Botafogo ganha do Vasco e conquista Taça Guanabara

Quem queria ver futebol bem jogado pode ter ficado decepcionado. Mas a final da Taça Guanabara entre Vasco e Botafogo trouxe os elementos usuais de uma decisão de título: muita luta, vigor físico e suor. E, claro, uma boa dose de polêmica, como não poderia faltar. No fim, vitória botafoguense por 1 a 0, com um gol de Lucas a 10 minutos do fim, para conquistar o título do primeiro turno do Campeonato Carioca e garantir uma vaga antecipada numa possível final da competição estadual.

A supremacia histórica em decisões estaduais dos botafoguenses sobre o rival prevaleceu mais uma vez. Em 10 confrontos por títulos, são nove sucessos do Botafogo. E, por ter conseguido melhor campanha na fase de classificação da Taça Guanabara, o Vasco ainda jogava neste domingo com a vantagem do empate, que fez valer até os 35 minutos do segundo tempo, com muita retranca e muita cera.

Mas, mesmo sem jogar bem, a experiência de jogadores importantes do lado botafoguense, como Seedorf, Bolívar e Jefferson, foi determinante para evitar que a equipe perdesse a calma mesmo quando os minutos escorriam pelo relógio. Sem vencer um turno do Campeonato Carioca desde 2004, o Vasco não consegue se livrar da pecha de time que fracassa em decisões, pelo menos no âmbito regional.

A vitória tem um peso enorme para o Botafogo, principalmente para o técnico Oswaldo de Oliveira, que entrou na temporada sob pressão da torcida, fruto da briga com o ídolo Loco Abreu – o atacante uruguaio deixou o clube às turras com o treinador e o restante do grupo.

Agora, Oswaldo de Oliveira ganha fôlego para a sequência da temporada, ao menos para a disputa da Taça Rio, quando um novo título transforma o Botafogo automaticamente no campeão carioca por antecipação, evitando a realização de uma grande final.

“Eu vi o Bolívar dominar e pedi a bola. Nunca marquei um gol como esse. Um dos mais importantes da minha carreira. Vou guardar com muito carinho”, disse Lucas, o herói da final deste domingo. “O Oswaldo conseguiu com muita tranquilidade fazer com que esse time jogasse o que a torcida esperava. Este título é dos jogadores”, elogiou o presidente do Botafogo, Maurício Assumpção. Coube ao novo ídolo Seedorf erguer a taça, como capitão de uma equipe que o tem como ponto de referência, dentro e fora de campo.

Os vascaínos serão mais uma vez alvo de dúvidas da torcida, que viu, preocupada, o desmonte do time do ano passado, em razão dos problemas financeiros. E certamente haverá reclamação por um gol invalidado, feito aos 37 minutos do segundo tempo, após marcação de impedimento.

O JOGO – A tensão deu o tom do primeiro tempo. Muita luta, muitos choques e poucas trocas de bola bem executadas. Como seria de se esperar, por causa da vantagem do empate na decisão, os vascaínos adotaram postura mais cautelosa. Nos primeiros 45 minutos, apenas uma única finalização do Vasco, na melhor oportunidade de gol até o Botafogo fazer 1 a 0. Mas Carlos Alberto perdeu na pequena área.

Com Seedorf bem marcado e Rafael Marques muito mal na função de pivô, o Botafogo não invadia a área adversária. Só o fez já aos 36 minutos, quando o zagueiro Bolívar apareceu no ataque e tabelou com o meia Fellype Gabriel, que chutou por cima do gol.

Oswaldo de Oliveira voltou para a segunda etapa com o atacante Vitinho no lugar do volante Marcelo Mattos. Mas pouco efeito surtiu. A paciência do treinador com Rafael Marques durou 20 minutos a mais do que a dos torcedores, que já xingavam o improdutivo atacante (20 jogos sem marcar com a camisa do Botafogo) quando saiu para a entrada de Bruno Mendes.

Um lance crucial aconteceu aos 31 minutos. Carlos Alberto emendou um lindo voleio em cruzamento do Bernardo, mas Jefferson fez ótima defesa. Logo depois, com o campo à sua disposição para avançar, o Botafogo saiu do sufoco. Bolívar pegou a sobra do cruzamento e rolou com carinho para Lucas, que chutou bem, colocado, no canto baixo de Alessandro: 1 a 0, aos 35.

Como polêmicas costumam marcar clássicos decisivos, este não poderia passar sem uma importante. Fellipe Bastos cobrou falta com potência, Jefferson deu rebote e Dedé colocou nas redes. Mas o impedimento foi marcado e o lance, anulado. Como reclamação não mexe o placar, o Botafogo segurou a última pressão do rival e foi campeão da Taça Guanabara.

FICHA TÉCNICA:

VASCO 0 X 1 BOTAFOGO

VASCO – Alessandro; Nei, Dedé, Renato Silva e Thiago Feltri (Fellipe Bastos); Abuda, Wendel (Romário), Pedro Ken e Bernardo (Dakson); Carlos Alberto e Eder Luís. Técnico – Gaúcho.

BOTAFOGO – Jefferson; Lucas, Bolívar, Dória e Júlio César; Marcelo Mattos (Vitinho), Gabriel, Fellype Gabriel, Seedorf e Lodeiro (André Bahia); Rafael Marques (Bruno Mendes). Técnico – Oswaldo de Oliveira.

GOL – Lucas, aos 35 minutos do segundo tempo.

ÁRBITRO – Wagner do Nascimento.

CARTÃO AMARELO – Wendel, Thiago Feltri, Eder Luís, Abuda e Carlos Alberto (Vasco); Marcelo Mattos, Jefferson e Seedorf (Botafogo).

RENDA – R$ 1.610.180,00.

PÚBLICO – 32.770 pagantes (39.400 presentes).

LOCAL – Estádio Engenhão, no Rio.

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