A diferença gritante entre os momentos vividos por Fluminense e Botafogo vai estar refletida nas arquibancadas do Engenhão, neste domingo, quando os históricos rivais se enfrentam, a partir das 16 horas, na finalíssima do Campeonato Carioca. Os setores leste e sul estarão repletos de tricolores. Os lados norte e oeste estarão pontuados por irredutíveis alvinegros. Reflexo da última semana, que deixou as Laranjeiras em êxtase e General Severiano em profunda depressão.
Os comandados de Abel Braga chegam para a disputa de seu 31.º título estadual com a confiança em alta, depois da goleada de 4 a 1 sobre o mesmo adversário, há uma semana, e do triunfo sobre o Internacional, pela Copa Libertadores, na última quinta-feira. A turma de Oswaldo de Oliveira pisa no gramado com os nervos em frangalhos, resultado da eliminação na Copa do Brasil diante do Vitória, um dia antes, e da necessidade de vencer por quatro gols de diferença. “Sofrer quatro gols em uma decisão abala, não há como negar”, admitiu o volante Renato, destacando a semana de pesadelo dos alvinegros.
No entanto, Abel Braga não crê que vá encontrar um oponente abatido ou de guarda baixa. Ele aposta nos brios dos jogadores adversários. “Até imagino quais serão as palavras do Oswaldo (na preleção). Não vai haver desânimo. Eles vão para a desforra”, disse o treinador tricolor. “Se acharmos que eles estão entregues, vamos nos dar mal”.
Oswaldo de Oliveira mantém o discurso da esperança. “É muito importante haver o convencimento coletivo e individual. Não é impossível. Todos os times têm exemplos como esse (de grandes viradas) em sua história”.
Se há uma vantagem alvinegra no confronto, o fato de ter contado com um dia a mais de descanso. Os tricolores tiveram uma partida exaustiva há três dias. “Estou extremamente desgastado mentalmente, imagina os jogadores”, comentou Abel Braga.
Mas a final do Campeonato Carioca vai ser mais do que um embate entre estados de espírito. Tanto de um lado quanto de outro as várias decisões seguidas cobrou um preço na forma de desfalques. O Fluminense perdeu o atacante Fred e o volante Valencia, com estiramentos musculares graves, e já não conta com Diguinho e Wellington Nem.
No Botafogo, Oswaldo de Oliveira tem dúvidas quanto a Fellype Gabriel, Marcelo Mattos e Antônio Carlos, além do vetado Andrezinho e do suspenso Lucas. A diferença nessa questão também é absurda e favorável aos tricolores. Enquanto Abel Braga tem o luxo de tirar do banco veteranos como Rafael Moura, Edinho, Jean e Rafael Sóbis, o técnico botafoguense tem de confiar em jovens não experimentados como Jadson e Gabriel.
Mesmo com tantos obstáculos diante de si, os alvinegros prometem dar o máximo para chocar os rivais com uma improvável goleada. “Ganhar de 1 a 0 ou perder de dois não faz diferença. Vamos para cima. Não queremos ficar marcados por ser um time covarde”, discursou Antônio Carlos.