Nuremberg, Alemanha – Jürgen Klinsmann está preocupado com o que pode acontecer hoje, no Frankenstadion, em Nuremberg. O técnico da Alemanha tem dúvidas de que a seleção brasileira esteja realmente cansada. E lamenta as críticas que o time de Parreira vem recebendo – sabe que os pentacampeões crescem muito quando são provocados.
Klinsmann não está errado. O Brasil chega à semifinal da Copa das Confederações, hoje, às 13 horas (horário de Brasília), em Nuremberg, com a motivação lá em cima – palavras do técnico Carlos Alberto Parreira.
"Os brasileiros não estão cansados. Foram muitos criticados na derrota para o México e agora estão mais motivados do que nunca. Para nós, seria muito bom se eles estivessem recebendo flores", revelou Klinsmann, depois do treino da Alemanha ontem.
Um dia antes, Parreira havia espalhado aos quatro cantos da Alemanha que a hora era do futebol brasileiro. E ontem o treinador do Brasil repetiu a história. "Não falei a palavra guerra para resumir o que será este jogo. Foram outras frases que, resumindo, mostram o nosso sentimento: agora é para valer. Chegamos à final. O Brasil veio aqui para ganhar", avisou Parreira.
Contra toda essa carga pesada anunciada por Klinsmann e o clima quente, abafado na cidade, Parreira prefere esconder a escalação do Brasil. Tem intenção de manter o mesmo time que abriu a Copa das Confederações contra a Grécia. Mas faz mistério. O "quarteto fantástico" deve ser mantido, mas Parreira não descarta uma alteração de última hora – Juninho Pernambucano no lugar de Robinho ou Adriano. Daria consistência na marcação e prejuízo na força do ataque.
Outra alteração, e bem viável, seria Léo na vaga de Gilberto na lateral-esquerda. O jogador do Santos, mais leve, dá mais velocidade no apoio ao ataque. Em contrapartida, Gilberto, mais robusto, suporta mais o tranco dos alemães na marcação.
Nas outras posições, voltam Dida, Roque Júnior e Emerson que não jogaram contra os japoneses.
Quem vencer hoje enfrenta o ganhador de Argentina e México, que jogam domingo, em Hanover. Se acontecer o empate entre Brasil e Alemanha, haverá prorrogação de 30 minutos. Nova igualdade leva a decisão para os pênaltis.
Jogadores conhecem bem o adversário
Nuremberg – Como parar Ballack, o principal jogador da seleção alemã? A pergunta se repetiu aos jogadores do Brasil sem trégua, ontem, em Nuremberg. Os mais questionados foram Roque Júnior, Lúcio, Zé Roberto e Juan, os quatro que jogam em clubes da Alemanha.
?É sempre assim, quando o Brasil enfrenta um grande adversário, já vem a pergunta: como parar este, aquele jogador? Agora é a vez do Ballack. Nunca nos perguntam como os adversários vão parar nossos atacantes?, comentou Roque Júnior. ?Ballack? É um grande jogador, arma bem, é bom de cabeça na área. Temos de ter cuidado.?
Roque Júnior defende o Bayer Leverkusen há um ano. Lembra que os alemães são muito aplicados e têm uma raça incomum.
Lúcio, parceiro de Roque na zaga da seleção, está na Alemanha desde 2001. Conhece todas as figurinhas carimbadas do futebol germânico. ?Conhecemos muito bem cada um deles, isso não quer dizer que vamos levar vantagem. Eles também sabem como nós jogamos?, disse o zagueiro do Bayern de Munique.
Zé Roberto, companheiro de Lúcio no Bayern, milita no país desde 1998. Passou do Leverkusen para o Munique. Joga na seleção há dez anos e também não vê vantagem alguma em ter familiaridade com os inimigos de hoje. ?Sabemos como eles jogam. Eles também. Não vejo vantagem para nenhum dos lados. O jogo vai ser difícil. A Alemanha está com a derrota de 2002 atravessada e quer dar o troco.?
Juan faz dupla com Roque Júnior no Leverkusen. Na seleção, também costuma jogar ao lado do parceiro de clube. ?Eu jogo aqui, estou acostumado com a torcida, estádios. Acaba sendo bom porque não vai haver violência, todos são conhecidos, quase amigos. Temos de cuidar do Ballack, maestro do time?, avisou.
Ballack agradece a consideração de Juan. Mas se jogar como mostrou no amistoso Alemanha e Brasil, em setembro de 2004, em Berlim, os brasileiros que se cuidem. Não jogou nada e bateu muito.
Seleção ignora provocação de jornais sensacionalistas
Nuremberg – A Alemanha tem alguns dos meios de comunicação mais importantes da Europa. Mas também jornais sensacionalistas, daqueles que conquistam público com reportagens escandalosas. Pois dois desses periódicos ?populares? publicaram ontem que jogadores brasileiros ficaram até mais tarde tomando caipirinha, na folga que Parreira lhes deu, na noite de quarta-feira, após o empate com o Japão.
?Isso é bobagem e nem vale a pena discutir?, afirmou Gilberto, que joga no Hertha Berlim e está acostumado a esse tipo de reportagem.
Argumentação idêntica foi usada por Roque Júnior. O capitão da seleção sorriu, ao ser informado de que jornais falavam de supostos abusos, deu de ombros e desdenhou. ?Aqui tem jornais que gostam de invadir a privacidade de todo mundo?, observou.
Já Emerson foi mais direto. ?Não vejo nada de mais alguém tomar uma cerveja, desde que esteja de folga e com autorização?, advertiu. ?Se acontecer algo fora do comum, quem tem de cobrar é o treinador, ninguém mais.?
Copa das Confederações
Semifinal
Árbitro – Carlos Chandía (CHI)
Local – Frankenstadion, em Nuremberg.
Horário – 13h
BRASIL x ALEMANHA
Brasil – Dida; Cicinho, Lúcio, Roque Júnior e Gilberto (Léo); Emerson, Zé Roberto, Kaká e Ronaldinho Gaúcho; Robinho e Adriano. Técnico: Carlos Alberto Parreira.
Alemanha – Lehmann, Fridrich, Mertesacker, Huth e Hitzlsperger; Ernest, Schneider, Fring e Ballack; Podolski e Kuranyi. Técnico: Jürgen Klinsmann.