Frankfurt – Carlos Alberto Parreira anunciou ontem a escalação do Brasil sem nenhuma surpresa. José Pekerman, misterioso, escondeu o time da Argentina. A atitude dos treinadores é um indicativo muito forte do que se pode esperar da final da Copa das Confederações, hoje, em Frankfurt.
De um lado, a seleção brasileira destemida e pronta para apagar a estrondosa derrota (3 a 1) de Buenos Aires. Do outro, um silêncio frio de quem está na hora do bote mortal. O clássico sul-americano na casa dos europeus começa às 20h45 (15h5 de Brasília).
O que está prestes a acontecer em Frankfurt tem ligação direta com o que aconteceu em Buenos Aires, dia 8 de junho. Os pentacampeões levaram uma surra naquela noite, por mais que Parreira tente apagar esta evidência. A sova doeu, doeu tanto que os jogadores e o treinador do Brasil estão ansiosos para responder ao nocaute.
"A seleção tem de se impor. Não pode se intimidar em nenhuma hipótese. A mentalização pode definir o jogo", alerta Parreira. Kaká emenda: "É decisão de campeonato. Vamos com tudo para apagar aquela imagem da partida de Buenos Aires. Todo mundo vai se doar ao máximo, depois férias, cada um vai para a sua casa."
José Pekerman não segue a linha de Parreira. "Aquele jogo de Buenos Aires pode ter sua influência sim. O futebol tem coisas que podem combinar. Podemos repetir algo daquela partida. Assim como o Brasil pode mudar algo no modo de atacar. Vamos esperar."
O treinador argentino sabe muito bem que não será fácil repetir aquela avalanche dos 20 minutos iniciais de Buenos Aires mas exige do seu time a mesma atitude. Só não revela quem pretende escalar.
"Posso adiantar que o Saviola, suspenso pela expulsão, não vai jogar. Não sei ainda quem vai entrar no seu lugar. Nem mesmo posso adiantar o time. Temos de conversar com os jogadores, ver como eles estarão amanhã. Escalação só minutos antes da partida." A sua grande dúvida é Tevez ou Galetti na vaga de Saviola. Está mais para Galletti.
Mistério de um treinador que não admite dar nenhuma pista de seus planos ao inimigo. Nem mesmo coloca a Argentina no pedestal como Parreira faz com o Brasil. Conversa mansa, ardilosa, Pekerman rebate a tese da imprensa portenha de que, no momento, a Argentina é melhor do que a seleção brasileira.
Parreira também quer um time contundente, disposto a tudo. E contra provocações, também não baixa a crista. Ontem, por exemplo, um jornalista argentino perguntou se ele estava aliviado porque Crespo – autor de dois gols na vitória (3 a 1) em Buenos Aires – nem veio para a Copa das Confederações. Veja a sua resposta: "Vocês da Argentina também devem estar bem aliviados, o Ronaldo também não veio."
Sem Ronaldo, Adriano é a ponta da faca de Parreira. E ainda tem Ronaldinho, Kaká, Robinho… "Eles podem fazer a diferença", insinua Parreira, que também pede respeito a Riquelme e Sorín, só para não dizer que não falou bem deles.
Vodu do Rei na capa do Olé
Buenos Aires – Pelé voltou a ser vítima dos argentinos, agora por conta do confronto com o Brasil na final da Copa das Confederações. Ontem, o jornal Olé estampou em sua capa o Rei do Futebol como se fosse um bonequinho de vodu, espetado por alfinetes e com a seguinte manchete: ?Que ganhe o melhor?. O diário diz que a decisão colocará frente à frente Riquelme e Ronaldinho, ?que roubou sua camisa no Barcelona?, alusão ao fato de o brasileiro ter tirado a posição do argentino no clube espanhol.
?Vamos ver se o vodu nos ajudará a ganhar os clássicos?, torce o Olé, lembrando também do jogo entre as seleções sub-20. A torcida deu certo pelo menos no primeiro duelo, pois os argentinos levaram a melhor sobre os brasileiros na semifinal do Mundial da Holanda.
Argentinos fazem mistério
Frankfurt – José Pekerman conhece bem os jogadores que levou para a Copa das Confederações. Por isso, não o preocupa o natural desgaste físico de seus atletas devido ao jogo com o México, um dia depois do confronto Brasil e Alemanha. Na cabeça do treinador e do elenco, isso não existe diante do Brasil – sobretudo numa decisão. ?Todos os jogadores querem estar nessa partida. A motivação existe, assim como o respeito pela seleção brasileira?, comentou.
Pekerman não espera um Brasil apático como foi o do primeiro tempo do último encontro entre as duas seleções, pelas Eliminatórias da Copa de 2006, em que a Argentina ?passeou? em campo e ganhou por 3 a 1. ?O Brasil certamente tirou lições daquela partida e jogará diferente. Haverá mudanças de colocação. Mas quero dizer que nenhuma partida é igual à outra. Tanto Brasil quanto Argentina são seleções de boas escolas no futebol.?
Pekerman também fez mistério em relação à formação do seu time. Disse apenas que Riquelme e Ronaldinho Gaúcho são jogadores que podem mudar a história da partida. ?São atletas que representam duas equipes que prestigiam o futebol bem jogado. Ambos dão um grande potencial ofensivo aos seus times?, concluiu.
O treinador festejou a vitória argentina sobre a seleção brasileira no Mundial Sub-20. E já está de olho em alguns jogadores daquela equipe, como Messi, Zabaleta e Cardozo. Eles podem estar em breve no grupo principal.
COPA DAS CONFEDERAÇÕES
FINAL
Súmula
Local: Waldstadion (Frankfurt-ALE)
Horário: 15h45 (de Brasília)
Juiz: Lubos Michel (ESL)
Assistentes: Roman Slysko (ESL) e Martin Balko (ESP)
BRASIL X ARGENTINA
Brasil
Dida, Cicinho, Lúcio Roque Júnior e Gilberto; Emerson, Zé Roberto, Kaká e Ronaldinho Gaúcho; Robinho e Adriano. Técnico: Carlos Alberto Parreira
Argentina
Lux, Coloccini, Samuel e Milito; Zanetti, Santana, Cambiasso, Riquelme e Sorín; Galetti (Tevez) e Figueiroa. Técnico: José Pekerman