Diego e Robinho. |
A Seleção Brasileira tenta hoje, contra o México, sua primeira vitória desde que Carlos Alberto Parreira reassumiu o comando técnico no início do ano. O amistoso será disputado no Estádio Jalisco, em Guadalajara, às 22h (horário de Brasília).
Até agora, Parreira dirigiu a Seleção em dois amistosos. No dia 12 de fevereiro, a equipe ficou no empate sem gols com a China, em . No dia 29 de março, no Estádio das Antas, no Porto, o Brasil acabou derrotado por Portugal por 2 a 1. O gol da vitória portuguesa foi marcado pelo brasileiro naturalizado português Deco.
Parreira teve vários desfalques para o amistoso contra o México. O lateral-esquerdo Roberto Carlos está suspenso pela Fifa. Ele foi expulso no amistoso contra Portugal por ter agredido o árbitro israelense Alon Yefet.
Outros três jogadores desfalcam a Seleção, mas estes por problemas médicos. O lateral-direito Cafu está com uma lesão no músculo adutor da coxa direita. Rivaldo também sentiu dores musculares durante o treinamento do Milan na última sexta-feira.
O problema com o goleiro Marcos causou mais polêmica. Um dia depois de ter falhado pelo menos três vezes na goleada de 7 a 2 para o Vitória, pela Copa do Brasil, o goleiro foi cortado. Segundo o departamento médico do Palmeiras, Marcos tinha bronquite e não poderia encarar a longa viagem até o México. Parreira estranhou a decisão e acabou criticando o goleiro.
As ausências acabaram abrindo as portas para novidades na seleções. A principal foi a convicação de Diego e Robinho, a dupla que comandou o Santos na conquista do Campeonato Brasileiro. Diego foi chamado logo na primeira convocação de Parreira. Robinho foi convocado para o lugar de Rivaldo.
Quem também ganha chance com os desfalques são os laterais Belleti e Júnior, que vão ocupar os lugares de Cafu e Roberto Carlos, respectivamente. No lugar de Rivaldo, Parreira deve escalar Amoroso. A outra dúvida é na zaga, entre Luisão e Juan.
No México, a grande ausência é o meia-atacante Cuauhtemoc Blanco, principal jogador do país. O técnico argentino Ricardo Lavolpe, goleiro reserva da seleção campeã mundial de 1978, justificou a não convocação de Blanco dizendo que quer observar outros atletas.
No entanto, Blanco também se envolveu em problemas com a Federação Mexicana de Futebol (FMF). Chamado apenas uma vez nos quatro amistosos em que o México foi dirigido por Lavolpe, o jogador ignorou a determinação da entidade para que não criticasse o esquema da seleção.
Outra ausência na seleção mexicana será a do meia Gerardo Torrado. O jogador, que atua no Sevilla, da primeira divisão espanhola, está com uma lesão muscular e não pode enfrentar a Seleção Brasileira.
Apesar das ausências, Lavolpe está confiante em um bom resultado:
“O México tem que jogar de igual para igual com o Brasil. Temos que tentar derrotar qualquer rival. Se queremos ser alguém no futebol mundial, temos que pensar e jogar desta maneira”.
Ronaldo vive dias de Pelé
AE
É era fim de noite de segunda-feira e um tumulto ocorre no hotel em que a seleção brasileira está concentrada, em Guadalajara. Uma senhora norte-americana, hospedada no mesmo local, assustada, pergunta: “Quem é, o que está acontecendo?”. A pessoa ao seu lado diz tratar-se de Ronaldo. Ela se espanta. “Oh, you are kidding (você está brincando)!” Até quem não gosta de futebol conhece o atacante brasileiro. No México ele é tão ou mais assediado do que Pelé foi durante a Copa de 70, dizem os mais “antigos” e os componentes da comissão técnica que participaram daquele mundial. Sua presença parou a cidade, tem de andar cercado por seguranças.
“É gostoso receber esse carinho”, garante Ronaldo. Tudo isso deve-se não só ao carisma que sempre teve, mas também às boas atuações que voltaram a fazer parte de seu cotidiano. Sorte de Carlos Alberto Parreira, que o elegeu como o grande líder do Brasil para o início da disputa das eliminatórias, em setembro.
Com a má fase de Rivaldo, Ronaldo passou a ser, de longe, o jogador mais importante da seleção, apesar da evolução de Ronaldinho Gaúcho. “O Ronaldo é hoje o grande nome do futebol mundial, é a referência, por tudo o que vem fazendo na Liga dos Campeões, no espanhol e pelo que fez no mundial”, avaliou Parreira, que contará com o atacante no amistoso de hoje, às 22 horas (horário de Brasília), diante do México, no estádio Jalisco.
Embora se sinta cansado em determinados momentos, Ronaldo gosta dessa badalação. Ontem, em concorrida entrevista coletiva, afirmou estar passando por um momento especial na carreira. Há uma semana, foi o herói da classificação do Real Madrid para a semifinal da Liga dos Campeões, ao fazer três gols contra o Machester, na Inglaterra. No Campeonato Espanhol, está perto do título. E na seleção, recuperou o prestígio.
“Estou vivendo um momento estável, marcando gols em quase todos os jogos. A equipe (do Real Madrid) está me ajudando bastante e espero que continue assim até o fim da temporada”, conta Ronaldo.
Só falta jogar com Parreira
Após um monte de elogios ao atacante, o treinador da seleção brasileira deu um puxão de orelha, em tom de brincadeira. Disse que está na hora de ele “estrear sob seu comando”. É que Ronaldo não jogou bem nos dois primeiros amistosos da “Era Parreira” (empate com a China por 0 a 0 e derrota para Portugal por 2 a 1). “Espero, então, estrear amanhã (hoje), porque não tive sorte com o Parreira como treinador”, afirma Ronaldo. Mas ele fez um alerta. É melhor ninguém esperar que repita a atuação diante do Manchester. Disse ter chegado exausto ao México. “Estou cansado foram mais de 13 horas de vôo, só tive uma noite para dormir nos últimos dias, além da mudança de horário”, avisa. Tarde demais. Os mexicanos prometem lotar o Jalisco para vê-lo em campo.
Robinho e Diego ganham pontos na estréia
AE – Diego e Robinho não serão titulares na partida desta noite contra o México. Deverão entrar no segundo tempo, mas já ganharam pontos no conceito do técnico Carlos Alberto Parreira e começam a aparecer com boas chances de ser utilizados durante as eliminatórias para a Copa da Alemanha. O treinador ficou satisfeito com o grau de maturidade que os jovens apresentaram nesses dois dias de convívio, apesar de ainda serem “molecões” fora de campo.
O amistoso no México tem vital importância para que os jogadores do Santos convençam Parreira de que já estão prontos para vestir a camisa brasileira. Até agora, vêm tendo sucesso, garantiu o comandante. “São dois jovens que foram convocados pela primeira vez e acredito que serão bem úteis num futuro próximo.” O comportamento do meia, de 18 anos, e do atacante, de 19, agradou à comissão técnica. Integram a delegação como se já tivessem experiência de muitos anos. E mostraram personalidade ao evitarem os “chavões” sempre muito utilizados pelos jogadores no futebol. “Estou feliz de ser convocado, mas quero jogar, quero mostrar que posso defender a seleção”, afirmou Diego. “Se entrar, vou dar minhas pedaladas”, disse Robinho, referindo-se ao drible que ficou “famoso” após a final do campeonato brasileiro, quando o aplicou em cima do corintiano Rogério.
O técnico do México, o argentino Ricardo Lavolpe, declarou, ontem, estar preocupado com a presença de Diego. Acredita que o atleta, por ser jovem e estar estreando na seleção, possa ser decisivo no amistoso, caso entre no segundo tempo. “É um jogador de muita técnica.”
Sempre juntos
Amigos inseparáveis. Nem na seleção Robinho e Diego ficam distantes um do outro. Estão no mesmo quarto e descem juntos para tomar café, almoçar e jantar. A rotina é a mesma do Santos, com uma exceção: o videogame. Durante a curta passagem pelo México, os dois abriram mão da interminável disputa que fazem no futebol do videogame durante as concentrações. É que não levaram o aparelho. Parreira e Zagallo não escondem o entusiasmo com a nova dupla. Zagallo, supersticioso, tem motivos de sobra para mostrar otimismo. Foi justamente em Guadalajara, em 1970, que ele e Parreira começaram uma parceria vitoriosa.