Glaucélio Abreu é declarado vencedor contra Edward Joseph, das ilhas virgens. |
O brasileiro Mike Carvalho, da categoria leve (-60kg), foi o primeiro a lutar e a vencer no Torneio Pré-Olímpico de Boxe, que começou ontem e prossegue até domingo, no Pavilhão 4 do Riocentro. Na estréia, Mike, de 20 anos, derrotou o canadense Antonin Decarie por 21 a 9. Natural de Belém do Pará, o lutador voltará ao ringue sexta-feira, quando enfrentará o mexicano Francisco Vargas que, ontem, superou o venezuelano Jose Morales por 21 a 19. Se vencer, Mike disputará a final e terá assegurada sua vaga olímpica, já que os finalistas da categoria garantirão presença em Atenas.
Na categoria meio-médio (-69kg), Marcos Costa também estreou vencendo na competição, ao superar Juan Zuniga, da Costa Rica, por 28 a 6. O lutador enfrentará Jean Prada, da Venezuela, hoje, pelas quarta-de-final.
Atual campeão brasileiro da leve, Mike Carvalho disse que pisou no ringue um pouco nervoso devido a responsabilidade de ser o primeiro brasileiro a lutar no pré-olímpico. “Senti o peso da estréia. Principalmente porque já havia perdido para este canadense na única vez que nos confrontamos, em Porto Rico, em 2002. Felizmente estava melhor preparado fisicamente”, disse Mike, que destacou o gancho de direita como o seu principal golpe.
Já Marcos Costa, medalhista de prata nos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo na categoria meio-médio, disse que começou o combate com pouca velocidade. “Por ser estréia, me senti um pouco lento. Na próxima luta o ritmo será outro”, prometeu.
Hoje, também a partir das 16h, outros brasileiros iniciam a disputa do pré-olímpico: Uelton Oliveira enfrenta o equatoriano Patrício Calero; Edelson Santos pega Alexandre Espinoza, da Venezuela, e Fabiano Astorino enfrenta Alexander Moorhead, das Ilhas Virgens.
Mais difícil
O pré-olímpico de boxe, não é dos mais fáceis, mas o Brasil vai tentar classificar pelo menos cinco boxeadores, para, ao lado do já classificado Alessandro Mattos, formar a equipe que irá representar o Brasil nos Jogos Olímpicos de Atenas. Desta forma, o Brasil igualaria o número de atletas das duas últimas edições olímpicas, Atlanta-96 e Sydney-2000, quando disputou com seis boxeadores.
Após os torneios classificatórios para Sydney-2000, garantir a vaga olímpica ficou ainda mais difícil. A diferença com relação ao sistema de classificação atual é que à época o boxe olímpico era praticado em 12 categorias, e agora em 11. E Cuba, potência mundial no boxe, não participava dos pré-olímpicos. O Pan-Americano de Santo Domingo, em agosto passado, e o pré-olímpico de Tijuana, no México, foram as duas competições onde os atletas das américas disputaram a vaga olímpica.
Em ambas as disputas foram distribuídas 20 vagas, cada. O meio-médio ligeiro Alessandro Mattos ficou com o segundo lugar em Tijuana, onde garantiu a vaga. Mesmo garantido em Atenas, Alessandro veio ao Rio com a equipe brasileira. Os atletas foram divididos em chaves dentro de suas categorias. Garantirão a vaga olímpica o campeão e o vice-campeão nas categorias mosca-ligeiro (-48kg), mosca (-51kg), galo (-54kg), pena (-57kg), leve (-60kg), meio-médio-ligeiro (-64kg), meio-médio (-69kg), médio (-75kg) e meio-pesado (-81kg). Somente o campeão nas categorias pesado (-91kg) e super-pesado (+91kg) estará classificado.
Glaucélio nas quartas-de-final
O brasileiro Glaucélio Abreu, da categoria médio (-75kg), superou, na terceira luta do programa do pré-olímpico Edward Joseph, das Ilhas Virgens Britânicas, por 28 a 10. O paraense de 26 anos, disse que foi uma luta tensa, de muita adrenalina. “O meu maior problema foi controlar a ansiedade da estréia”, comentou Glaucélio, que enfrentará Kirt Sinnette, de Trinidad Tobago, amanhã, pelas quartas-de-final. “Nunca lutei com o Kirt, mas acompanhei o seu treino no pré-olímpico do México e posso dizer que ele é muito manhoso”, afirmou.
Fora do eixo
Ao contrário do futebol, o boxe amador do Brasil não está concentrado no eixo Rio-São Paulo. Dos dez lutadores que participam do pré-olímpico, quatro são da Bahia, quatro do Pará e somente dois são paulistas. “A estrutura está no Rio de Janeiro e em São Paulo. Porém, o material humano está no Norte e no Nordeste”, afirmou Luís Dória.
Nos últimos anos, a Bahia teve sete campeões brasileiros e ainda revelou Popó. Já o Pará trouxe James Dean Pereira, medalha de bronze no pan de Santo Domingo, na categoria até 51kg.