O boxe ainda discute se, de última hora, vai aprovar a participação de boxeadores profissionais nos Jogos Olímpicos do Rio, encerrando a histórica autorização apenas a boxeadores amadores. Mas a modalidade já decidiu pelo menos uma mudança importante nas lutas masculinas: a abolição dos capacetes, obrigatórios no boxe amador desde os Jogos de Los Angeles, em 1984.

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Na tentativa de aproximar o boxe amador do profissional, a Associação Internacional de Boxe Amador (Aiba) tomou uma série de medidas ao longo do atual ciclo olímpico, incluindo a criação de duas ligas semiprofissionais. Mas a mais significativa delas foi a abolição dos capacetes, ligada também à mudança no sistema de pontuação.

Os vencedores deixaram de ser apontados a partir da contagem dos golpes certeiros na cabeça e passaram a ser decididos pelo mesmo sistema do boxe profissional: análise subjetiva de juízes a partir do desempenho de cada boxeador em cada um dos três rounds.

A retirada dos capacetes, entretanto, valia apenas para os torneios organizados pela Aiba, incluindo aí o Mundial Amador. Para que a medida fosse adotada também nos Jogos Olímpicos do Rio era necessária também a aprovação do Comitê Olímpico Internacional (COI), que disse que não vai interferir na vontade de Aiba.

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A entidade máxima do boxe amador garante que realizou estudos que comprovaram que a segurança dos atletas não corria risco, apontando que o número de cortes caiu com a abolição dos capacetes, que geravam essas lesões.

No feminino, entretanto, nada muda. A disputa, que entrou nos Jogos de Londres, em 2012, com apenas três categorias de peso (contra 10 no masculino), continuará exigindo a utilização de capacetes.

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POLÊMICA – Na semana passada, o presidente da Aiba, Ching-Kuo Wu, revelou que a entidade tem interesse em ter boxeadores profissionais já nos Jogos Olímpicos do Rio. A decisão envolve uma modificação estatutária da Aiba e precisaria ser aprovada em assembleia geral, que não vai acontecer antes de maio.

E isso está causando uma grande polêmica. Os profissionais poderiam participar apenas do último evento classificatório para o Rio-2016, o Pré-Olímpico Mundial, marcado para junho. Só que, até lá, a grande maioria dos boxeadores olímpicos já terá sido apontada.

Cuba, por exemplo, já tem boxeadores classificados para sete categorias e pode fechar o time no Pré-Olímpico das Américas, que acontece em março. Ou seja: teriam só amadores no Rio. Já os EUA só classificaram um amador até agora e podem levar até nove profissionais ao Pré-Olímpico Mundial e, depois, à Olimpíada. A medida, na prática, prejudicaria quem faz melhor trabalho no boxe amador.

Além disso, há o questionamento sobre a segurança dos atletas. O presidente do Conselho Mundial de Boxe, principal organização profissional, alega que haveria “incompatibilidades perigosas entre experientes lutadores profissionais e boxeadores amadores”.