Rio de Janeiro – As 1.450 milhas náuticas, ou cerca de 2.600 km, que separam Melbourne, na Austrália, de Wellington, na Nova Zelândia, devolveram ao Brasil 1 a confiança. Ontem, o barco brasileiro completou em quarto lugar a terceira etapa da Volvo Ocean Race, a mais tradicional regata de volta ao mundo. Torben Grael e sua tripulação cruzaram a linha de chegada após quatro dias no mar, às 3h13min da madrugada no horário de Brasília.
"Foi uma etapa bem legal. Não tanto pelo resultado. Acho que podíamos ter ido melhor, perdemos algumas chances. Mas o que nos deixou mais contentes foram as condições difíceis que o barco agüentou. Nos deu mais confiança para a próxima perna. O barco se portou de maneira impecável, mostrou velocidade, enfrentou muitas ondas, bateu muito e não aconteceu nada", elogiou o comandante Torben ao chegar ao porto de Queens Wharf.
O fato foi bastante comemorado pelos velejadores, que enfrentaram contratempos com o barco na segunda perna. A equipe já teve de contornar problemas estruturais no convés, quebra de mastro e instabilidade na quilha basculante.
Dessa vez, o único dano da equipe ficou por conta de Torben Grael. Na primeira noite de velejada, ele foi derrubado por uma onda gigante. "Saíamos da baía de Port Phillip e, no calor da competição, estávamos sem cinto e uma onda enorme varreu o convés e arrastou o Andy e o Kiko. Quando caí, acabei deslocando o dedão. Fiquei apreensivo porque estamos indo para o Brasil e pensei que tivesse quebrado o dedo. E nunca quebrei nada na vida", comentou o bicampeão olímpico da classe Star.
Com isso, o timoneiro João Signorini, que fez cursos de primeiros-socorros para ser o enfermeiro da tripulação, teve seu primeiro paciente. "Foi a primeira intervenção médica da corrida. O dedo dele estava como um ponto de interrogação, mas consegui colocar no lugar. Foi tranqüilo. E dei o remédio certo, eu acho. Ele não sentiu dor e agora já está até voltando a mexer", lembrou. Por precaução, Torben fará um raio-x do dedão em Wellington.
A largada da próxima etapa está marcada para a noite de sábado no horário de Brasília.
Chegada emocionante
Rio – Outras tripulações, porém, não terão a mesma sorte. Os espanhóis do Movistar acabaram com o domínio holandês na Volvo Ocean Race 2005/06 ao vencer esta etapa, apenas nove segundos à frente do Holanda 1, na chegada mais emocionante da história da competição. Mesmo assim, alguns minutos depois da comemoração, a equipe da Espanha anunciou que tinha danos estruturais e teria de pagar a penalidade de duas horas e receber auxílio externo.
O terceiro colocado foi o Piratas do Caribe/EUA, que cruzou a linha de chegada três horas antes do Brasil 1. O quinto foi o Holanda 2, uma hora depois. Os holandeses travaram, nas últimas horas da etapa, uma batalha com o Ericsson pela colocação. Os suecos estavam 100 milhas atrás, mas recuperaram a desvantagem no último dia.
Mesmo assim, o Ericsson resolveu não terminar a prova. Precisando de reparos, o time preferiu pagar a penalidade de duas horas ainda na terceira etapa e abandonou temporariamente a competição a uma milha da linha de chegada.
O barco será reparado até sábado, quando o time deve completar a terceira perna e largar para a quarta.