Borges já não é mais jogador do Paraná Clube. Uma cláusula de sigilo obriga clube, empresários e jogador a não dar detalhes da transação, que só será concluída após a total recuperação do atacante, que vai mesmo para o futebol japonês. O artilheiro paranista, com 19 gols, sofreu uma lesão no joelho direito e segue em tratamento por mais duas semanas. A sexta-feira foi marcada por uma grande movimentação nos bastidores do clube. Em meio a muitas reuniões, empresários tentavam sair pela tangente e dissimular o andamento da transação.
?Não tem nada. Vamos esperar a abertura do mercado europeu?, disse Luiz Alberto Martins de Oliveira Filho. Visivelmente tensos, os representantes da L.A. Sports tentavam evitar o vazamento de informações. Principalmente diante do ocorrido no final de agosto, quando Borges chegou a se despedir dos companheiros, de malas prontas para o Real Betis. A transferência ?furou? e o atacante continuou balançando as redes no Brasileirão. ?De concreto, mesmo, é que ele tem contrato com o Paraná até 2008?, disse Luiz Alberto.
O presidente José Carlos de Miranda e o vice de futebol José Domingos, no entanto, confirmaram a transação.
?O Borges já assinou um pré-contrato. Só sei que ele está indo para o futebol japonês?, disse Miranda. ?Nós não sabemos para qual clube ele irá. A negociação foi feita com um empresário e há uma obrigatoriedade de sigilo?, explicou José Domingos. Essa ?lei do silêncio? só será quebrada, segundo o dirigente, após a conclusão da transferência. Isso ocorrerá no fim do mês, quando Borges estiver recuperado da lesão e apto para viajar ao Japão, onde realizará os exames médicos de praxe.
Dois representantes de clubes japoneses estiveram ontem em Curitiba. A disputa seria entre Kyoto Purple Sanga e Vegalta Sendai, equipes que disputam a segunda divisão japonesa. Especula-se que a transação giraria em torno de US$ 2,5 milhões. ?Só posso dizer que para o Paraná não é uma quantia tão significativa?, disse Miranda. O Tricolor tem direito, por força de contrato, a apenas 12% do valor final da negociação. Até onde se pode apurar, a única pendência estaria na questão salarial do atleta e no prazo do contrato entre Borges e o clube japonês.
Com a transação, Borges parte para uma nova etapa em sua carreira, que pode ser uma ?ponte? para o futebol europeu, grande sonho profissional do atleta. A maior fatia desta negociação caberá aos empresários. A L.A. Sports e Márcio Rivellino ?emplacam? a sua primeira grande transação, sendo que
o filho do craque da seleção brasileira fica com 40% e a empresa com 48% do valor final. ?Só lamento não ter fechado o ano na artilharia do Brasileiro. Quanto ao futuro, só sei que não há nada certo?, disse Borges antes de deixar a Vila.
Ainda não acabou. Meta é 6.º lugar
?Não é fim de feira, não.? Quem garante é o técnico Luiz Carlos Barbieri, que quer fechar o Brasileiro com uma vitória. ?A meta é o sexto lugar. Para isso, precisamos vencer?, sentenciou. O objetivo do Tricolor é somar os três pontos, torcendo por um tropeço do rival Atlético frente ao São Paulo, no Morumbi. ?Mesmo com desfalques, acredito nesse grupo.?
O técnico quer ?amarrar? Romário e garantir assim a condição de melhor defesa do Brasileiro. Hoje, o Paraná está empatado com o Internacional, com 48 gols sofridos. ?O Romário quer ser o artilheiro. Respeito sua história, mas vamos para esse jogo acreditando na força da nossa defesa. Temos zagueiros de alto nível, independente das muitas ausências?, frisou. Sem Marcos, Neguete e Aderaldo, o treinador repete o setor com Daniel Marques e João Paulo.
As mudanças ficam restritas ao meio-de-campo. Rafael Muçamba vai se revezar com Pierre na função de líbero, fazendo com que o Paraná se posicione no 3-5-2 quando estiver sendo atacado. ?Acho que evoluímos nessa formatação nos últimos jogos e acredito numa grande atuação.? A maior novidade fica por conta da escalação de Flávio Alex como referência de criação.
?Fui pego de surpresa, pois não estava sendo utilizado?, reconheceu o jogador. Barbieri destacou que praticamente todos os jogadores do elenco foram usados por ele e essa chance vale como incentivo para 2006, já que o meia tem contrato e será mantido no clube. O garoto foi contratado por indicação do então técnico Lori Sandri, mas foi pouco utilizado. Foi titular apenas duas vezes, contra Santos e São Paulo, em jogos realizados em Maringá.