agitadas, garantindo uma considerável vantagem de pontos sobre o alemão, que falhou em conseguir alguma onda que lhe permitisse algo mais que manobras medíocres.
"Ainda estou muito feliz! Sou o terceiro do mundo", declarou Lipke, o alemão responsável por frustrar o bi mundial de Adriano de Souza, após sua derrota na semifinal.
Patrocinado pela Billabong do Brasil a aproximadamente um mês, Pablo estava empolgado em estar na final do evento que tem o nome de seu patrocinador, além da oportunidade de obter o título de campeão mundial Júnior que Adriano de Souza conquistou no último ano.
"Estou empolgadíssimo em fazer a final do evento do meu novo patrocinador Billabong, e quero retornar ao Brasil feliz com mais um título para o meu país", disse Paulino através de seu tradutor, o companheiro de equipe e surfista Jean da Silva.
Na segunda semifinal, o sul-africano Shaun Payne se frustrou tanto quanto o alemão Lipke, ao buscar as ondas ideais, enquanto que seu adversário, o havaiano Dustin Cuizon obteve um 5,33 pelas direitas no início da bateria. Faltando três minutos para o fim, Dustin selou sua passagem para a disputa final ao obter um 6,5, a maior pontuação das duas semifinais.
Só pedreira
Na primeira metade do confronto homem a homem da final, nenhum dos surfistas teve muita sorte com as ondas que permitiram uma ou duas aproveitáveis. Elas fechavam ou simplesmente sumiam, fazendo com que os surfistas buscassem as ondas do jeito que vinham.
O primeiro resultado expressivo veio com Cuizon, que na quinta investida, em uma onda bem cheia, conseguiu um 5,17. Logo na onda seguinte, Paulino decolou pegando rapidamente uma esquerda que lhe garantiu um 6,5.
Faltando 17 minutos para o fim, o brasileiro obteve a primeira das duas grandes notas da bateria: 8,0 em outra boa esquerda, enquanto as condições das ondas melhoravam com a redução da velocidade do vento. Ele continuava investindo nas esquerdas, ao contrário de Cuizon, que caçava sem parar as direitas. A oito minutos do fim, em uma de suas melhores investidas, Cuizon conseguiu um 6, quando precisava de um 8,5.
"Nós estávamos em situação parecida até ele conseguir aquele oito. Após isso, busquei de todas as formas alguma onda, mas não veio nada para mim. Pablo mereceu vencer, já que quase todas as ondas que ele pegou foram boas e ele surfou muito bem."
"Barba e cabelo’
A Panasonic Expression Session, evento especiaal com as melhores manobras, disputada logo após as semifinais, reuniu doze surfistas. Com a participação dos brasileiros Jean da Silva, Adriano de Souza e Diego Santos, a sessão especial teve a presença de americanos e europeus, juntamente com as lendas Luke Egan, Wayne ‘Rabbit’ Bartholomew e Tom Carroll.
Jean roubou a cena ao vencer a bateria extra ganhando uma câmera mini-DV da Panasonic. Além de ter exposto e promovido uma incrível variedade de talentos do surfe nesta primeira semana do ano, o Billabong World Junior Championship mostrou com ceteza que o nível do surfe melhorou acima das expectativas pelas sete regiões de atuação da ASP durante o ano.
O tradicional desejo pela paz entre as nações parece ser um fato difícil de ser consumado. O contínuo crescimento do surfe profissional em várias regiões do mundo – América do Sul, Europa, Africa e Ásia – dão bons pressentimentos de que podemos ter um pouco de aproximação através do esporte e da cultura.