Uma nova tendência pode tomar conta do futebol brasileiro. Times que têm grandes empresas por trás, atuando até como espécie de clube-empresa, como Bragantino e Brusque, por exemplo, devem ganhar cada vez mais força no cenário nacional. O Massa Bruta, apoiado pela multinacional de energéicos Red Bull, que conquistou na última terça-feira (5) o acesso à primeira divisão com cinco rodadas de antecedência e está liderando a Série B do Campeonato Brasileiro desde o início, promete incomodar os grandes. Quer também se tornar rapidamente a quinta força do futebol paulista.

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Os objetivos do Bragantino são ambiciosos. A intenção é investir R$ 200 milhões na próxima temporada, quando voltará à primeira divisão depois de 22 anos desde a sua última participação na elite do futebol nacional. Desde então, o Bragantino passou a ser um mero coadjuvante nas competições que disputou. Mesmo sem ter um passivo grande, comparado a outros clubes, o time paulista só conseguiu essa grande campanha neste ano depois do aporte financeiro dado pela Red Bull, a partir de abril.

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“O Bragantino tinha um passivo reduzido, um dos menores entre os clubes brasileiros. O problema era o investimento para montar o time. Não tínhamos dinheiro para investir. Poderíamos desaparecer ou ficar disputando somente campeonatos estaduais. Procurei a Red Bull e tudo o que combinamos deu certo. O projeto sempre foi muito transparente”, afirmou o presidente do Bragantino, Marco Chedid, em entrevista exclusiva à Tribuna.

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Os planos do Bragantino são ambiciosos e não vão parar por aqui. Na primeira divisão do Brasileirão do ano que vem, a ideia é construir um centro de treinamentos e aumentar a capacidade do estádio Nabi Abi-Chedid para 20 mil torcedores. O nome do time também deve mudar e o Massa Bruta deve passar a se chamar Red Bull Bragantino.

“Agora daqui para frente teremos grandes investimentos e o Bragantino será o quinto clube de São Paulo. Vai se tornar grande e a Red Bull vai eternizar o Bragantino no futebol. O investimento será em estrutura, na construção do centro de treinamento e ampliação do estádio. Além disso, teremos o planejamento para o próprio futebol”, emendou.

Jogadores do Bragantino comemoram acesso. Foto: Reprodução/Bragantino.
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Já no ano que vem, Chedid garantiu que o Bragantino vai brigar por uma vaga na Libertadores da América. A meta, aliás, é expandir a marca do clube e da empresa a nível internacional. “O objetivo principal é ir para a Libertadores, participar de competições internacionais pelo investimento e pelo planejamento que estamos fazendo”, contou.

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Outro exemplo

De forma diferente, mas não menos importante, o Brusque, campeão da Série D e com o acesso garantido à terceira divisão, teve o apoio fundamental da empresa Havan, que é a patrocinadora master da equipe catarinense. Aliás, o ‘Gamarra do Vale‘, como é tradicionalmente conhecido, já é um exemplo para o futebol de Santa Catarina, que vê seus principais times sofrendo nas Séries A e B do Campeonato Brasileiro.

O investimento neste ano foi de R$ 3,1 milhões, sendo grande parte da Havan. Há ainda a intenção da empresa de construir de uma arena em Brusque com a capacidade para 15 mil torcedores. A reportagem entrou em contato com o presidente do clube, Danilo Rezini, mas o mesmo não atendeu as ligações.

Brusque deve ter nova arena em parceria com a empresa Havan. Foto: Reprodução.

Tendência

Essa realidade do Bragantino pode ser uma tendência para clubes que queiram sair do anonimato e atingir patamares maiores no cenário do futebol brasileiro. “Essa parceria foi muito importante quando você olha a realidade do Bragantino, que não tinha capacidade de investimento, não tinha tanta dívida, que era de R$ 20 milhões e então, como a arrecadação era menor, ficava difícil de operar. Assim, passou a ganhar perspectiva de investimento, conseguiu fazer contratações, oferecer melhores salários e mais chances de competir em campo”, afirmou o jornalista especializado em negócios do esporte, Rodrigo Capelo.

Há uma discussão na Câmara dos Deputados para que os clubes de futebol se transformem em empresas. A Red Bull, por exemplo, comanda equipes na Áustria, na Alemanha e nos Estados Unidos, além dessa gestão do Bragantino. Assim, ao invés de associação sem fins lucrativos, modelo adotado por quase todos no país hoje, entrariam as sociedades anônimas ou limitadas.

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“Essa possibilidade está na mesa e o que a Red Bull mostra é que pode acontecer sem que haja uma lei nova. Já pode acontecer se as discussões de clube-empresa avançarem. O ambiente será mais favorável de investimento se mais clubes passarem por esse processo”, concluiu Capelo.